sábado, 8 de agosto de 2015

MIRACLEMAN 8 - Como explicar uma intempérie com classe

Olá.
Estava demorando, mas afinal, a edição 8 de Miracleman está nas bancas!
Mas chegou sob notícias preocupantes: foram divulgadas, na internet, que a série não está vendendo bem nos EUA - não que isso represente, para nosso alívio, o cancelamento imediato do relançamento das aventuras do super-herói inglês criado por Mick Anglo e reinventado por Alan moore - digo, "Escritor Original" (já que o mago barbudo não quer que seu nome conste nos créditos). Parece que o público de fora não está reagindo bem à republicação do clássico. Ah, mas notícias menos preocupantes já começaram a chegar também: a Marvel Comics, que atualmente detém os direitos de publicação do herói, já iniciou as tratativas para retomar a série do ponto onde ela parou, nos anos 1990. Aumentam as esperanças de que Neil Gaiman, que escreveu os trechos finais da saga, consiga retomar a série de onde ela parou, e escrever o planejado e interrompido arco final das aventuras de Miracleman!
Notícias à parte, eis aqui, então, a mais recente edição do gibi. Miracleman, ressuscitado pela Marvel Comics, publicado no Brasil pela Panini Comics.


MIRACLEMAN # 8
Lançado em julho de 2015.
Esta edição marca, em primeiro lugar, a troca de editor brasileiro: Fernando Lopes, editor dos sete primeiros números, é substituído por Paulo França. Enquanto isso, prossegue o Livro 2 da saga do herói, A Síndrome do Rei Vermelho. Quase todos os roteiros desta edição são de "Escritor Original", e quase toda a arte da edição é de Chuck Austen (que, na edição anterior, substituiu Alan Davis). As duas primeiras histórias foram publicadas em Miracleman # 7, de abril de 1986, que saía pela editora norte-americana Eclipse Comics, que assumiu os capítulos inéditos após o encerramento da fase do herói na revista inglesa Warrior (naquele ano, Alan Moore, digo, "Escritor Original", já trabalhava nos Estados Unidos, e já estava em curso a publicação de sua obra-prima, Watchmen). Começando com Corpos, prosseguindo a história do ponto onde ela parou. Vamos relembrar rapidinho: nas edições anteriores, Miracleman e Evelyn Cream, o assassino renegado, chegam aos domínios do cientista Emil Gargunza na América do Sul, para resgatar a mulher do primeiro, Liz. Mas Gargunza estava preparado: conseguiu retirar os poderes de Mick Moran (a identidade secreta de Miracleman) por uma hora, e ainda soltou o monstruoso Miracledog para cima da dupla. E "Escritor Original" perpetrou um crime: fez Miracledog executar o até simpático Sr. Cream de forma cruel. E o monstro já está cercando o assustado e enfraquecido Moran. Não posso contar como Mick Moran consegue se safar desse apuro, neste episódio, e esperar passar a hora para poder se transformar em Miracleman de novo. Só adianto que a solução é algo que muitos aqui devem ter imaginado. E também não conto aqui de que forma Miracleman executa sua vingança contra Emil Gargunza no episódio seguinte, Satisfaça Hoje Meu Desejo - só adianto que vai ser apoteótico, e que o sangue vai rolar. Vocês estão prestes a ver um Miracleman realmente insandecido, uma máquina de matar. Já de Miracleman # 8, de junho de 1986, chega uma historinha curta e cômica, O Alagamento de Guerneville. Esta não é uma história ligada à cronologia do Miracleman, vamos dizer que é mais um tapa-buraco. É que é o seguinte: em fevereiro de 1986, devido a uma grave enchente no rio Russo, ocorrida na cidade de Guerneville, na Califórnia, o escritório da Eclipse Comics, localizado nessa cidade, ficou danificado, retardando a produção do gibi e obrigando a edição de junho de 1986 a sair como um almanaque de republicações, expediente necessário até a reorganização das coisas para a editora. Bem, esta historinha curta, de quatro páginas, foi escrita pela roteirista Cat Yronwode, que, num tom irado e muito irônico, insere-se na história para dar as devidas explicações ao leitor. Chuck Austen desenhou, e Al Gordon arte-finalizou. A seguir, as essenciais páginas de bastidores, trazendo esboços do primeiro capítulo, ilustrações e conceitos de capas, todas por Chuck Austen. Em seguida, para encerrar, chega outra aventura clássica do Marvelman, por Mick Anglo! Ou melhor, desta vez, Anglo só escreveu, enquanto quem desenha a aventura clássica de hoje, Marvelman e a Sombra da Suástica (Marvelman # 228, dezembro de 1957) é Norman Light. Com a primeira página colorida, e o restante em preto e branco, é contado como Marvelman, identidade secreta do ainda garoto e jornalista Mick Moran, detém os planos de um cientista nazista que, escondido após o fim da Segunda Guerra Mundial, elabora um ousado plano de reerguimento do Terceiro Reich. Nada, porém, que o Miracleman não consiga resolver, com astúcia, uma atuação teatral e seus poderes quase infinitos. Particularmente, Norman Light foi o melhor desenhista das aventuras clássicas do Marvelman até agora. Completam o gibi ilustrações pin-up, para as capas norte-americanas variantes, de Dave Gibbons, Adam Kubert e Dale Keown. Desta vez, dá pra saber de quem é a ilustração da capa: John Romita Jr. e T.P. Mounts. Os editores da Panini sempre esquecem de creditar a ilustração da capa, dá pra acreditar?!

Os tempos estão bicudos, mas não é motivo para deixar de acompanhar a saga. O preço de R$ 7,50 continua!
E que o Grande Desenhista do Universo permita a continuidade do gibi! Tanto aqui como nos Estados Unidos!
Para encerrar, hoje resolvi fazer uma ilustração, digamos assim, romântica, de Mick Moran e sua esposa Liz, ambos sob o signo do Miracleman. Infelizmente, Miracleman ainda não passa pelo Teste de Bechdel (teste, mais aplicável ao cinema, para determinar o nível de participação feminina em blockbusters): até agora, só há uma personagem feminina com nome, Liz Moran. Mas, até agora, ela tem cumprido um bom papel como companheira do herói. Não de ação, mas como confidente. E ela ainda espera pela filha do Miracleman, a nascer em breve (e não falo isso porque estamos, já, no Dia dos Pais). Vamos aguardar o que vai acontecer.
Até mais!

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