domingo, 24 de setembro de 2017

MACÁRIO - Capítulo 18: "As inacreditáveis Noites Seguintes V"

Olá.
Estão acontecendo tantas coisas em minha vida, ultimamente, que não estou conseguindo levar a cabo os planos que tenho para este blog. Mas de um compromisso não é mais possível fugir: trazer aos meus 17 leitores um novo capítulo de meu folhetim ilustrado quinzenal, MACÁRIO. E hoje é dia de episódio inédito! Ainda vai demorar mais uns capítulos, mas uma grande reviravolta no enredo vai ser orquestrada. Até lá, só peço que continuem acompanhando.
ATENÇÃO: leitura terminantemente não recomendada para menores de 18 anos. Contém cenas de sexo, práticas sexuais exóticas, vampirismo e masturbação. E não venham me criticar como fizeram com a exposição Queermuseu no Santander Cultural de Porto Alegre: eu pelo menos avisei antes.



Foi com muita surpresa que reparei que, ao entrar no meu quarto... já não era mais o meu quarto.
Será sonho?
O meu quarto havia se transformado. Minha cama, meus móveis... haviam sumido. O lugar havia se transformado em... em...
Ei, não dá pra ver sob este nevoeiro!
Atravessei a porta e dei de cara com uma nuvem de vapor branco e espesso. Mas não era uma fumaça tóxica – sinal de que nem incêndio era. Parecia... uma fonte termal. O vapor era pura água.
Quando o vapor se dissipou um pouco, comecei a distinguir melhor o lugar. Pelo menos, o que havia no centro do lugar – em volta, não dava para ver o que é.
No centro do local, havia uma mesa. Uma mesa forrada, daquelas usadas em clínicas de massagem. E, sentada na mesa, havia uma garota. Eu quase não a reconheci, mas reconheci: era Andrômeda.
Ela estava apenas de calcinha e sutiã – não, espera, o que ela estava usando no busto não era um sutiã, era, tipo, uma faixa de esparadrapo enrolada em redor dos seios, imitando um sutiã sem alça. Calcinha do tipo fio dental, daquelas que não cobriam quase nada. Nos ombros, uma toalha. E seu cabelo era comprido e lanzudo, e era cinzento, quase prateado – como o de alguém que anteriormente tingiu cabelos brancos de preto, e a tintura começou a se desvanecer. Ela estava com esse penteado no quadro que o Marto Galvoni pintou dela. Então... o cabelo dela era assim mesmo? O que ela usava no bar, aquele mullet rosa, era uma peruca?!
- Oi, Macário. – ela me recebeu, sorrindo, e tirando a toalha dos ombros.
- A... Andrômeda?! É... é mesmo você?! – indaguei.
- Claro que sim, Macário. Andrômeda. Você deve estar confuso, né? É por causa do cabelo, né? – falou, mexendo no cabelo, naturalmente.
- Hã... quer dizer que o cabelo rosa, seu...
- Hum... sim, Macário. Aquele cabelo rosa que eu uso no bar é uma peruca, sim. O meu cabelo é assim mesmo. Por causa de uma experiência ruim. Bem, é uma história complicada. E não me pergunte nada agora, por favor. Mas agora, vamos falar de outros assuntos...
Queria perguntar mais a respeito do cabelo prateado, mas já tinha outra pergunta na fila.
- Bem... onde eu estou?
- Bem... digamos que este seja o meu... hum... o meu banheiro.
- Seu...? Ma-ma-ma-ma-mas... mas-mas-mas... mas como eu vim... como eu vim...?
- Explicações depois, meu amor.
O lugar estava densamente coberto de nevoeiro – e havia uma forte fragrância de lavanda diluída na água. Não se distinguia praticamente nada ao redor, mas dava para apreender que o lugar era amplo. Devo estar tendo outro sonho, como aquele com a Âmbar, em que eu vim parar no quarto dela.
Mas... se isto for sonho, eu não vou querer acordar agora: como Andrômeda é gostosa. A roupa íntima deixava evidente uns “pneuzinhos” na barriga, mas seu corpo era opulento, e cheio de curvas – fazia muito o tipo “renascentista”, do tipo que engordava fácil e estava sempre envolvido em dietas e exercícios. Uma Vênus de Botticelli com seios enormes e cabelos prateados. Como sempre faço nessas situações, comecei mordendo os lábios. Oh, não, acho que ela está vendo a ereção sob minha cueca, a única coisa que eu trajava ali. Só cueca e apanhador de sonhos.
- E o que eu... eu... – tentei perguntar, mas fui interrompido.
- Eu vou fazer uma massagem em você.
- Massa...?
- Ah, Macário, você trabalha muito, servindo a gente no bar, tendo de aturar a todos nós, que só vamos lá beber e falar besteira, quase todos os dias desde que nos conhecemos. Me deixe aliviar a  sua tensão, hoje. Você é tão solícito em nos atender, tão educado com as mulheres... Além disso, hoje é a minha vez de me divertir com você. A Âmbar não vai ficar com você só para ela...
Me assustei. Andrômeda soube do meu sonho?! Como?!
- A... Âmbar?! Que... hã... que Âmbar? A Âmbar...
- Vamos, Macário. Eu sei o que a Âmbar e você fizeram. Ela... hã... me contou depois de tudo o que ela bebeu. Digo, não sei se é verdade mesmo que vocês dois... Mas agora é minha vez. Vem, Macário, deite aqui na mesa.
E não me deixou falar mais nada, questionar mais nada. Me fez deitar na mesa de massagem. Deitei de bruços. Sentindo uma tensão. E com a certeza de que não tinha direito de perguntar nada. De só me deixar levar.
No início, fiquei chateado. Mas comecei, aos poucos, a esquecer tudo, no momento em que Andrômeda removeu minha cueca, tirou meu apanhador de sonhos do pescoço, colocou-o em cima de uma mesinha onde também estavam uns vidrinhos com líquidos translúcidos, e começou, com suas mãos besuntadas de óleo aromático, a passa-las em minhas costas. Suas mãos estavam mornas – talvez por causa do óleo frio – e aqueciam conforme ela passava nos meus músculos, e desciam pela curva das costas, pelas minhas nádegas, pelas minhas pernas. Foi muito relaxante. Fazia tempo que ninguém me fazia massagem nas costas. Estava mesmo precisado.
- Então, Macário? Isso não é bom? – ela perguntou.
- Aahhhhh... Sim, Andrômeda. Muito bom. Hummm... não sabia que você fazia massagens...
- Tem muita coisa a nosso respeito que você não sabe, e vai saber aos poucos.
- Por que não posso saber de tudo agora?
- É complicado, querido. Por hora, só aproveite o momento, viu? Vai ficar melhor ainda...
E dizendo isto, ela desenrolou a faixa dos seios, libertando-os. Ai meu Deus, que visão maravilhosa. Apesar de ser “gordinha”, Andrômeda tinha seios grandes... e firmes, na medida certa do desejo masculino – pelo menos, do meu. O “bernardão” ameaçava furar a mesa. Mas permaneci imóvel. Tentava me segurar, enquanto Andrômeda besuntava aqueles peitões maravilhosos com óleo. O que ela ia fazer?!
Ela subiu em cima da mesa e começou a... ah, eu devia saber.
Ela agora estava usando os seios para massagear as minhas costas. Só tinha visto algo assim em filmes eróticos, mas agora, no plano real... Que sensação incrível! Mais ou pouco e vou ataca-la garota, eu não vou me responsabilizar pelo que vai acontecer... Para tentar me controlar, eu tentava pensar em algo “broxante”, tipo, um gato morto em decomposição. Mas estava adiantando muito pouco.
- Aaah, Macário... Pra você deve ser delicioso. Tanto quanto está sendo para mim...
Aah, Macário, não acorde agora, seu filho da mãe... Se isto for sonho, não acorde no momento em que ela...
...ela me faz deitar de barriga para cima. E se impressiona com...
- Uau, Macário, que “cassetete” enorme!
- Andrômeda!...
- Você já deve estar chegando ao limite, não é mesmo? Já não deve estar aguentando mais... Ah, espere aí...
Ela levantou um instante, e removeu a calcinha. Oh, outra que depilava a virilha! E eu... tentando, a todo custo, imaginar o gato morto, para não “disparar” antes da hora... Mas o bichano insistia em continuar vivo... E aí...
Andrômeda, nua (ai, meu Deus, por favor, não me deixe acordar agora, não, não, não...), começa a massagear meu tórax, meu abdome, do mesmo jeito, e usando os seios... E, quando ela resolve fazer um “cachorro quente”, envolvendo a “salsicha” naqueles seios... e esfrega-los... e usar a boca...
Não, Andrômeda, a boca não, please... Pare... Aaahh, por favor, não passe a tua língua bifurcada, eu posso sentir as pontinhas passando pelo “picolé”, buscando o “recheio cremoso”... Não, Andrômeda, pare... Por favor, pare ou eu vou... Oh, please... nãããooooo...
Não consegui evitar... “Disparei” dentro de sua boca.
Acho que agora eu acordei do sonho...
Abro os olhos, ofegante, e ainda estou no mesmo local. E Andrômeda ainda está ali, nua, limpando a boca com uma toalha.
- Uau, Macário. Parece que fazia tempo que você não “descabelava o palhaço”, hein?
- Aah, Andrômeda... Você... você não devia ter feito isso, eu...
Bem, não era a primeira vez que eu “disparava minha pistola” na boca de uma garota que me aplicava um oral, mas fiquei muito envergonhado de ter feito isso com Andrômeda... Ela não merecia ter sujado a boca dela com meus fluidos imundos...
- Não se preocupe, Macário. Eu gostei que você fez isso... – ela falou, com um sorriso lascivo. Evidentemente, ela engoliu meu “leite”, com gosto. Que horror. Eu, pelo menos, não gosto de ver garotas com a boca suja de sêmen, saibam.
- Ugh... – sentei-me na mesa, ainda tremendo. E meu “cassetete” já perdeu parte da “rigidez”. Precisava de mais estímulo se quisesse prosseguir com a “brincadeira”.
- Ah, que pena, Macário... – falou Andrômeda, reparando e fazendo muxoxo. – Já murchou a sua “salsicha”... Aah, logo agora que a gente ia...
- Ungh... Me dê uns minutos para eu me recuperar, Andrômeda... você vai ver como depois o vigor volta...
Os peitões de Andrômeda já forneciam um estímulo necessário, mas...
- Espero que sim... Agora, enquanto você se “recupera”... você não gostaria de fazer uma massagem em mim também?
- E... eu?!
- Vocêêêêê... – disse, sibilante, já deitando na mesa, de costas.
Ai, Macário, seu sortudo filho da p(...) (desculpa, mãe), não acorde agora, seu desgraçado...
Procurei me acalmar. E, me servindo dos óleos aromáticos, fiz em Andrômeda a massagem que ela pediu. Primeiro, nas costas, e ela afastou o cabelo. Era esquisito, Andrômeda parecia ter pele sobrando, como se ela tivesse terminado uma dieta recentemente. Mas aquela pele era macia. Beeem macia, apesar de ser um tanto fria.
- Hmmm... gostooooso... – ela gemia, melifluamente. – Você também sabe fazer massagem, Macário... como eu não fiquei sabendo disso...
- Às vezes me pedem para fazer, também.
- Você sai com muitas garotas, não é? Quantas lhe pedem massagem?
- Bem... só umas três ou quatro me pediram. Mas foi o suficiente para eu aprender. Não sei se estou fazendo melhor do que você...
- Claro que está, Macário. Agora aqui...
E virou de barriga para cima. Aah, que visão maravilhosa... Controle-se, Macário. Pegue leve, não ataque esses seios agora... Vai devagar... só massageie. Conheça o terreno, primeiro. Sinta a textura, a maciez, a rigidez dos bicos... Veja como ela estremece de prazer ao ter os seios acariciados... Oh, não, o meu “vigésimo primeiro dedo” já começava a ficar “em riste” de novo...
- Hmmm, Macário... – ela falou, melifluamente. – Eu sabia que você queria.
- Queria o quê?
- Meus seios. Não pense que eu não notei seu “olhão” nos meus seios, durante a exposição... – ela deu outro sorriso de lascívia.
- Eu... eu só estava comparando com o retrato...
- Ao vivo, é melhor, não é?
- Muito melhor.
- Pode chupar, se quiser.
- Hein?!
- Vai, Macário, sirva-se.
E não me fiz de rogado. Passei a boca e a língua nos “melões”.
- Hummm... Aaahhhhh... – ela estremecia, até salivava.
- Que delícia... – eu sussurrava de boca cheia.
- Viu só, Macário?! Hmmm... não é só a Âmbar que tem peitos gostosos, hein? Eu sou muito melhor, né?
- Espere, Andrômeda. Não vou tirar conclusões agora. Ainda tem uma parte a ser avaliada...
E já desci a mão em seu abdômen, e descendo ainda mais, e, depois de tropeçar no umbigo, fui passando a mão na “parte censurada”. E, só com a minha mão, Andrômeda ficou doidona. A virilha sem pelos era bem sensível. Estremeceu toda, até mesmo salivou, pôs a língua bifurcada para fora, enquanto eu massageava a sua... Vocês sabem. Ela fez uma excitante expressão de mulher safada.
- Aai, Macário, não faz isso... tira a mão daí ou... ah, ahh, AAAAAHHH...
Puxa, como ela é sensível. Não fiz quase nada e ela gozou. Ela ficou ofegante, e tremia muito. Foi recuperando o ar perdido aos poucos.
- E aí?
- Não, Macário. Não era para fazer isso...
- Eu também disse para você não fazer o que fez, e você fez...
- Não, Macário... não com a mão... com a mão não tem graça... Eu quero um dedo aí, sim, mas é o teu “vigésimo primeiro” dedo...
É, vocês podem estar achando estranhos esses diálogos, mas é assim mesmo.
E, mais uma vez, não me contive. Ela queria o “serviço completo”, então vou lhe dar o “serviço completo”. Ela já ia abrindo as pernas grossas para mim. Era o estímulo que faltava para o vigor voltar com força total!!! Mas, quando eu já ia penetrar, me contive:
- Você... tem camisinha?
- Não precisa, Macário. Hoje eu não estou no período fértil. E não tenho nenhuma doença venérea, juro. Vai, sem medo de ser feliz.
- Está bem.
E, outra vez, teve “cachorro quente”, agora com outro tipo de “pão” envolvendo a “salsicha” (sacaram?).
Aahhh... e é tão bom... Tão quente... Tão... Tão!...
Já estava difícil avaliar quem era a melhor garota. Créssida, Viridiana, Valtéria, Loreta, Maura, Geórgia... Âmbar... Andrômeda. Mas esta última, certamente, não queria perder pra nenhuma outra. Se eu fosse mais canalha, Andrômeda já teria ganho de todas as outras.
- Aaahh, Andrômeda... você é a realização das mais profundas fantasias masculinas!...
- Aaai, Macário... Você é bem como eu imaginava... Fala mais coisas sujas no meu ouvido... fala... aaahh...
- Aaahhhhh, Andrômedaaaahhhhh...
E, para não me estender muito, basta dizer que foram cinco vezes. Eu por cima, depois de bruços, de “cachorrinho”, depois nós dois sentados, ela em cima de mim... Fizemos a festa em meio àquele nevoeiro. Não duvido que nosso suor, vaporizado, tenha se juntado à nuvem que nos cobria. Na última, Andrômeda foi por cima, me cavalgando quase da mesma forma como cavalgava aquele javali do quadro.
- Não para, Macário... Aaahhh... Eu quero você pra mim... A Âmbar não vai ficar com você só pra ela... Aaaahhhhh...
- Aaah, Andrômeda... Eu queria vir ao seu banheiro todos os dias... hmmm...
- Aaah, Macário... AAAAHHHH, Macário!...
E, no momento em que ela sentia o orgasmo... E o meu jorrava, praticamente me esvaziando enquanto eu “enchia” ela...
De repente, Andrômeda começou a apertar fortemente meus braços, e ela começou a assumir uma aparência assustadora... Seus olhos ficaram vermelhos, muito vermelhos. E apareceram dois dentes pontiagudos em sua boca...
- Macário, eu quero mais!!!...
E, de repente, antes que eu pudesse reagir, Andrômeda avançou em meu pescoço, e me mordeu com muita força... E começou a sugar meu sangue... começou a beber meu sangue com gula, voracidade, selvageria...
Ela ia me esvaziar... eu já sentia que não tinha mais sangue no corpo...
Ela sugou todo o meu sangueeeeee...

E acordei, assustado, mais uma vez.
E estava no meu quarto.
Estava vivo novamente!
E estava pelado sobre a cama, novamente!
Só de apanhador de sonhos!
A primeira coisa que fiz, ao me levantar, trêmulo, foi correr até o banheiro. E ver no espelho se...
Não. Não havia nova marca de mordida no meu pescoço. Nenhuma além daquela que já estava ali.
Então, foi sonho. De novo.
Mas, tal como da outra vez, eu estava me sentindo fraco. Fui comer alguma coisa na cozinha, nu. Mas o que havia sobrado, mesmo, de comida pronta, era um pacote de biscoitos e uma caixa de leite. Que acabei devorando, inteirinhos. Estava fraco demais para cozinhar.
Já estava me sentindo melhor. Mas muito, muito frustrado.
Aconteceu de novo: eu transei em sonhos com uma das “monstras”. Uma transa boa demais para ser verdade.
E, tal como da outra vez, fui tomar uma chuveirada para acordar e... ao relembrar daquela sensação tão boa, tão agradável, acabei “descascando uma mandioquinha” sob a água do chuveiro, pouco me importando com uma congestão, por estar me masturbando depois de comer.
Aah, Andrômeda... Você é tão gostosa... Pena que não foi real... E só de lembrar que você chupou meu sangue... Me tratou como um suco de caixinha, matei sua sede e depois você me descartou...
Aaahh, droga, droga, droga...
Saí do banho. E me dirigi ao meu quarto, colocar minha roupa. Meu quarto parecia normal. E, aparentemente, eu dormi nu sobre a colcha, e... oh, não, ela estava, sim, emporcalhada. Aah, vou ter de lavar... sou um porco que pensa mais em sexo do que em outras coisas, mesmo. Que horas são? Ah, já são cinco horas da tarde, segundo meu despertador!
Me vesti. Bem, hoje é sábado. Estava dispensado do serviço até segunda-feira. Posso dormir até segunda-feira, se quiser. Mas, antes... vou ter de ir ao mercado, fazer compras. Minha comida já estava no fim. Não tem jeito. E, quando eu voltar, vou fazer faxina no apartamento, faz tempo que eu sequer limpava o banheiro. Vai que alguma garota – real – resolva me procurar. Ultimamente tem chovido mulher, no plano real e no dos meus sonhos... Se isso tudo, é claro, não for puramente plano dos sonhos.
Quando eu já ia saindo, eis que deparo, com surpresa, no tanque da área de serviço: mais uma calcinha. Era o fio dental que Andrômeda estava usando!
E, mais uma vez, fiquei questionando minha sanidade.

Cabisbaixo, a sacola ecológica na mão, andei insensivelmente até o supermercado mais próximo do meu prédio.
Eu devo estar enlouquecendo. Tinha quase certeza que a transa com Andrômeda foi sonho, mas os indícios de que foi real eram muito fortes.
Andrômeda e Âmbar deveriam manipular alguma magia que fazia com que eu fosse parar nos seus quartos. E alguma outra que me ressuscitava, depois que elas me matavam. Só podia ser essa a explicação para toda essa loucura. As transas são reais. Ou era o meu cérebro que estava virando geleia.
Ali, no mercado, diante das gôndolas cheias de caixas, pacotes e vidros, eu mal conseguia me concentrar nas compras. Sabia o que eu tinha de comprar, mas não conseguia me concentrar. Ficava com a mente vagando, tentando encontrar alguma explicação. Precisei esbofetear um pouco o meu rosto. E, agora sim, posso me concentrar nas compras.
Empurrando um carrinho, fui procurando pelas prateleiras os itens mais baratos entre os básicos – meu pagamento deve chegar nos próximos dias, e vai ter de haver um aumento, visto o muito que tenho trabalhado naquelas madrugadas. Pão, leite, queijo, um saquinho de arroz, um saquinho de açúcar, ovos, macarrão, café, algumas frutas, um pouco de carne... Céus, tudo anda caro por esses dias. E não era dia de promoção.
De repente, quando eu ia pegar mais uma caixa de leite (costumo estocar até seis no armário), minha mão esbarra na de alguém.
- Ops! Perdão, eu... – já ia me desculpando, quando ouvi:
- Ah, Macário.
Era Geórgia, usando um conjunto de moletom e tênis, muito casual.
- Geórgia.
- Fazendo compras também?
- Pois é... a comida lá de casa terminou. Ainda bem que o supermercado não fecha no sábado à tarde...
- Que bom, né? Eu também estou aqui, fazendo umas comprinhas.
- Sim... É preciso.
E nos afastamos, temporariamente. Fui terminar minhas compras, passar no caixa pagar, colocar as compras na minha bolsa ecológica (é, eu uso aquelas bolsas reutilizáveis que dispensam o uso das sacolinhas plásticas, também tenho minha consciência ecológica)... e só aí poderia conversar mais tranquilamente com Geórgia, que saiu quase ao mesmo tempo que eu, levando sua sacola reutilizável de compras (oras, ela também usava dessas sacolas). Com aquele conjunto de moletom, feito para corrida (será que ela estava praticando esporte antes de ir ao mercado?), Geórgia parecia uma garota mais... comum. Mas nada de dominar aquela juba, que ajudava até a esconder o curativo na testa.
- E aí, Macário, como foi de ontem para hoje? – ela foi a primeira a quebrar o silêncio.
- Meio frustrante. O público se divertindo, e eu tendo de pegar no pesado.
- É, eu reparei. Coitado, Macário. Se matando de fazer drinques... Mas você é muito dedicado, sabia?
- É trabalho, é melhor levar a sério, aí fica bom para todo mundo. Mas e quanto a você? Se divertiu também?
- Aah, Macário... Ontem foi, como direi? Foi mágico. – disse, fazendo uma expressão apaixonada.
- Mágico como?
- Sabe, Macário... parece que conquistei dois homens na noite passada.
- Dois?! Mas eu só te vi flertando com um!
- É, eu meio que vi que você estava me vendo, no balcão, com aquele gostosão da tatuagem no rosto.
Oh, não, pelo jeito ela foi hipnotizada. O Breevort, “gostosão”?!
- Vamos sentar ali no banco, que eu conto tudo.
Estávamos passando por uma pracinha. Bem, para podermos conversar, teríamos de descansar um pouco – ambos estávamos com as sacolas cheias, pesadas.
- Bem, eu estava meio deslocada naquela multidão esquisita, Macário. – Geórgia começou a contar. – Que gente esquisita você anda atendendo ultimamente, Macário.
- Concordo contigo.
- É, aquele pessoal todo de cabelos coloridos ou raspados de forma estranha, piercings, casacões, tatuagens... Aquilo lá nem parecia uma exposição de arte, parecia um festival de punk rock. Digo... os desenhos que estavam expostos eram muito punk rock... Aquilo tudo é capa de disco de rock, não é arte de galeria.
- Bem, mas você estava com uma roupa adequada para a ocasião, não estava? Eu pelo menos achei que estava.
- É, estava. Mas e quanto aquelas garotas que estavam falando com você ontem?
- Bem... – fiquei vermelho.
- Uma delas era a “perua” que te deu o celular, certo?
- Hã... não. A... a “perua” não estava entre elas.
- Sei... – fez um olhar de que sabia que era mentira.
- Sério. E, bem, elas...
- Elas todas eram realmente muito bonitas. O corpo delas também era bonito.
- Você achou?
- Vai dizer que você também não achou?!
- Achar, achei sim. O que eu queria saber é o que elas viram em um humilde garçom como eu. Eu só estava vendo os quadros e elas queriam tirar uma casquinha deste seu criado.
- Você parece que não está acostumado a ter garotas a seus pés, Macário.
- É que eu preferia tentar conquista-las, não tê-las meio que de mão beijada, caindo nos meus braços. Eu não sou tão atraente assim, sou? Não sou como o galã da novela das oito, Geórgia.
- Não tente bancar o modesto, Macário. – e deu uma risadinha.
- Bem! Mas, mudando de assunto! Voltemos a falar de você, e da festa. Como foi pra você até o momento em que o cara da tatuagem flertou contigo?!
- Bem... eu nem sabia com quem falar, mostrar meus poemas... Estavam todos mais interessados nas capas de disco, digo, nos quadros, e eu meio que entrei de gaiata no navio... E aí... chegou aquele bonitão da tatuagem. Não sei ao certo o que houve, Macário. Digo, se me perguntar o que eu vi nele... Eu não sei te dizer. Só sei dizer que... Bem... Ele é bonito. Selvagem. Magnético. Aquela tatuagem no rosto... E uma disposição para proteger. Você conhece ele? Porque ele disse que conhece você.
- Conhecer, só conheço de vista. Nem um nem outro sabemos da vida um do outro. Ele sabe meu nome, como todo mundo sabe meu nome lá.
- Mas você sabe o nome dele?
- Sei... Ué? Ele não te disse que o nome dele é Breevort?
- Breevort... ah, é. Ele disse algo assim, mas achei que fosse outra língua. Então é Breevort o nome dele? Uau, combina com o jeito dele.
- Também acho. Do tipo que... hum... se pudesse... caçaria criminosos.
- Não creio, Macário. Ele parecia um cara legal. Romântico. Manso. O outro que parecia mais agressivo, mas um cavalheiro.
- O outro quem?
- O Mano... Malto... Marco... o... oh, Macário, sabe o nome do artista que estava expondo?!
- Oh! É... Marto Galvoni.
- Marto Galvoni?
- Italiano.
- Uau... italiano, ainda por cima? – ela fez uma nova expressão apaixonada. – Puxa... ele não disse que era italiano... ele fala português fluentemente...
- Geórgia? Não me diga que...
- Espere, Macário. Deixe eu contar com calma. Então, primeiro, foi o tal de Breevort quem me abordou, jogando um papo e um charme para cima de mim. Ele até me pagou um drinque. E ficamos tendo um flerte. Aí... ele saiu um instante para ir ao banheiro. E, nesse momento, fui abordado pelo italiano.
- O Galvoni...
- Foi uns minutos antes de começar aquela pintura. Ele deve ter notado que eu era diferente daquelas garotas todas. Você não viu porque estava de costas, fazendo drinques. O cara pediu até para olhar os meus poemas. E depois... O Breevort voltou do banheiro, e o italiano se afastou. Foi pintar. E o Breevort e eu nos aproximamos para olhar... E vimos que foi o seu retrato que ele pintou...
- Pois é... e ele me deu esse quadro de presente.
- Sério? Puxa. Bem, aí, o Breevort se ofereceu para me levar para casa, e eu aceitei, talvez pintasse um clima... Ia ver se ele era bom de cama... Saímos do bar, fomos andando na rua, conversando, mas, ao chegarmos na minha casa, quando parecia que ele ia aceitar entrar para ver minha coleção de livros de poemas da Florbela Espanca... (risos) o celular dele tocou, ele atendeu... E disse que teria de ir embora, que tinha um assunto urgente para resolver. E de deixou ali, em frente à minha casa.
- Assunto a resolver?!
- Foi o que ele disse. Mas não fiquei tão chateada assim. Antes de ir embora, ele me deu um cartão de visitas, com o telefone dele. Disse que queria conversar mais, marcar um encontro...
- Puxa.
- Mas aí, quando eu ia deitar e dormir, e eu abro minha pasta, encontro outro cartão dentro. Era o telefone do italiano! Hesitei um pouco, mas resolvi ligar. E ele atendeu!
- Repuxa.
- Pois é... e ele conversou comigo, e me convidou para tomar café da manhã com ele.
- E... você aceitou?
- Aceitei. E ele nem parecia ter virado a noite, hein?
- E a que horas foi?
- Eram nove da manhã. Foi no apartamento dele. Digo, no apartamento onde ele estava hospedado, na verdade. Ele está em um quarto de hotel. Não um hotel de luxo, daqueles bem simples. Em uma pousada aqui perto, sabe aquela que tem uns chalés meio vagabundos, com a pintura descascando, ali na saída da cidade? Ele disse que foi o único quarto que encontrou em toda cidade. E apesar de todo dinheiro que ele ganhou... Acho que foi, na verdade, o único hotel que aceitou hospedá-lo. Quem iria imaginar...
- Recontrapuxa.
- Ele quis me conhecer melhor. Pediu para eu levar uns poemas para ele ver, e ele fez um café da manhã, e ele cozinha bem, diga-se de passagem, e tivemos uma conversa, e...
- E... e não rolou nada?
Geórgia hesitou um pouco, e depois respondeu:
- Não... Não rolou nada, na verdade. Ele disse que estava ocupado, estava pintando de novo. O quarto estava meio bagunçado, cheio de telas, papéis, tinta, mas ele havia colocado plástico nas paredes e no chão... Mas ele disse que queria manter contato comigo. Disse que eu sou uma garota diferente das outras. Que ele não havia conhecido ninguém igual. Que até se dispunha a me ajudar a publicar um livro de poemas... Aah... – e fez de novo aquela expressão sonhadora.
- Que esquisito. – foi o que pude dizer.
- Mas acho que criamos um triângulo amoroso, Macário. Agora há pouco, o Breevort me ligou.
- O... o Breevort?
- É. Ele marcou um encontro para esta noite.
- Encontro?!
- Encontro. Legal, né? Acho que eu vou. Mas acho que vou revezar com o italiano. Quero ver onde isso vai dar... agora eu que vou ser Macário, hein? Ah, ah...
- Geórgia... – ia falar, mas ela me cortou:
- Que foi, Macário, por que está me olhando assim? Está com ciúme?
Eu estava fazendo expressão ciumenta? Não percebi...
- Ciúme, eu?! Que é isso, Geórgia. Ambos somos livres, não temos compromisso.
- Oras, mas eu notei, e não pense que eu não notei, uma pontinha de ciúme. Você estava me vigiando no bar e... bem, notei um mal estar enquanto eu contava a história...
- Mal estar? Eu?! Que é isso, Geórgia. Não é o que você pensa. Eu... estou é... estou feliz que você tenha superado a sua crise. Digo, você sofreu esta semana. Foi roubada, perseguida por cães, aí recupera a bolsa e agora tem dois homens à sua espreita... Se estou com ciúme é pelo fato de eu ter sido só mais um na sua vida, como se a noite que passamos não tivesse significado nada... Digo... não que quiséssemos que rolasse algo entre nós, mas, você entende. E... Só penso que tudo isso parece estar, de alguma forma, ligado.
- Ligado? Como assim?
- Hum... bem, é complicado. E, bem, eu não quero atrapalhar seus compromissos. Você foi às compras, eu também... Você tem compromisso esta noite... e eu não. Mas não quero atrapalhar.
- Bem... não rola nada, né, Macário? Nem tem como... Que chato pra você, hein?
- Não...
- Mas deixe, Macário. Acho que vai ter garota hoje, quando você menos esperar, né? Claro que vai, costuma ser assim, eu te conheço...
- Geórgia.
- Mas... Macário, se quiser conversar comigo em alguma hora que precisar de alguém para conversar... Meu telefone é este. Você tem um telefone novo, pode ligar.
E tirou do bolso do moletom um papelzinho com seu nome e telefone.
Nos despedimos. E voltamos para nossas casas, nossos respectivos compromissos. Ela com seu encontro. Eu... com meu apartamento, que precisava ser limpo.

Para distrair minha mente, tirei a noite de sábado para fazer faxina no apartamento. Varrer o chão, lavar os pratos e a pia, desengordurar o fogão, lavar roupa (incluindo a colcha emporcalhada e a calcinha nova), que teria de passar a noite no varal, limpar o banheiro.
Enquanto eu esfregava o vaso sanitário, com luvas de borracha nas mãos, escova e desinfetante, eu pensava em tudo o que estava acontecendo. Tinha muita coisa estranha nessa história.
Para começar, no que Geórgia contou. Que estranho, o Marto Galvoni, que havia ganho um bom dinheiro com aquela exposição, e que, pelo jeito, ganhava muito dinheiro com seu ofício – para se dar ao luxo de fazer viagens constantes entre Europa e América – estivesse hospedado em um quarto de hotel barato, ainda que estivesse só de passagem pela cidade. E o Luce, que, evidentemente era rico, não se dispôs a pagar um quarto de hotel de luxo para ele, já que foi ele quem praticamente organizou a exposição?! E, mesmo em um quarto barato, o italiano se dispôs a convidar uma garota só para tomar café da manhã com ele...
Mas o que criava maior apreensão era uma série de teorias.
Já começava a imaginar que fora Breevort quem, num ato de justiça com as próprias mãos, recuperara a bolsa de Geórgia e decepara a orelha do ladrão, o menino Maicon. E ainda deu a ela a orelha do ladrãozinho de presente, e deixou claro que queria vê-la de novo. Mas uma nova teoria apareceu. A teoria de que o justiceiro poderia ser o italiano. Afinal, Marto Galvoni também se encaixava na descrição dada pelo menino: careca, alto, unhas compridas, tatuagem no rosto. E ambos flertaram com a vítima do assalto, no mesmo evento. Então, poderia ser um deles: Breevort ou Galvoni. Ambos pareciam tipos agressivos. Mas Breevort parecia ser um sujeito pleno de autocontrole, enquanto Galvoni tinha um semblante de arrogância. E seus desenhos eram demonstrações de violência, de certa forma.
Tem muita coisa que não faz sentido.
Luce falou que os monstros iriam fazer uma excursão no final de semana! Só iriam voltar na quarta-feira. Não estariam na cidade, ele e sua patota. Mas... será que Breevort resolveu não ir com eles? Afinal, em princípio, ele podia tomar suas próprias decisões. Podia pedir para ficar. Bem, não sei ao certo como eram as reais relações entre os membros do grupo de Luce, mas...
É, e talvez tenha sido sonho mesmo o fato de eu ter transado com Andrômeda. A menos que ela também tenha pedido para ficar na cidade...
Minha mente já estava virando geleia. Tantas teorias. Poucas respostas.
Depois de limpar todo banheiro, tomei mais um banho (lavar banheiro faz suar). Acho que agora vou deitar e dormir pra valer...
Aí, meu olhar encontra aquele celular novo que ganhei de Âmbar. De repente, me bateu uma tentação: ligar para ela, pedir uma explicação para o que estava acontecendo. Peguei o celular, sentei no sofá. E fiquei um bom tempo olhando para aquele aparelhinho, aquela tela preta que, ao pressionar de um botão, ficava colorida e... ah... ligo para Âmbar? Falo com ela? Será que o MC Claus não está por perto para ouvir nossa conversa? Ligo? Espero mais um pouco? Ligo?...
Depois de longos minutos de hesitação... resolvo deixar o celular de lado. Dá para esperar um pouco. Estavam todos em viagem. Dá para aguardar um pouco...
Pensei em ligar para os meus pais, para testar o celular. Mas talvez Âmbar quisesse que a primeira pessoa para quem eu ligasse fosse ela... Ah, melhor deixar esse assunto de lado. Amanhã eu tomo uma decisão... Vou dormir, mesmo. Preciso dormir. Dormir...
Tirei a calça e deixei no tanque. E, de cueca e apanhador de sonhos, abri a porta do quarto. Mas, quando  passei pela porta...
Senti como se tivesse pisado em falso em um degrau e caído em um buraco.
E não conseguia respirar.
Afinal, eu caí na água...

Peraí... água?!

Próximo episódio, se tudo correr bem, em 15 dias.
Até aqui, como estou me saindo como romancista? Estou sendo muito transgressor? Estou chocando muito? Não estou chocando? Pelo menos estão gostando? Ou não?! Ao menos, deixem sua opinião nos comentários!
Aguardem novidades. Devo colocar meus assuntos particulares nos eixos, e aí, veremos o que acontecerá. Mas não vou deixar meus 17 leitores na mão, como muitos blogueiros fazem, ou fizeram. Podem deixar anotado.
Até mais!

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