terça-feira, 15 de julho de 2014

Balanço (pessoal) da Copa 2014

Olá.
Hoje, resolvi, para enterrar o assunto de uma vez por todas, fazer um balanço pessoal da Copa do Mundo no Brasil.

Ao que parece, as piores consequências previstas para o caso de uma derrota do Brasil na Copa não se concretizaram e nem se concretizarão. Ainda. Porque o torcedor brasileiro já chegou à quinta fase de um "viciado em seleção brasileira": a aceitação.
Caso não saibam, os torcedores fanáticos da Seleção Brasileira, nos grandes campeonatos (Copa do Mundo, Copa América, Pré-Olímpico, Copa das Confederações...), e diante de iminentes derrotas do time, manifestam cinco fases: a negação ("Calma, o jogo ainda não acabou, estamos aos quarenta do segundo tempo, dá pra Seleção ao menos empatar o jogo!"); a raiva ("A culpa foi desse juiz piiih que ficou apitando contra o time! E desse técnico piih que não treinou o time direito!!"); o misticismo ("Oh, meu Deus, por favor, fazei com que eu esteja sonhando, que o Brasil não está perdendo... dizei que estou dormindo e quando acordar o Brasil faça bonito e ganhe de virada..."); a depressão ("Eu não estava sonhando! Aconteceu mesmo! O Brasil perdeu!! A culpa foi toda minha!!! Se eu tivesse torcido direito isso não teria acontecido! Eu quero morrer!!!"); e a aceitação ("Ah, tudo bem, no próximo campeonato teremos um time melhor, iremos nos recuperar e fazer bonito como sempre!"). Aprendi na revista MAD.
Bem, já chegamos à fase da aceitação: não há como voltar atrás, o Brasil deixou o hexacampeonato na Copa do Mundo fugir de suas mãos de novo. Bola pra frente, faremos uma nova tentativa na Rússia. E todos aqueles clichês otimistas. Não que eu não esteja sendo otimista, acho que fui eu que ainda não passei totalmente pela fase da aceitação. Mas já estou me conformando.
Ou não: ainda temo que digam que a Copa do Mundo no Brasil foi a pior que já houve. Apesar da nota do presidente da Fifa (9,2, se não estou enganado), é algo que nem todos conseguiram engolir.
Tudo bem, o brasileiro acolheu bem os turistas demonstrou seu acolhimento, e garantiu que os turistas voltassem futuramente. Os aeroportos, ao que parece, deram conta da demanda - e era o nosso medo, os aeroportos falharem com sua parte. Isso já salva o Mundial. Mas ainda há muito o que criticar. E isso meus amigos nas redes sociais não me deixam esquecer. A maioria dos meus amigos, atualmente mantendo contato através das redes sociais, no afã de se juntarem à "parcela pensante da população", se entregaram ao criticismo ferrenho, daquele que estraga o dia de qualquer pessoa. Como manter o otimismo ao lembrar que o Ronaldo Nazário disse que "A Copa é feita de estádios e não de hospitais", querendo dizer que é melhor investir na Copa do que na saúde e na educação, que estavam desmoronando?! Estes acabaram assumindo a vocação que os brasileiros assumiram no início do século XXI: reclamar da vida e das instituições, e nada mais que isso. Apresentar soluções para esses problemas? Depois, a gente vai se entreter com o quê?!
E essa falta de otimismo, pelo que pude pensar, teve sua maior expressão já na cerimônia de abertura da Copa: nela, foi feita uma demonstração de um avanço científico dirigido por um Brasileiro: o cientista Miguel Nicolelis fez com que o paraplégico desse um chute numa bola usando um engenho comandado pelo cérebro. Mas esse evento não teve destaque: foi num cantinho do campo, longe das vistas da multidão, distraídas com as pessoas fantasiadas, a grande bola mecânica, a Cláudia Leitte (com semi-cosplay de Galinha Pintadinha, segundo uma piada da internet... Ih IIIH ih ih ih ih!) e a Beyoncé... Pô, era um avanço científico de um brasileiro, que podia nos dar nosso primeiro Nobel! Por que não colocaram o rapaz e seu engenho mecânico no centro do campo?! A ciência tem mesmo pouco prestígio dentro do país. E isso é triste, muito triste.
Presságio de que as coisas poderiam sair errado? Tivemos com o primeiro gol da Croácia, no primeiro jogo, e no fato de nosso primeiro gol sair de uma jogada irregular. Aliás, houve muitos lances polêmicos na Copa, os juízes estavam demonstrando estar mal preparados para tudo. Ou será que foram comprados? Só faltava essa, no paraíso da corrupção. De todo modo, só faltava também dizerem que a Copa do Brasil de 2014 superou a Copa da Coreia-Japão de 2002 como a "Copa dos erros de arbitragem".
A mordida do uruguaio Suárez no ombro do italiano foi o fato mais marcante. Só para lembrar: na final da copa de 2006, o francês Zidane encerrou sua carreira no futebol dando uma cabeçada... em um italiano. Muito estranho...
Todo mundo esperava da Seleção Brasileira neste mundial. Afinal, tínhamos Neymar. E era, ao que parecia, o nosso único jogador decente. Além do goleiro Júlio César. E, segundo os críticos... David Luiz só tinha cabelo. Fred estava muito parado. Oscar teve seu destaque. Hulk só tinha músculos. E o restante do time era formado de pés-de-chumbo. Não sabiam povoar o meio de campo, não sabiam chutar quando tinham boas oportunidades, deixavam o adversário armar a defesa... e só podia dar no que deu: nem um terceiro lugar para compensar. E com o pior saldo de gols de toda a sua história. Ninguém vai esquecer aquele 7 a 1 da Alemanha. E eu ouvi comentários por aí: "Felipão só entrou nessa pelo dinheiro. Se traiu".
A Seleção não tinha como reclamar: ao menos os jogadores garantiram seu cachê milionário. Mas mereceram? Até isso estão criticando.
Luís Felipe Scolari ganhara a Copa de 2002, tinha confiança, mas no fim, o bode expiatório foi ele. Escalou errado a seleção, etc.
No fim, que pentacampeões que nada. Chegamos até aquela altura do campeonato por pura sorte, isso sim.
Sobre o resultado da Copa? Sabem de uma coisa? Era para a Argentina ter ganho. Ao menos, os brasileiros se sentiriam vingados dos alemães. A Alemanha ganhou, com merecimento, mas queria que a Argentina tivesse ganho. A Argentina! (Vamos, podem cair em cima de mim, podem dizer que fiquei louco... Mas essa é a verdade.)
Recuperamos um motivinho para troçar dos hermanos, mas quem merece ser troçado somos nós. Nós! Nós que precisamos de uma lição de humildade! Nós que estávamos confiantes demais! Nós que gastamos uma fábula para construir estádios, alguns que não vamos usar depois do mundial, etc... Quem ganhou foi a torcida "coxinha", que queria que tudo desse errado só para o brasileiro aprender o que era realmente importante: que estávamos sendo manipulados pelo governo, pela mídia, etc. E agora, segundo os críticos, temos de nos concentrar no que é realmente importante: os israelenses e os palestinos estão se matando enquanto o futebol estava em festa. Ah, não! Se querem fazer alguma coisa a respeito da Palestina, que vão lá ajudar! Já temos nossos próprios problemas a resolver.
Pior que a farra da gastança ainda não terminou: em 2016 temos as Olimpíadas no Rio de Janeiro.
Voltando ao universo futebolístico: eu queria que a Costa Rica tivesse avançado no mundial. Mas não, deu Holanda. Afinal, a Costa Rica era um time improvável que surpreendeu. Merecia ter ido mais longe.
E não podemos fazer nada a respeito: a Copa acabou como acabou, e, ao que parece, foi um sucesso, apesar de tudo. Mas isso não vai garantir a reeleição da presidente Dilma, ah, como não vai. Se ela conseguir a reeleição, isso também há de ser surpreendente.
Posso estar sendo tão "coxinha" quanto os "coxinhas", mas não posso deixar de comentar o que vi e ouvi a respeito, embora não tenha vocação para Alexandre Garcia. Passada a Copa, eu vou voltar ao que realmente importa neste blog: quadrinhos, livros, música, filmes, desenhos animados, cultura geral. Afinal, este é um "blog informativo, cultural e artístico", não um blog "informativo, opinativo e jornalístico".
Mas não tenho do que reclamar: a Copa também me deu mote para exercitar o lado chargista. Algumas delas ilustram esta postagem. Todas expostas na Expo Copa Virtual no blog do Quadrinhos S. A. (http://quadrinhossa.blogspot.com.br/), que também vai chegando ao seu fim. A festa acabou, temos de voltar a trabalhar e recuperar o que perdemos em termos de confiança nacional e internacional.
Para enterrar o assunto de uma vez por todas, uma charge inédita: uma "pior consequência possível da Copa no Brasil". Depois do que a seleção brasileira passou, nos próximos campeonatos mundiais de futebol, agora temos na Alemanha e na Holanda adversários que iremos acompanhar com apreensão - em tempos remotos, era adversários que não nos causavam tanta preocupação. Agora, depois destas goleadas sofridas, as futuras seleções brasileiras entrarão em campo "se gelando" dessas seleções... Tomara que um próximo confronto direto com Alemanha ou Holanda agora esteja distante.
Mas, e a Argentina? Podemos troçar com a Argentina por ter ficado em segundo no Mundial, não ter conseguido o tricampeonato. Mas não foram eles que levaram sete gols na semifinal, mais três na disputa do terceiro lugar e ainda terminou em quarto. Somos nós que merecemos. Não eles.
E agora, de volta ao trabalho. Chega de bancar o "coxinha". Pelo menos, o Campeonato Brasileiro continua: o futebol ainda não foi renegado pelo Brasil. Se não tivermos com o que reclamar, ao menos um entretenimento alternativo está garantido. Podia comentar ainda sobre o aumento do turismo sexual (provável), da máfia dos ingressos, das obras superfaturadas, mas já me alonguei demais. E eu disse que ia encerrar o assunto, não?
E não esqueçam, amiguinhos: em outubro, temos eleições. Votem com consciência! Vamos ver se os resultados da Copa influenciam ou não no resultado.
E em 2016 temos Olimpíadas no Rio de Janeiro!
Até mais!

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