quarta-feira, 11 de outubro de 2017

ALMANAQUE HERÓIS DO ANIME - De uma editora que já teve dias melhores...

Olá.
No momento em que esta postagem entra no ar, estamos na proximidade do Dia das Crianças, no Brasil. E, pensando no público que aprecia mídias que, até algum tempo atrás, eram consideradas “coisa de criança”, como histórias em quadrinhos e desenhos animados, hoje vou resenhar mais um livro sobre o tema. Outro livro sobre cultura pop – japonesa – lançado pela editora Discovery Publicações. Lançado, se não estou enganado, há mais de um ano. E é uma das publicações menos bem cuidadas dessa editora – já explico.
Eis aqui o ALMANAQUE HERÓIS DO ANIME.

Vamos nos referir a este livro, mesmo, como ALMANAQUE HERÓIS DO ANIME, embora, internamente, conste o nome Heróis do Anime II, e também possa ser referido como 100 dúvidas sobre Os Cavaleiros do Zodíaco. Esta publicação está devendo uma série de explicações a quem lhe comprou.
Como todos os livros da Discovery lançados em bancas, o livro tem 80 páginas sem contar a capa cartonada, páginas coloridas, muitas ilustrações de divulgação. Mas também apresenta grande quantidade de erros de edição e ortografia, e propaganda enganosa embutida.
Para começar, vocês podem ver na capa o nome de Sérgio Peixoto Silva, que já publicara, por essa editora, 400 Imagens – Mangá do Começo ao Fim. Mas, fora a capa, não consta o nome dele em parte alguma mais deste livro. As seis matérias do livro foram assinadas por Max Keize e Susana Amaral; ou Sérgio Peixoto foi o organizador, ou os editores da Discovery fizeram foi uma pegadinha. Além do quê, 400 Imagens foi muito mais bem feito que este ALMANAQUE HERÓIS DO ANIME.
Outra propaganda enganosa: prometeram responder a 100 dúvidas a respeito de Cavaleiros do Zodíaco na matéria referente; mas não são bem dúvidas, são curiosidades; e não foram 100, foram 81. Já volto a esta parte.
Bem: o ALMANAQUE HERÓIS DO ANIME é uma coletânea de matérias selecionadas de diversas publicações sobre cultura pop, focando algumas séries de anime japonês, conhecidas do grande público ou só por interessados no gênero. Apesar dos deslizes de edição, pode trazer aos leitores não muito bem informados algumas informações preciosas a respeito de suas séries favoritas.
São seis capítulos. O primeiro, Mundo Mangá: um estilo narrativo que conquistou o planeta, de Max Keize, fala brevemente sobre o estilo japonês, e de como o cânone da linguagem gráfica japonesa – narrativa, estilo de desenho, linguagem cinematográfica, etc. – influenciou os artistas ocidentais, incluindo os brasileiros, com referência a trabalhos em mangá produzidos por artistas do Brasil e dos Estados Unidos.
Susana Amaral assina o segundo capítulo, Guerreiras Mágicas de Rayearth: A História, sobre o clássico anime que apresentou ao ocidente as mulheres do grupo Clamp. Um guia básico a respeito da série – personagens, enredo, curiosidades. E ilustrações. Um dos melhores investimentos que o SBT, que exibiu essa série no Brasil nos anos 1990, havia feito quando resolveu comprar um pacote de animes japoneses para exibir – embora não tenha percebido isso logo de cara. Até hoje Rayearth é uma série muito cultuada.
A partir do terceiro capítulo, Keize leva a publicação nas costas. Ele assina o terceiro capítulo, Digimon Jovem, falando a respeito do clássico e principal concorrente da franquia Pokémon nos animes. Embora faça referências às outras séries da franquia, o foco da matéria é a primeira série dos monstrinhos virtuais – com muito mais drama e aventura que a série da Nintendo. Um dos investimentos mais acertados feitos pela Rede Globo na época em que ainda mantinha os desenhos na programação matinal.
Também de Keize é o capítulo 4, Conan – O Pequeno Grande Detetive, sobre a série Detective Conan, conhecida mais dos fãs de anime que baixam episódios da internet. Embora seja um grande sucesso no Japão, as aventuras do detetive adolescente que, numa sabotagem, acaba ficando com corpo de criança, mas mesmo assim continua resolvendo casos, ainda é inédita no Brasil, tanto o mangá quanto o anime.
Chegamos à matéria de capa: Cavaleiros do Zodíaco – 81 dúvidas sobre, de Keize. São 81 curiosidades a respeito do anime do qual praticamente todo mundo, mesmo os que não são fãs de anime, ouviram falar em algum momento da vida. Entre coisas que todo mundo sabe, como os canais que exibiram o anime no Brasil, como coisas que ninguém sabia antes, sobre enredo, autor, etc. Por exemplo: vocês sabiam que o criador do mangá, Masami Kurumada, deixou o sucesso subir à sua cabeça, e montou seu próprio museu dedicado à franquia?
E o último capítulo, sem créditos, Akira, é sobre o clássico de Katsuhiro Otomo, que abriu as portas do Ocidente para as produções japonesas. Até os anos 1980, pouquíssimas pessoas sabiam sobre cultura pop japonesa além de Ultraman, Ultraseven ou National Kid, até que duas séries chamaram atenção: no mangá, Lobo Solitário; no anime, Akira. Bem, a matéria fala muitas coisas a respeito do anime, fala sobre o mangá e dos bastidores do anime de longa metragem, dirigido pelo próprio Otomo, que já havia feito o mangá.
Enfim, ALMANAQUE HERÓIS DO ANIME nada tem que chame realmente a atenção – dá a impressão de ter sido feito totalmente a toque de caixa, às pressas. Por isso, é mais fácil encontrar este livrinho nas seções de saldos de algumas bancas, a preço mais baixo que os R$ 19,90 originais. E provavelmente foi lançado no segundo semestre de 2016, já ia esquecendo de falar. Eu comprei um exemplar em janeiro de 2017, então, não sei precisar a data de lançamento original. Dá para aproveitar as ilustrações, no mínimo. Mas se esperava mais da mesma editora que publicara livros bem melhores e mais bem cuidados...
E, para encerrar, ilustração.
Tive mais uma ideia de ilustração para colaborar com o Projeto Benjamin Peppe, capitaneado pelo meu colega Paulo Miguel dos Anjos, e que tanto tenho ajudado a propagandear. Para chamar a atenção do público fã de anime, coloquei os personagens da turma do surfista-skatista-ecologista Benjamin Peppe para fazer cosplay de personagens do grande sucesso mundial One Piece, de Eiichiro Oda. A fantástica história de piratas, o mais notável exemplo de shonen mangá (mangá para meninos) da atualidade, reunindo todas as características que fizeram o sucesso de seu maior antecessor (Dragon Ball), é o atual hit da revista semanal Shonen Jump, e já acumula, no Japão, mais de 80 volumes do mangá – lançados no Brasil pelas editoras Conrad (parcialmente) e, atualmente, Panini Comics (que não só relançou como retomou a publicação de onde a Conrad havia interrompido) – e mais de 700 episódios de anime. E não dá sinais de que está chegando ao fim, passados quase 20 anos de seu lançamento (a obra foi lançada em 1998).
Bem, eis aqui sete dos nove membros do Bando do Chapéu de Palha: o melhor amigo de Benjamin, Luiz, no papel do mal-humorado e super-resistente espadachim Roronoa Zoro; o próprio Benjamin no papel do herói da série, o brincalhão e determinado capitão Monkey D. Luffy, e seu corpo de borracha; a namorada de Peppe, Diana, no papel da sensual e irritadiça navegadora Nami; o negro Miguel no papel do medroso e mentiroso atirador Usopp; Herman no papel do mulherengo e boca-suja cozinheiro Sanji; Lysa, namorada de Luiz, encarnando a vilã “promovida” a heroína, a sensual e pouco sensível arqueóloga Nico Robin; e a última aquisição da turma do Benjamin Peppe, o gato Hawaii, no papel do médico do grupo, a pueril rena antropomórfica Tony Tony Chopper. Por falta de espaço, não teve ninguém para encarnar os outros dois membros, o brutamontes carpinteiro ciborgue Franky e o mórbido esqueleto músico Brook.
Já usei antes o recurso de colocar a turma do Peppe fazendo cosplay de personagens famosos da cultura pop. Continuamos, desse jeito, tentando chamar a atenção do público para os genuínos esforços de um desenhista brasileiro para tornar seus personagens conhecidos – ainda que precisemos mesclá-los com personagens de outros países, nossos concorrentes.
Conheçam mais a respeito do Projeto Benjamin Peppe, e como vocês podem contribuir, para o Projeto, em www.benjaminpeppe.webnode.pt.
É isso aí. Aguardem novidades. Retomando o ritmo.

Até mais!

Um comentário:

Quiof disse...

O Sérgio Peixoto declarou que não participou dessa publicação, ele tinha feito os outros dois livros.