sábado, 12 de agosto de 2017

MACÁRIO - Capítulo 15: "As Inacreditáveis Noites Seguintes III"

Olá.
Já se passaram duas semanas. É tempo, portanto, de um novo capítulo de meu folhetim ilustrado para adultos, MACÁRIO.
Excepcionalmente, devido a este domingo ser Dia dos Pais, portanto data de respeito, o capítulo desta quinzena está sendo publicado um dia antes, no sábado. O próximo será publicado normalmente, no domingo da próxima quinzena.
ATENÇÃO: leitura não recomendada e terminantemente proibida para menores de 18 anos. Contém cenas de sexo hardcore, canibalismo, masturbação, consumo de bebidas alcoólicas, maus-tratos a animais e fanservice. Sim, a partir deste capítulo, as coisas começam a ficar mais pesadas...



Entrei em meu quarto, e tomei um susto: era Âmbar, em meu quarto.
- Oi, Macário. – ela falou, sorridente.
- A... Âmbar!
Ela estava deitada em minha cama, ou no que parecia ser a minha cama, de lingerie vermelha – só calcinha e sutiã. Em pose lânguida, como se estivesse posando para uma pintura – estava tal e qual uma das majas do pintor Goya, em posição invertida: nem a maja desnuda, nem a maja vestida; era uma maja de lingerie, um meio termo entre a desnuda e a vestida.
- Não vai entrar? Entra.
Entrei no quarto. Porém olhando ao redor, não parecia o meu quarto. Os móveis eram diferentes. Parecia um quartinho de nobreza, todo decorado com entalhes dourados, cetim, móveis de madeira colonial. Era como se a porta de meu quarto, de repente, tivesse me dado acesso a outra dimensão. Será que eu ainda estava em meu apartamento?
Tudo o que eu lembro é que eu estava, há poucos minutos, na área de serviço, lavando a calcinha que ganhei “de presente” de Loreta, que passou a noite anterior comigo; dei uma passada rápida no banheiro, e, quando voltei ao quarto... já não era mais o meu quarto.
- Fecha a porta – ordenou Âmbar.
Obedeci, fechei a porta atrás de mim. Eu estava de calças, sem minha camisa, o apanhador de sonhos pendurado em meu pescoço. Estava assustado. E não conseguia falar, sequer formular alguma pergunta.
- Venha, Macário. Vem logo. – ordenou Âmbar, estendendo os braços.
Seria este o apartamento de Âmbar e Mc Claus? Era um lugar bastante luxuoso, uma suíte de realeza europeia, embora tivesse o mesmo tamanho do meu quartinho, no meu apartamento. Será que, de alguma forma, a porta de meu quarto fez com que eu fosse parar no quarto de Âmbar? Mas a cama não era grande, de casal: tinha o tamanho de uma cama de solteiro. Olhando melhor, nem era uma cama, era um divã, coberto com cetim estrategicamente drapeado, e um almofadão, onde Âmbar repousava e se exibia, de lingerie. A lingerie vermelha contrastava chocantemente com sua pele muito clara.
- Macário, por que você não vem logo, rapaz? Venha logo.
Devagar, me aproximei. Não é possível: seria mesmo a Âmbar, me convidando a deitar com ela? O pior é que ela era irresistível: Âmbar tinha um corpo perfeito, seios grandes e redondos, abdome enxuto, pernas mais que torneadas... Ah, se eu conseguisse ver sua bunda, mas acho que ela vai mostrar, daqui a pouquinho... Enfim: Âmbar destoava completamente de todos os outros “monstros” que passaram a frequentar o bar onde eu trabalhava, exceto pelo cabelo curto, repicado e oxigenado a ponto de ficar branco (nesta ocasião; nas outras, seu cabelo estava colorido com cores claras, como rosa, amarelo e azul celeste, ou misturando todas elas) e as unhas compridas como garras.
- Ai, Macário, não me deixe esperando! Por que tanta timidez?!
Finalmente, consegui soltar a voz:
- Onde eu estou?
- No meu quarto, Macário. Bem vindo.
- S-seu quarto? C... como vim parar aqui? Eu estava lá no meu... hã...
- Eu explico mais tarde, Macário. Melhor que não queira explicações agora, mas que aproveite o momento... Agora venha. Você não me quer?
E ela removeu o sutiã, libertando os seios enormes e redondos, e jogando-o em minha direção, fazendo-me agarrá-lo no ar. Estava difícil resistir. Mas o mais que consegui fazer, no embate entre o instinto animalesco de ir com bastante sede ao pote e o autocontrole para evitar estragar tudo, foi sentar no divã, e ficar olhando para ela.
- Âmbar, eu...
- Macário, venha, pode vir. Olha, eu até cortei as minhas unhas especialmente para hoje. Não vou te machucar...
E mostrou as mãos: agora suas unhas não estavam compridas como garras, foram cortadas e arredondadas. Unhas de garota normal. Nem pintadas estavam. As unhas estavam perfeitamente rosadinhas.
- Âmbar, o que está havendo, afinal? O que estou fazendo aqui? No seu quarto?! E...
- Macário, por que você não me ligou? – ela me cortou. – Eu deixei meu número de telefone com você e você não ligou.
- É que... hum, sabe aquele assalto que eu contei para você? Quando machuquei o nariz? Meu celular foi destruído, e...
- Seu celular destruído? – disse, colocando os dedos sobre os lábios. – Oh, nossa, que chato, Macário. Então foi por isso...
- Além do mais, muita coisa aconteceu nesses dias todos, e...
- Isso não importa agora, Macário. Já que você não ligou, eu tive de tomar uma providência...
- P... providência?! Um momento, isto aqui é um sonho ou...
- Eu te disse, Macário, eu explico mais tarde. Ou melhor, você saberá depois. Desculpe, querido, é que eu já não aguentava mais. Eu passo dias, horas, só pensando em você. – tocou meu rosto. – E mal consigo dormir, pensando em seus olhos, nesse seu cabelo, tentando imaginar qual o tamanho do teu pinto... Diz aí: você também esteve me desejando, não esteve?
- Bem... – eu disse, corando muito. – Eu estive, estaria mentindo se dissesse que não estava, hum, admirado por esses, hum, esses seus seios, digo... certo, admito que estive, secretamente... hum... te desejando, mas da mesma forma como outros homens te desejariam, do jeito como você se veste, com aquele decotão, e... e...
Eu estava muito atrapalhado, mas Âmbar nem parecia se importar.
- É, eu sei. Mas você não tem culpa. Você é diferente. Você tem um jeito mais tímido. Você tem jeito de ser um cara bonzinho, não um animal como os outros...
Bufei. Agora ela me “ofendeu”...
- Não, você não me conhece direito. – disse, lascivamente, pronto para me tornar sexualmente agressivo. – Não sabe como eu sou com relação às mulheres.
- Então, acho que vou descobrir agora.
E me puxa em direção aos seus lábios, e me beija.
O desejo subiu à minha cabeça, como um peso daquele brinquedo de medir força de um parque de diversões – aquele em que você martela com uma marreta em uma gangorra, para fazer o peso subir até tocar um gongo na parte de cima. Foi assim com o desejo: Âmbar martelou a “gangorra”, e, do baixo-ventre, o peso, ou melhor, o tesão, subiu em alta velocidade e atingiu o gongo em minha cabeça, fazendo-a reboar. Aquele beijo, com sabor de brilho labial de cereja, me envenenou. E acabei me atirando em cima de Âmbar.
Ela tinha um jeito delicado, mas até que segurou bem o que veio a seguir.
- Uau, Macário! Você me desejava tanto assim?
- Não tanto... quanto agora.
Passamos alguns minutos nos beijando. Minha boca desceu até aqueles seios enormes.
- Vai, Macário, me trata como uma p(...), já que eu me visto como uma...
- Eu sabia. Nessas horas, mulher é tudo iguaaalll... – falei, cheio de cinismo. Dane-se o decoro e a boa educação.
Depois, ela desceu, abriu minha calça e me estimulou com um oral. Ela estava mesmo pegando fogo. Quase “disparei” em sua boca de tão bom que estava. Aí, ela arrancou minha calça, deixou-me peladão.
Por fim, não aguentando mais, removi a calcinha dela – sua virilha era depilada! – e foi minha vez de lhe aplicar o oral, e ela gemia e bufava e se contorcia, queimando de prazer (modéstia à parte, sou bom nisso), igualzinho uma cena do mais ordinário dos filmes pornôs. A falta dos pelos pubianos deixava sua x(...) muito sensível. Eu estava contente de estar conseguindo fazer aquela mulher queimar de prazer. Que se dane o MC Claus, aquele gordão com certeza não era mais capaz de dar prazer como eu estava dando. Era evidente que Âmbar estava buscando um amante bem mais jovem, bem mais cheio de energia, bem mais...
- Macário, vem logo... eu quero o seu p(...)...
- Espera.
Consegui recuperar o controle: lembrei de algo que não dá para esquecer nessas horas. Alcancei minha calça do chão. Ainda bem que eu tinha uma camisinha esquecida no bolso traseiro.
- Preservativo, hmmm... põe para eu ver...
Puxa, ela era favorável ao uso de preservativos, legaaaal...
Não demorei muito para colocar a camisinha e finalmente penetrá-la.
Hmmm, como ela era apertada... ela estava me comendo, me mastigando, de sugando pela b(...), chupando a “bala” com papel e tudo... eu vou explodiiiirrr...
Se isso for sonho, não posso acordar agora, não, não acorde agora, Macárioooohh...
- Assim mesmo Macário, assim, ah-sim, aaah-ssssimmmm, oohhhh...
Primeiro, a possuí ficando eu por cima, depois ela que ficou por cima, me cavalgando, rebolando, salivando...
- Aah, Macário, você é bem como eu imaginava, aahhh... Eu tenho tanta inveja das garotas que vão para a cama com você... ooohhhh...
- Aah, Âmbar, você é tão gostosa, hmm... Eu queria dormir aqui todas as noites...
Mais ela não disse.
O gozo acabou vindo como uma erupção vulcânica. Ela teve o orgasmo simultaneamente.
E caiu em cima de mim, exausta. Eu estava me sentindo fraco, mas muito feliz de não ter acordado. Garota assim a gente não pega todo dia.
- Hmm, Macário... Você é bem como eu imaginava.
- Você é a realização de um desejo masculino, Âmbar. Você não parece ser deste mundo... – sussurrei.
Ela sorriu, e lambeu os beiços.
- Quero ir de novo. Mas agora sem camisinha.
- Âmbar...
- Agora eu quero sugar todo seu leite... E não se preocupe, hoje eu não estou no meu período fértil... Não vou engravidar...
Não havia como resistir. Ela removeu a camisinha usada, deu o nó e jogou para o lado. E começou a me estimular de novo. E, de novo, cavalgou. Estava me apertando muito.
- Aah, Âmbar, tenha piedade de mim...
- Aaah, Macário, eu quero mais, sempre mais...
Não bastou um segundo orgasmo. Ela quis uma terceira vez... e uma quarta... e uma quinta... Eu estava sendo “ordenhado”, esvaziado...
E aí, comecei a ter uma sensação esquisita...
Sem a camisinha, agora a sensação era de que Âmbar estava me sugando, pela b(...), como se fosse um suco de caixinha. As minhas forças estavam sendo sugadas...
Aos poucos, primeiro lentamente, depois com maior intensidade, e por fim de uma vez só, minhas forças foram drenadas. Fiquei muito fraco. Mais que fraco, estava morrendo. Comecei a sentir que meu sangue, meus fluidos, meus órgãos internos... estavam sendo sugados pelo meu pintoooo...
- Me perdoe, Macário, pelo que eu vou ter de fazer... – foi a última coisa que ouvi ela falar.
E a última visão que tive, antes de apagar – ou seria de morrer? – foi que, de repente, Âmbar começou a se metamorfosear, a se transformar em uma imensa fêmea de louva-a-deus, com antenas saindo do cabelo, asas saindo de suas costas, os braços se transformando em garras com espinhos, de sua boca saindo um par de palpos afiados que desceram para cima de mim, e ela... ela... ela ia me... me morder, devorar o que restava de meu corpo, meus ossos... me... me...!

Abri os olhos.
Eu estava morto?
Eu estava... Eu estou... Onde eu estou?!
O quarto de Âmbar sumiu. Os móveis de realeza, os arranjos de cetim... tudo. Tudo sumiu!
Eu estava deitado em uma cama. Olhei em volta: eu conhecia aquela mobília. Era... o meu quarto!
O relógio despertador da cabeceira marcava três da tarde. Ainda estava claro, o sol entrava pelas frestas da janela fechada.
Levantei. Estava vivo! Âmbar não se transformou em louva-deusa! Âmbar não me devorou! Âmbar... sequer transou comigo! Era tudo um sonho!
Senti uma umidade nas calças que ainda usava: foi sonho, e todo aquele prazer que senti era polução noturna, só podia ser. Preciso lavar essas calças! Tirei a calça e a cueca e deixei no tanque. Quanto trabalho será que dá tirar manchas de sêmen da calça jeans? Coloquei também a roupa de cama para lavar: para um simples sonho erótico, acabei emporcalhando a cama. Afinal, foram cinco ou seis “disparos”, disso eu lembro.
Porém... eu estava fraco. Minhas pernas estavam bambas. Estava cambaleante, fraco, como se eu não tivesse comido há muitos dias. A barriga roncava. Até me sentia mais magro.
Cambaleei, peladão, até a cozinha (as janelas felizmente estavam fechadas) e abri a geladeira. Encontrei uma caixa de leite ainda cheia, meio pão de forma, queijo, presunto. Um pouco fraco, fiz para mim um sanduíche, pus leite gelado e chocolate em pó no copo, comi e bebi. Mas não foi suficiente: tive de fazer outro sanduíche e beber mais leite. E mais um. E mais um... Acabei com o pão de forma, com o queijo, com o presunto, lá se foi a caixa de leite. Cinco sanduíches. Mas senti as forças voltando.
Depois, mesmo com a barriga cheia, caminhei até o banheiro e tomei um banho. Lavei bem o pinto, e ainda sentia o espasmo. Só de lembrar do sonho, daquele corpo delicioso da Âmbar, daqueles seios poderosos... eu já sentia um formigamento no pinto, e... acabei “descascando uma mandioquinha” (na expressão usada pela Maura) ali mesmo, embaixo do chuveiro – a água que escorria se encarregou de levar a p(...) despejada para o ralo.
Cheguei a passar mal, se masturbar depois de comer não faz muito bem, mas consegui aguentar. Estava muito frustrado, talvez uma eventual congestão acabe sendo uma bênção. Mas ela não veio. O sonho parecia tão real. Eu havia sentido tanto prazer. Então, eu não fiz sexo de verdade com a Âmbar, aquela gostosa. Ou será que a Âmbar do sonho era apenas idealização minha? Estava tão bom...
Pelo menos houve uma compensação nesse sonho: eu não acordei na hora do clímax, como geralmente acontece com que tem esse tipo de sonho. Sabe, acordar bem na hora do início do ato sexual com a mulher desejada, às vezes antes que você possa ver o corpo dela totalmente nu... Fui até o fim. Não acordei na hora em que Âmbar gozou. E ainda fui capaz de ir novamente. Ainda que acabasse melando a cueca. Se minha mãe estivesse aqui, teria ficado horrorizada.
Mas, pensando bem, no final do sonho, Âmbar começou a sugar minhas forças. E tentou comer o que restava de meu corpo, como uma louva-deusa. São as fêmeas de louva-a-deus que decepam e comem o corpo dos machos após o ato sexual, não é?
Será que eu estava vivo por causa do apanhador de sonhos do pajé Mateus? Talvez tenha sido ele quem esteja evitando o pior dentro dos sonhos. Talvez seja a proteção do pajé Mateus que estava garantindo que eu acordasse vivo depois de ter sonhos terríveis... Talvez tivesse sido o apanhador que me impediu de acordar no melhor do sonho erótico. O apanhador não evitava, infelizmente, que eu fosse morto nos sonhos, mas garantia que eu acordasse depois de ser morto. Talvez fosse isso. É, ainda bem que acabei dormindo com isto.
Mas engraçado, não lembro de ter deitado na minha cama. Teria sido o drinque que Andrômeda me pagou, que fez efeito e me fez ter um delírio? Bem que achei que a margarita estava com um gosto estranho, como se uma substância tivesse sido acrescentada ao sal da borda da taça... se é que foi sal que ela colocou na borda da taça... Mas eu vi ela colocando o sal na borda da taça... Não sei de mais nada...
Saí do banho. Ainda estava triste por causa do sonho. Bem, foi sonho, fazer o quê. E, mesmo para um sonho, me deixou muito fraco. Fiz mais exercício dormindo e sonhando com sexo do que indo a uma academia, ah, ah... O que me restava agora era me arrumar e ir para a faculdade, e depois ir trabalhar, não tinha outro jeito...
Me dirijo ao tanque onde estava a roupa a ser lavada, de molho. E olho, com surpresa: mais uma calcinha. Vermelha! Igual a que Âmbar usava no sonho! E ainda tinha cheiro de fluidos corporais!
Isso já estava ficando muito estranho e assustador. Terá sido sonho mesmo?!

Procurei aparentar calma durante a aula. Mas seguia perturbado com todos aqueles acontecimentos inexplicáveis. Já não sabia se o que eu estava vivendo era sonho ou realidade.
Mas, na aula, tudo pareceu normal. Os colegas, o professor, a lição. Ali próximo, Créssida deu mais uma piscada para mim. Para me certificar que não estava sonhando, várias vezes me belisquei, e com a ponta das unhas para que doesse mesmo.
Depois da faculdade, fui direto ao bar. Ou melhor, antes, resolvi passar na lanchonete.
Apesar de eu ter jantado bem no Restaurante Universitário, eu ainda sentia fome. E fraqueza. Sentia como se não fosse aguentar trabalhar hoje, se eu não me preenchesse “mais”, afinal, Âmbar, mesmo no sonho, me “esvaziou”. Mas bastou comer um hambúrguer com fritas e milk-shake para eu me sentir melhor. O que estava acontecendo comigo?!
Agora aqui estou eu, uniformizado e em minha posição marcial no balcão do bar, pronto para servir. Parafraseando Mussolini: se vivo para servir, sirvo para viver. Ah, ah... (Não que eu concordasse com os ideais do fascismo).
Hoje, não teve muito movimento no bar: compareceram menos “monstros”. Foi o que eu constatei: o bar estava mais espaçoso. Havia menos gente que nos outros dias. O pessoal mais conhecido estava lá, Luce e seus “asseclas” (até mesmo Âmbar), mas uma parte do pessoal excêntrico não veio. O movimento estava tão baixo que dava até para ouvir as conversas.
- E aí, Macário. – cumprimentou Luce, que estava com o cabelo repartido, mas pintado de azul-caneta.
- Oi, Luce. Onde está todo mundo? – perguntei.
- Como assim? Estamos aqui, Macário, não nos reconhece? – pergunta Beto Marley, as trancinhas dreadlock quietas hoje.
- Reconheço, sim, mas parece que só veio metade do pessoal... Olhem aí, só uns quatro ou cinco no bilhar, uns poucos ao redor das mesas, e vocês aí, no balcão...
- Pois é. – falou Andrômeda. – É mesmo, não veio todo mundo. Olha quanto espaço de sobra...
- É, e alguns aqui nem são dos “nossos”... – reconheceu Jorge Miguel.
Olhando melhor, alguns clientes do fundo nem eram “monstros”, eram ébrios mais comuns – nem eram clientes frequentes, do tipo que eu reconheceria.
- O pessoal não anda muito inspirado... – comentou Breevort. – E aí, Macário, não sai um chope pra gente?
Servi todo mundo.
- Acho que o pessoal não está mais impressionado. – comentou Jorge Miguel, bebericando sua caneca. – Vão começar a procurar outro espaço de reunião. Já cansaram deste aqui...
- Relaxem. – falou Luce, sorvendo a espuma de seu chope com barulho. – O pessoal virá em peso amanhã quando o Galvoni iniciar sua exposição. Eles não podem ignorar.
- Galvoni? – perguntei.
- Ah, Macário, não te passaram o aviso ainda? – Luce voltou para mim. – Marto Galvoni, o célebre pintor do underground italiano, vai expor seus quadros aqui no bar. Por uma noite, este bar vai se transformar em um museu. Já deixamos acertado com o proprietário.
- Isso. – acrescentou Flávio Dragão. – Amanhã cedo estaremos aqui organizando o bar para a vernissage da nova coleção de quadros do Galvoni.
- É, mas só queria saber por que o Galvoni fez questão que a exposição dele fosse aqui, no bar. – pergunta Morgiana, com acento cético. – O espaço aqui é meio claustrofóbico para uma exposição de arte. E os quadros dele são de alta qualidade.
- O Galvoni disse que aqui é perfeito! – emenda MC Claus. – Essa iluminação difusa, esse clima tétrico e transgressor que se faz apenas com a nossa presença. Combina com a temática dele.
- Ah, Macário, e não se esqueça, você garante a bebida para nós, hein? – Luce dirigiu-se novamente a mim. – O Galvoni quer muito conhecer você. Falamos bastante a seu respeito para ele. E ele espera que a exposição seja um sucesso!
Flávio Urso soltou um arroto, à guisa de concordância. E lá foi Morgiana outra vez repreende-lo... Por que a morena era o que mais implicava com o “lenhador”?
E sei lá quem é Marto Galvoni. Nunca ouvi falar desse pintor. Decerto é um artista revelação, de bienal. Nem costumo ler revistas de arte, ou a seção de espetáculos do jornal, com notas sobre exposições itinerantes de arte. Museus, eu visito mais quando alguém me convida. Mas não que eu não tenha interesse por arte, meu pai tinha em casa uma coleção de catálogos de artistas célebres, e isso já bastava...
Mas havia uma excitação entre o pessoal, o tal Galvoni devia ser mesmo famoso na Itália. Uma atração internacional, humm... Mas, se ele faz questão que sua vernissage seja no bar... Então que seja.
Mas o que mais me perturbava era que Âmbar estava evitando olhar para mim. Todas as vezes que nossos olhares se encontravam, ela me olhava constrangida. E eu, mais constrangido ainda. Ela parecia a menos excitada com a tal exposição do italiano.
Ela continuava linda e gostosa. Mas hoje estava bebendo muito. Pelas primeiras duas horas, tudo o que eu ouvi dela foram pedidos de bebida. Ela esvaziou a caneca de chope, e pediu outra. E uma terceira. Depois pediu um conhaque, e depois um uísque, e depois outro conhaque, e... e eu servindo-a, sem questionar, sem coragem para questionar o motivo de sua tristeza.
Será que ela teve o mesmo sonho que eu? Por isso o constrangimento?
E, reparando, ela estava com as unhas cortadas, como no sonho.

Um pouco antes do expediente acabar, o grupo de Luce foi um dos últimos a sair. Digo, Luce, Flávio Dragão, Breevort, Beto Marley e Jorge Miguel saíram antes; Âmbar, Mc Claus, Morgiana, Andrômeda e Flávio Urso ficaram mais um pouco.
E como Âmbar bebeu: além das três canecas de chope, consumiu, sozinha, duas garrafas de uísque, duas de conhaque, duas de vermute, e várias outras bebidas puras... Estava até bebendo vodca no gargalo da garrafa! Me preocupei: com o tanto que ela bebeu, ela já deveria estar em coma agora, mas ela parecia estar aguentando firme. Espero que não seja ela quem esteja dirigindo. Ela, sozinha, garantiu o faturamento do dia do bar, ah, ah... Sério, agora.
Ela esteve um tanto macambúzia, com um olhar triste. Estava, na verdade, muito triste, deprimida, como se estivesse arrependida de ter cometido algum crime. Só ali pelo final do expediente eu resolvi puxar o papo com ela, enquanto Mc Claus estava novamente envolvido em seus assuntos particulares com outros, nas mesas de bilhar.
- Âmbar, eu...
- Macário... – ela me olhou com tristeza. Os olhos estavam até vermelhos.
- Hã... o que aconteceu? Você está triste... e bebeu tanto...
- Eu... Macário (soluço)... eu estou bem. Eu... (soluço) só estou um pouco tonta (soluço). Bebi demais... – a cabeça estava quase caindo no balcão – M-mas eu aguento (soluço)...
- Ah, mas não bebeu tanto quanto o Flávio Urso, eu pude ver... Esteve querendo competir com o Flávio Urso? Ele sim que bebe feito um... – tentei gracejar, mas não adiantou: nem mesmo Flávio Urso, o beberrão do grupo, estava tão embriagado. Ela me cortou:
- Macário (soluço)... me perdoe.
Engoli em seco.
- Perdoar? Perdoar o quê?
- Por ontem à noite (soluço). Eu... eu não pude resistir (soluço).
- O... ontem à...
- Me desculpe, Macário (soluço). Por favor, entenda que eu (soluço) não quero te ver sofrendo (soluço). Eu estou muito preocupada com você (soluço), porque eu sou uma pessoa terrível (soluço), aliás todos somos (soluço) e... (soluço) e... me preocupo demais (soluço) com os planos que o Luce (soluço) tem para você... (soluço)
- Planos? Mas que...
Ela lacrimejava, e parecia a ponto de desmaiar.
- De... (soluço) depois a gente se fala, tá? (soluço) Tenho de ir (soluço). Eu tô passando mal... (soluço)
E se afastou, cambaleante. Amparada por Morgiana e Andrômeda, que, apesar de terem também consumido álcool, estavam bem lúcidas.
- Coitada. Não devia ter bebido tanto assim, amiga...
- Vamos sair daqui antes que você vomite...
Fiquei sem entender nada. Será que o constrangimento de Âmbar foi por ter tido o mesmo sonho que eu?
Será que ela gostava de mim? Decerto sim, porque eu pude ouvir ela sussurrando mais um “me perdoe, Macário”... A seu lado, as outras duas garotas me lançaram o mesmo olhar constrangido.
Fiquei chateado. Com a sensação de que alguém sabia algo que eu não sabia, e não podia me contar.
Mc Claus passou no balcão para quitar a alta dívida (“desculpe, amigão”, ele falou para mim, “ela fica sempre assim quando faz algo terrível... melhor não querer saber agora o que ela fez...”) e depois foi amparar Âmbar. Estava tão constrangido quanto os outros...
E parece que hoje ninguém quis me pagar um drinque...
Ou melhor, a meu lado, estava uma caneca de chope cheia. E, perto dela, a manzorra de Flávio Urso, segurando uma nota de vinte, e seu rosto barbudo piscando para mim. Parecia indiferente ao constrangimento. E depois foi embora, sem falar nada. Puxa, ele se deu ao trabalho de encher um caneco de chope especialmente para mim?! E ainda deixar pago? Bem, não dá para me fazer de rogado, bebi o caneco, talvez alivie o constrangimento. E estava com um gosto diferente... como se alguém tivesse acrescentado remédio à cerveja...
E ninguém ficou para nos ajudar a arrumar o bar.

Saí do bar chateado. Será que alguém saberia me explicar o que estava acontecendo?
Será mesmo que Âmbar teve o mesmo sonho que eu? Será que de alguma forma fizemos sexo por telepatia? E que planos Luce tinha para mim, segundo ela falou?!
Já que eu não podia perguntar nada, eu joguei a mochila nas costas e tomei o rumo para casa. Nenhuma garota à minha espera, nem na porta do bar, nem na rua. Acho que hoje eu vou dormir direto... Mas bem que eu queria que uma garota topasse comigo. Depois de ontem à noite, eu estava mesmo louco por uma “bimbada”... Talvez haja alguma na porta do prédio, ou quem sabe alguma vai bater à minha porta...
De repente, ouço um grito atrás de mim:
- Socorro!!
E, como um foguete, uma garota passa correndo por mim.
Segundos depois, uma matilha de cães passa por mim, atrás da garota. Reconheci: eram os mesmos cães que atacaram a mim e a Viridiana aquela noite!
Tive um mau pressentimento. E, instintivamente, saí correndo atrás da matilha.
A garota já corria com dificuldade. Ela usava uma saia preta e justa, o que dificultava seus movimentos, e seu cabelo era escuro. Em uma tentativa de correr mais rápido, estava correndo sem sapatos, a meia-calça escura estava já muito desfiada e com grandes buracos, fazendo a pele clara das pernas contrastar com a meia. Mas os cães já estavam chegando bem perto.
A garota desviou seu rumo para um beco. Era o mesmo beco onde fui cercado pelos cães. A lâmpada estava novamente acesa. E ouvi um barulhão.
A garota esbarrou em uma das latas de lixo e acabou caindo, quicando no chão e batendo na parede. Ela acabou se machucando.
Ela tentou se levantar. E os cães já estavam cercando-a, rosnantes, prontos para atacar.
A garota até chorava de tanto medo.
- Afastem-se... por favor... cães bonzinhos... cãezinhos lindos...
Mas os cães demoníacos não demonstravam serem bonzinhos nem lindos. Eles queriam carne e sangue. E já estavam prontos para saltar em cima dela. Um deles já arqueava o corpo para saltar em cima dela. E a garota já estava com um ferimento na testa, o filete de sangue criando uma máscara em seu rosto, e com restos de comida da lata de lixo em seu corpo, atiçando o apetite dos carnívoros.
- Não, por favor... Não, não, não...
Bem na hora que o cão ia saltar, gritei, dali da entrada do beco:
- Parem agora mesmo!!!
Os cães pararam, e se voltaram em minha direção. Seis ou sete cães. Pararam de investir contra a moça. E tentaram investir contra mim. Mas, instintivamente, como naquele dia, o que fiz foi bater o pé e gritar:
- FORA! SAIAM DAQUI!! PASSA!!!
Os cães demoníacos, como da outra vez, baixaram suas orelhas e saíram correndo do beco.
Me surpreendi: ora, funcionou de novo! Que tipo de poder eu tinha?!
A moça me olhava assustada e ofegante. E surpresa.
- Como você... como você fez isso?!
- Eu não sei... – respondi. – Mas... você está bem?
- Eu estou... eu estou... eu estou... – ela mal conseguia falar.
- Um momento, me deixe ver seus machucados.
A sua roupa escura era curta e justa, blusa, minissaia de couro, meia calça. Me fez lembrar das roupas da Âmbar. A meia e a saia estavam avariadas, a costura da saia arrebentou por causa da corrida, criando uma fenda. Com a batida na lata de lixo, a garota teve algumas escoriações, o cotovelo esfolado, mas, ao que parecia, nada grave. E a lata de lixo ainda estava cheia, não conseguiu evitar sujeira, manchas de restos de comida de restaurante. Ainda bem que o beco não estava sujo de sangue, feito o abatedouro do outro dia, supostamente feito por Valtéria.
O cabelo da moça era escuro e curto, repicado porém volumoso. A pele pálida, o rosto suave e vagamente familiar.
Da minha mochila, saquei uns pedaços de gaze, que eu tinha para diversos casos, para aplicar em sua testa. Ela já dava sinais de que o susto já passara.
- Consegue andar?
- Eu... Acho que consigo... Me ajude a levantar...
Ajudei. Os pés protegidos apenas pela meia-calça apresentavam alguns ferimentos por conta do esforço de correr descalça. Ela devia até ter pisado em alguma pedra pontiaguda, havia um ferimento na sola de um deles, felizmente não era profundo. Ela sentiu uma dor no pé.
- Aai... acho que pisei em algum prego!! Acho que não vou poder andar, não...
Enrolei um pouco de gaze em seu pé ferido. Deve ser o suficiente para estancar o sangramento e chegar em algum lugar menos contaminado onde eu possa tratar daquele ferimento.
- Venha, eu ajudo você.
Amparei-a. Com uma mão ela segurava a gaze na testa, com a outra se apoiava em meu ombro. E, fomos andando, ela mancando. E aí, ela ergueu seu olhar em minha direção.
- M... muito obrigada, eu... – e aí, ela para, arregala o olho, e balbucia: – Macário? É você?!
Hein? Ela me conhece? Mas aí, sob a lâmpada acesa, eu olho melhor para o seu rosto: era minha conhecida, sim!
- Geórgia?!
Só me lembro de uma garota, com quem saí, que possuía uma pintinha preta sob o olho.
- Macário! É você!
- Geórgia! Você por aqui! E, nossa, você mudou o cabelo!...
- P-puxa... Mas que circunstância atípica para a gente se reencontrar... – ela deu um sorriso.
Havíamos saído fazia pouco mais de um ano. Geórgia fazia o curso pré-vestibular. Na época, ela usava o cabelo preto comprido e muito volumoso, mas também usava roupas negras e curtas, em um estilo meio gótico. Seu corpo não mudou quase nada, era magro e delicado. E o nosso encontro foi feliz, era uma garota delicada, estava na fossa devido a um namoro terminado, e aliviou suas mágoas nos braços do primeiro que encontrou, ou seja, eu. Quer dizer, na verdade eu que a abordei, e acabei me aproveitando de seu estado de desespero, mas para ela não fez diferença. Creio que curei sua fossa. Tanto que ela me procurou mais de uma vez, mas um possível romance não foi adiante. Nada de compromisso. Uma semana depois, ela se mudou da cidade.
- Pensei que tinha se mudado, Geórgia.
- Mudei. Digo, eu fiquei seis meses na Capital, tentei entrar na faculdade de lá, não consegui. Nem faculdade, nem um emprego que garantisse minha permanência. Aí, tentei entrar na faculdade daqui – ai que dor no meu pé... – e estou de volta. Mesmo que eu não quisesse, pois o desgraçado do meu ex-namorado continua morando aqui... Eu tinha ouvido falar que o curso de Letras da capital era bem melhor que o da faculdade daqui, mas acho que não fui boa o suficiente para eles, ah, ah...
- Oh, entrou no curso de Letras?
- Na metade do ano.
- Ah. Ainda tem a pretensão de se tornar poeta?
- Disso eu nunca desisti. E material para meus poemas eu tenho de sobra, do que tirei da vida. Ainda hei de conquistar o mundo com meus poemas sobre amores fracassados... Isso se eu não for devorada por cães... aai... Me ajuda que está difícil andar...
- Mas, Geórgia. Como é que você estava sendo perseguida por...
- Eu sei lá... Só sei que, desde ontem, só tive azar. Eu resolvi sair, sabe, para conhecer pessoas para tentar superar mais uma frustração... Me interessei por um carinha, mas ele já era comprometido, e pior que ele só me contou depois que a gente transou... aaii... E ele ainda me pagou, como se eu fosse uma prostituta... E aí, além de conhecer pessoas, eu saí para beber, ia beber até cair, e depois fazer sexo selvagem com o primeiro que me desse bola, já que eu tinha sido paga... ia gastar o dinheiro do desgraçado em esbórnia... mas eu acabei sendo assaltada, o pivete passou a mão na minha bolsa e saiu correndo, mais rápido que eu pude perceber (soluço)... levou até a chave de casa (soluço)... não posso nem entrar, a minha colega de quarto foi viajar (soluço) e não deixou chave sobressalente (soluço)... me restou vagar sem rumo pela cidade ver se encontrava alguém que me desse abrigo, mas nem isso (soluço)... eu já cogitava oferecer o corpo em troca de abrigo (soluço), já que estava vestida como uma p(...) (soluço)... e aí, apareceram esses cachorros ferozes, do nada (soluço), e começaram a me perseguir não sei por quê (soluço)... eles estavam me perseguindo por umas dez quadras (soluço)... Olha só, perdi até o sapato... Droga (soluço)...
E lacrimejava, e soluçava mais que a Viridiana – mas bêbada não estava, não tinha hálito de álcool. A dor era mais pela frustração da noite ruim do que pelo pé. Com a conversa, ela até esquecia a dor no pé.
- Meu apartamento é aqui perto, Geórgia. Quer se tratar das feridas lá?
- Que remédio, não é? (soluço) Depender da ajuda de outros para me recompor (soluço)... Ainda mais de um carinha que uma vez (soluço) se aproveitou do meu desespero para... glup... eu... (soluço)
- Eu sei, Geórgia, eu sei que não fui legal aquela vez. Mas não há outro jeito. Eu sou a única pessoa disponível no momento.
E a ajudei a subir ao apartamento.

Bem, naquele momento eu bem que desejava uma “bimbada”, uma garota para superar uma frustração. Mas não imaginava que seria assim.
Não que eu quisesse abusar da Geórgia, ali no meu sofá, tristonha. Tendo de usar um roupão meu enquanto sua roupa, mesmo rasgada, estava no tanque, de molho (mas a meia-calça precisou ir para o lixo, não servia mais para nada), recém-saída de um banho rápido, que ajudou inclusive a desinfetar os ferimentos (ela não podia sentar no meu sofá com lixo sobre o corpo, certo?), mertiolate e curativos nos machucados (que tipo de estudante de medicina eu seria se não dispusesse de um kit de primeiros socorros em casa, para emergências, nem de conhecimentos mínimos de primeiros socorros?), apoiando o pé machucado, já devidamente desinfetado e enfaixado, em um banquinho. Com uma situação de dar pena, haveria clima para sexo?
Preparei um chá calmante para ela poder se recompor. E me sentei a seu lado. Ela já estava se sentindo melhor. Mais reconfortada.
- Obrigada, Macário. Não esperava que fosse você quem salvasse minha vida, mas você veio como que caído do céu.
- Que é isso, garota. Nem eu esperava por algo desse feitio...
- E aí, como vão as mulheres? Conseguiu arranjar uma namorada?
- Não. Digo... sim, quer dizer... “namoradas” já arranjei várias. Você sabe, ainda sou aquele, hum, mulherengo de um ano atrás. Mas, ultimamente, tem acontecido muitas coisas esquisitas...
- Está trabalhando?
- Estou, em um bar.
- E você... ainda não se apaixonou de verdade por alguém?
- Não. Digo... o máximo foi eu me preocupar com a saúde e o bem-estar de algumas. Elas correram perigo. E eu não gostaria que algo de ruim acontecesse a elas por minha causa. Se é para uma garota sair machucada por minha causa, prefiro que seja apenas o coração.
- Ah. E eu ultimamente não tenho tido sorte em nada. Digo, no amor. Emprego e estudo eu consegui, mas amor... Tenho material para anos de letras de canções sobre fossa. Eu tenho sido atraente aos homens, você viu que até como uma p(...) eu estava vestida, eu não tenho jeito mesmo... tenho ido para a cama com vários, mas infelizmente nenhum corresponde às expectativas, dão umas três ou quatro “chupadas” e depois vão embora achando que cumpriram seu papel... Quem vê diz que eu sou uma jovem Rê Bordosa, ah, ah... Mas bem que eu gostaria mesmo era de um amor. Um peito peludo para apoiar a cabeça, que me protegesse... por mais de uma noite. Mas não sei o que eu tenho feito de errado (soluço)...
- E tem feito várias tentativas... Eu sei como você se sente.
- Que sabe o quê! (soluço)...
- Sério, Geórgia. Ontem à noite mesmo eu... hum... fiquei muito frustrado depois de... hum... um encontro com uma garota. Ela... hum... não correspondeu às minhas expectativas. Era bom demais para ser verdade. Ela que, hum, foi embora dizendo que estava tudo muito bom, muito bem, e...
Como iria confessar que eu fiz sexo com uma garota em sonhos? Ela ia pensar que fiquei louco.
- Puxa, Macário. – ela pareceu surpresa. – Quem diria, você.
- É... é uma longa e inacreditável história. E...
- Macário...
Ela, com algum esforço, se pôs em pé. E tirou o roupão. Não estava com nada no corpo, exceto os curativos.
- Eu... Macário, eu não sei de outra forma para agradecer a você por ter salvo minha vida. Esta é a única forma que eu pensei. Eu... estive mesmo disposta a dar para o primeiro que aparecesse, como eu disse, mesmo que não fosse confiável.
- Geórgia... – falei, mordendo os lábios.
- Macário... mas eu sei que, apesar de você ser promíscuo e notívago... você é confiável, é bonzinho... Que bom que foi você...
Geórgia continuava linda. E, nua, continuava irresistível, mesmo com curativos pelo corpo.
- Macário... eu deixo você fazer o que quiser comigo... você salvou minha vida, e...
- Não diga mais nada!...
E a enlacei, e nos beijamos.

Eu desejava uma “bimbada”, uma garota para superar a frustração. Mas não imaginava que seria assim...

Próximo capítulo, em princípio, daqui a 15 dias.
E, vocês repararam? O presente episódio bateu o recorde de ilustrações. Contem: foram 23.
A partir de agora, a novela vai ser mais carregada de sexo e violência. Quem sabe assim atrai mais público...
O que estão achando até o momento? Continuo? Paro? Deixem uma opinião! Ou vou continuar colocando o que eu quiser nesta história...
Até mais!

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