domingo, 2 de fevereiro de 2014

História dos Quadrinhos no Brasil - 3a edição - parte 4 (final)

Olá.
Hoje, publicaremos a última parte da versão revista e ampliada da cronologia das Histórias em Quadrinhos no Brasil. Com muito mais fatos e ilustrações, cobrindo grande parte da produção de quadrinhos do Brasil. Para provar que, apesar da falta de reconhecimento, empenho é o que não falta a quem de dedica à Nona Arte dentro do país!
Hoje, para mandar a cronologia de vez para o espaço, os anos 90, 2000 e 2010.



DÉCADA DE 90
Essa década começa mal para as HQ brasileiras: os malfadados planos econômicos, sobretudo o Plano Collor (que faz as vendas caírem, em 1992, para a metade dos 72 milhões de exemplares vendidos no ano anterior), minam a indústria cultural brasileira, inclusive a de HQ, que paralisa. Para completar, o governo Collor extingue a Funarte (Fundação Nacional de Artes), que distribuía muitos autores nacionais. Muitos títulos, ao longo da década, são cancelados, e até a segunda metade dos anos 90, pouca coisa de relevante se produziu. Por volta de 1997, a indústria das HQ brasileiras ensaia uma retomada com as iniciativas de muitas editoras – muitos artistas da década são influenciados pelo estilo mangá, que aporta no país através da televisão e dos mangás japoneses, que nesse período são publicados no modo japonês de leitura, invertido. Outra influência para as HQ nacionais está nos jogos de RPG (Role-Playing Game), que se popularizam no país a partir dessa década; tudo isso é o germe dos chamados “mangás brasileiros”. Além disso, ainda nessa época, os desenhistas brasileiros começam a desenhar no exterior, especialmente super-heróis para as maiores editoras de HQ dos EUA (Marvel e DC), chamando a atenção dos outros países. Principais fatos do período:
· 1991 Ocorre a I Bienal Internacional de HQ, no Rio de Janeiro. Nesse evento, é premiado Transubstanciação, de Lourenço Mutarelli, lançado neste mesmo ano, pela editora Graphic Dealer, a primeira graphic novel de um dos mais premiados quadrinhistas do Brasil (Transubstanciação fatura ainda o Ângelo Agostini e o HQ MIX). Ao longo da década, Mutarelli fatura outros prêmios nacionais com álbuns como: Desgraçados (Vidente, 1993), Eu te amo, Lucimar (Vortex, 1994), A Confluência da Forquilha (Lilás, 1997), a trilogia O Enigma do Enigmo ou Trilogia do Acidente, (Devir) com o detetive Diomedes, seu primeiro personagem fixo: O Dobro de Cinco (1999), O Rei do Ponto (2000) e A Soma de Tudo (dividida em duas partes: a 1 sai em 2001, e a 2, em 2002); A Caixa de Areia (Devir, 2005) e Quando Meu Pai se Encontrou com o ET Fazia um Dia Quente (Companhia das Letras, 2011), além de coletâneas de histórias curtas, Sequelas (Devir, 1998) e Mundo Pet (Devir, 2004). Mutarelli ainda produz romances, como O Cheiro do Ralo (2002), Jesus Kid (2004), O Natimorto (2004), A Arte de Produzir Efeito Sem Causa (2008), Miguel e os Demônios (2009) e Nada me Faltará (2010), e tem passagens, diretas e indiretas, pelo cinema: seus desenhos foram inseridos no filme Nina (2004), de Heitor Dhália (passagem indireta); em 2007, o mesmo Dhália adapta O Cheiro do Ralo para o cinema (passagem direta), filme que se torna cult apesar do baixo orçamento; e em 2009, o diretor Paulo Machline adapta O Natimorto para o cinema, com o próprio Mutarelli no elenco (outra passagem direta); Andréa, a Repórter, de Aluir Amâncio, pela editora Abril, gibi voltado ao público juvenil (a série dura três números); pela editora Book, O Entrincheirado Hans Ribbentrop, graphic novel de Luís de Abreu e José Duval; Primeira aparição, na revista Almanaque Phenix Superação, da editora Phenix, do herói Vingador Mascarado, de Sebastião Seabra, artista também conhecido pelos trabalhos realizados no exterior; é publicado o livro Mangá – O Poder dos Quadrinhos Japoneses, de Sônia Bibe Luyten, pela editora Estação Liberdade, versão de sua tese de doutorado (Luyten foi a primeira estudiosa do mundo a tematizar os mangás numa tese de doutorado) que chama a atenção dos brasileiros para os mangás japoneses.
·  1992Pela editora Vidente, aparece a revista Pau Brasil, coletânea de HQ nacionais adultas que durou 8 números. Nesta revista, foram publicadas, dentre outras, as séries Meta-Humanos, de João Pacheco, Quebra-Queixo, de Marcelo Campos, e Piratininga, de Arthur Garcia (série iniciada na revista Porrada! Special); Primeira aparição do herói Meteoro, criação de Roberto Guedes, nos círculos alternativos (o personagem foi concebido em 1987, e quase foi publicado pela editora Phenix; devido, porém, ao fechamento da editora, o primeiro número do personagem foi lançado de forma independente. O autor reformula o personagem nos anos 90 – ao todo, são três versões diferentes do herói). Meteoro ganha um gibi pela editora Júpiter 2, em 2007, com republicações de material clássico; E, em 2010, reformulando levemente o herói, Guedes inicia a publicação da revista-fanzine Almanaque Meteoro, com matérias, quadrinhos do personagem e de outras criações do autor, como Patrulheiro Audacioso e Zan-Garr da Valáquia, bem como novas histórias de personagens clássicos como Capitão 7 e Chet. Guedes também é conhecido como um dos grandes pesquisadores sobre HQ do país, tendo publicado vários livros, como Quando Surgem os Super-Heróis (2004), A Saga dos Super-Heróis Brasileiros (2005), ambos pela editora Opera Graphica, A Era de Bronze dos Super-Heróis (2008), pela HQM editora, e Stan Lee – O Reinventor dos Super-Heróis (2013) pela editora Kalaco, primeira biografia do célebre criador dos heróis da Marvel Comics escrita no Brasil; Rocky e Hudson, do gaúcho Adão Iturrusgarai (esses personagens ganham, em 1994, um curta-metragem de animação dirigido por Otto Guerra); primeira aparição do personagem Zé Gatão, de Eduardo Schlosser (o autor publica, de forma independente, um álbum do personagem em 1997; mais tarde, em 2001, Zé Gatão ganha um novo álbum pela editora Via Lettera); o Grupo de Risco, formado em 1991 na cidade de Santa Maria, RS, pelos cartunistas Byrata, Elias Ramires Monteiro, Máucio (Mário Lúcio Bonotto Rodrigues) e o escritor Orlando Fonseca, lançam a revista humorística Garganta do Diabo, onde se publicaram textos e desenhos não só dos autores, mas de outros artistas da região. Durou 17 edições até 1997, e uma edição especial lançada em 2004. O Grupo de Risco também começa a promover, por volta de 1996, o evento Santa Maria Cheia de Graça, mostra competitiva de cartunismo, com duas edições realizadas com a presença de artistas do Brasil e do exterior;
·  1993 – Pela editora Vidente, sai a série Cyber – Máquinas + Heróis, de João Pacheco e Arthur Garcia. Nessa revista, são publicadas três séries produzidas pelos autores: Meta-Humanos (continuação da série iniciada em Pau Brasil), Combatrons e Super-Heróis Brás. A revista dura dois números; o gaúcho Allan Sieber, pela editora ADM (Agentes do Mal), lança a revista Glória, Glória, Aleluia, vencedora de três HQ MIX (os números seguintes foram publicados pela Edições Tonto); pela editora Book, Tempos de Guerra, graphic novel de José Duval; por volta desse ano, os artistas Henrique Kipper, Marcelo Campos e Watson Portela, agenciados por uma empresa brasileira, desenham para as maiores editoras dos EUA – Marvel e DC – e também para algumas editoras menores, como a Malibu e a Innovation. São eles que abrem caminho para outros brasileiros desenharem no exterior – a partir de 1995, a segunda leva provoca um verdadeiro boom brasileiro: Mike Deodato (Deodato Borges Filho), Roger Cruz, Joe Benett (Bené Nascimento), Aluir Amâncio e Emir Ribeiro são alguns deles. E a lista continua a crescer até hoje: Octávio Cariello, Ed Benes (José Edilbenes Bezerra), Ivan Reis, Luke Ross (Luciano Queirós), Daniel HDR, Fábio Moon e Gabriel Bá, Rafael Grampá... alguns dos nomes citados tiveram de ser “americanizados” para facilitar a entrada no mercado americano. O ponto alto da experiência se dá a partir do século XXI, quando alguns desses brasileiros – entre eles Benett, Benes e Reis – conseguem contratos de exclusividade com as editoras americanas (no caso dos três citados, pela DC Comics). E, no correr da década de 2000, os artistas brasileiros são escalados para desenhar importantes eventos das editoras – é o caso de Ivan Reis, que desenhou os arcos 52 e A Noite Mais Densa, da DC Comics; uma das primeiras experiências editoriais brasileiras no exterior foi A Rainha dos Condenados, adaptação do romance de Anne Rice escrita por Faye Perozich e ilustrada pelo recifense Octávio Cariello, pela editora americana Innovation, célebre pelo desenhista haver se inspirado nas feições de políticos brasileiros como Fernando Collor e Delfim Netto para compor os personagens;
·   1994 – Laerte Coutinho lança a revista Piratas do Tietê, pela editora Circo Sampa, estrelada por seus personagens mais célebres, que, além da série de tiras publicadas desde 1991, ganham uma adaptação para o teatro em 2003 – Piratas do Tietê, o Filme – pelo Teatro Popular do SESI (pela mesma editora, ele lança a revista Striptiras, estreladas pelos personagens mais conhecidos de sua tira: Gato e Gata, Condôminos, Hugo, Deus e muitos outros). Pela mesma Circo Sampa, Adão Iturrusgarai começa a editar a revista BigBangBang, que dura quatro números. Nessa revista, Adão publica HQs de seus personagens Rocky & Hudson e Família Bíceps; Gatão de Meia-Idade, nova série de tiras de Miguel Paiva (em 2005, essa HQ ganha adaptação cinematográfica, por Antônio Carlos da Fontoura); pela editora Escala, aparece o gibi Força Ômega, de João Pacheco e Arthur Garcia, que dura três números (nessa revista, também nasce Pulsar, de Garcia, que mais tarde teria histórias publicadas na revista Master Comics [ver adiante]); Esquadrilha da Fumaça, quadrinização das aventuras do Esquadrão de Demonstração Aérea da Aeronáutica, por Pacheco e Garcia, publicado pela editora Infoprint-Price, com duração de 4 números; Senninha, personagem baseado no piloto Ayrton Senna criado por Rogério Martins e Ridaut Dias Jr., ganha gibi próprio, pela editora Abril, com relativo sucesso (no embalo da comoção gerada pela morte do piloto), uma vez que a revista era financiada pelo Instituto Ayrton Senna. A partir do número 98, o gibi do personagem passa a ser editado pela Brainstore, em 1999. A série foi reeditada em 2008, pela editora HQM; Aline, de Adão Iturrusgarai, personagem mais célebre do autor (que ganha uma adaptação para a TV em 2009, em formato minissérie, pela Rede Globo); pela editora Trama (mais tarde, Talismã), aparece a revista Dragão Brasil, editada por Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J. M. Trevisan, uma das mais famosas revistas de RPG do país, e da qual deriva o título Tormenta (nome da aventura oficial da revista, ambientada no mítico mundo de Arton, tema de muitas HQ e romances) e a HQ Holy Avenger. Cassaro, Saladino e Trevisan são os criadores do sistema de RPG Defensores de Tóquio, inicialmente satirizando as séries japonesas, que logo depois evoluiria para Advanced Defensores de Tóquio (AD&T), Defensores de Tóquio 3ª. Edição (3D&T), e a quarta e atual edição, 4D&T; pela editora Nova Sampa, em parceria com a Acme (atual Conrad), aparece a revista Herói, a primeira revista informativa sobre quadrinhos, cinema e desenhos animados. Concebida por Franco de Rosa, Carlos Cazzamata e Mauro Martinez dos Prazeres, a Herói marcou época, pois, publicando matérias sobre a série japonesa Cavaleiros do Zodíaco, então o maior sucesso da TV brasileira, foi a mais importante revista informativa sobre animes e mangás japoneses, e outras editoras começaram a lançar revistas similares, algumas cópias pioradas da Herói. Inicialmente mensal, virou semanal, durando 88 edições. Foi reformulada em 2000 e em 2003, mas hoje só subsiste na internet, como site de entretenimento; Na França, começam a sair, pela editora Dargaud, os álbuns da série Os Mundos de Aldebaran, de Leo (Luiz Eduardo de Oliveira). A série foi lançada no Brasil pela Panini em 2006;
·  1995 – É publicada pela Nova Sampa a Graphic novel À Meia-Noite Levarei Sua Alma, adaptação de José Mojica Marins e Laudo Ferreira Júnior do filme de Zé do Caixão de 1963; O cartunista Walmir Americo Orlandeli inicia a tira Violência Gratuita, no jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto (SP). É nessa tira que surge Grump, o personagem mais conhecido do autor; Pela Ediouro, aparece a Coleção Assombração, que dura oito números e três especiais. A revista, com cada um dos números temáticos, dá um novo respiro para o gênero terror brasileiro, e teve trabalhos clássicos e recentes de artistas como Flávio Colin, Júlio Shimamoto, Mozart Couto, Elmano Silva, Fernando Miller e Ronaldo Devil; Pela editora Escala, aparece a revista Master Comics, que publicava, junto com matérias sobre entretenimento, televisão e quadrinhos, HQs de heróis de artistas brasileiros: Aton – O Cavaleiro da Estrela, de Rodrigo de Góes e Martinez; Blue Fighter, de Alexandre Nagado, e Pulsar, de Arthur Garcia. A revista dura três números; aparece Katita, uma das mais importantes personagens homossexuais das HQ brasileiras, criação de Anita Costa Prado e cujo principal desenhista é Ronaldo Mendes (a personagem ganha uma edição independente em 2005, Katita: Humor e Malícia, e três álbuns, todos lançados pela editora Marca de Fantasia: Katita: Tiras Sem Preconceito [2006], Katita: O Preconceito é um Dragão [2010] e Katita: Maré Cheia... de Sereia [2012]); aparece a versão brasileira da revista Heavy Metal, um dos mais mundialmente conhecidos títulos de fantasia, pela editora de mesmo nome (que posteriormente, mudaria seu nome para Metal Pesado, e a seguir, para Tudo em Quadrinhos (TEQ). A editora é incorporada à Fractal, e por último pela Atitude, que cancela a linha de HQ da editora; tudo isso antes de 1999, tornando a Metal Pesado/TEQ uma das editoras mais polêmicas da década, pois ela publicava no Brasil muitos títulos do selo Vertigo da DC Comics, como Preacher e Hellblazer, cancelados antes de seu término, escandalizando muitos fãs).
·   1996Pela editora Abril, aparece o ousado gibi infantil Turma do Barulho, criado por Jotah (José Roberto de Carvalho) e Sany. Polêmico, o gibi dura cinco números, e, no ano seguinte, tem mais seis números publicados pela Editora Press; Aparecem, na revista de música Rock Brigade, os personagens Roko-Loko e Adrina-Lina, de Márcio Baraldi (definidos como “os personagens mais rock’n roll dos quadrinhos”). Além de quatro álbuns publicados pela editora Opera Graphica, Roko-Loko e Adrina-Lina dão origem a um jogo de computador, Roko-Loko no Castelo do Ratozinger. Além dos álbuns de Roko-Loko, Baraldi tem em seu currículo os álbuns Humor Tífero e Vale Tudo, de sátiras (este último teve participação de Marcatti e Bira Dantas) e coletâneas dos personagens Rap Dez, Tatoo Zinho e Vapt Vupt; Allan Sieber publica a tira Bifaland pelo jornal Folha de São Paulo; Fala, Menino!, tira infantil de Luís Augusto; Pela editora Magnum, aparece a revista informativa Animax, sobre animes e mangás japoneses, cuja equipe era egressa da Nova Sampa, onde editavam a revista informativa Japan Fury. A Animax, que durou 50 edições, deu origem, no ano seguinte, a duas revistas em estilo mangá: Hypercomix (que dura 14 números), de sátira a séries de TV, e Megaman (16 números), baseada no célebre personagem dos videogames. Ambas tiveram suas histórias desenhadas pelos leitores, escolhidos através de campanha da própria Animax (esta revista revelou os artistas Eduardo Francisco e Érica Awano), sendo a primeira e única experiência bem-sucedida de se abrir oportunidades para novos talentos dos quadrinhos nacionais;
·  1997 – Dentro das Striptiras de Laerte, aparece o anti-herói Overman; Os Pescoçudos, de Caco Galhardo (Antônio Carlos Galhardo), tira onde surgem alguns dos personagens mais célebres do artista paulista, como Pequeno Pônei, Miriam Poodle e Chico Bacon; Luís Gê lança a série interativa Netxcalibur, uma das primeiras manifestações das HQ brasileiras na internet; na revista Metal Pesado, um grupo de artistas paranaenses (Alessandro Dutra, Gian Danton, José Aguiar, Antônio Éder, Luciano Lagares, Tako X, Edson Kohatsu, Augusto Freitas e Nilson Miller), numa homenagem à Gibiteca de Curitiba, lançam O Gralha, a versão atualizada de um antigo e obscuro super-herói, o Capitão Gralha, criado pelo obscuro artista paranaense Francisco Iwerten no início dos anos 40. No ano seguinte, o herói ganha uma página semanal no jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, e estrela dois curtas-metragens de cinema, ambos dirigidos por Tako X: O Gralha – O Ovo ou a Galinha? (2002), e O Gralha e o Oil-Man – Um Encontro Explosivo (2004); por volta desse ano, a editora Trama investe nas HQ desenhadas por artistas brasileiros, com influências dos mangás japoneses, dos jogos de RPG e das HQ da editora norte-americana Image Comics. Alguns dos títulos que apareceram, todos no formato minissérie: Godless, de William Shibuya e Márcio Alex Sunder (4 números), Blue Fighter, de Alexandre Nagado e Arthur Garcia (remake da série publicada na revista Master Comics, 3 números), U.F.O. Team, de Marcelo Cassaro e Joe Prado (4 números) e Capitão Ninja, de Cassaro e Marcelo Caribé (3 números); aparece o fanzine 10 Pãezinhos, editado pelos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá (algumas histórias desse fanzine são republicadas em uma série de álbuns: O Girassol e a Lua [2000], Meu Coração Não Sei Por Quê [2001], ambas pela editora Via Lettera, Crítica [2004], Mesa para Dois [2006] e Fanzine [2007], estas pela editora Devir). Em 2013, o diretor Amilcar de Oliveira adapta Mesa para Dois na forma de um curta-metragem, com Lourenço Mutarelli no elenco; aparece, pela editora Escala, a revista Bichos do Mato, de quadrinhos ecológicos, com arte de Dadí (Inês Castro), que dura duas edições; é criada, em Porto Alegre, a Edições Tonto, editora que publica material de artistas alternativos. Uma das atrações da editora é a coleção Mini Tonto, de livrinhos de HQ, vencedora do prêmio HQ MIX de melhor projeto gráfico desse ano, que teve 17 títulos lançados, a saber: Mulher Preta Mágica, de L. F. Schiavon; Roma, de Eduardo Oliveira; Chumalocatera, de Eloar Guazzelli; Urrú, de MZK; O Apocalipse Segundo Dr. Zeug, de Fábio Zimbres; As Piadas Vagabundas do Steven, de Allan Sieber; As Primeiras Tragadas do Dia, de Sylvio Ayala; Réquiem, de Lourenço Mutarelli; 3.600 Milhas, Pedalando os Estados Unidos, de Eduardo Schaan; As Últimas Palavras, de Sieber; Pinóquio Vai à Guerra, de Elenio Pico; Dimensão Z, de Fido Nesti; Mellitus, de Jaca; JC – Duas Histórias Hereges, de Angel Mosquito; Comércio, de Guilherme Caldas; Nunca Pasa Nada, de Gabriel Frugone; e Hermes e as Charlenes, de Mariana Massarani; Marcelo Campos, Roger Cruz, Octavio Cariello, Rogério Vilella e JP Martins fundam a Fábrica de Quadrinhos, estúdio e escola de artes (que daria origem à Quanta Academia de Artes, uma das maiores escolas de arte do Brasil – mesmo depois de vários de seus sócios terem abandonado a sociedade original); aparece o fanzine Tsunami, em estilo mangá, editado por Denise Akemi, que reúne séries regulares e histórias curtas. Mais tarde, o fanzine gera uma revista: em 2000, pela editora Brainstore, (2 números), e em 2002, pela editora Talismã (5 números). Dentre os colaboradores dessa revista, além da própria Denise Akemi (e sua série Tekishin), estão: Gilson Kitsune (criador de Kiddy e Mateus e Anjos Caídos), Roberta Pares, Érica Horita (com Ethora) e outros. Algumas histórias dos personagens que apareceram nessa revista também foram publicadas na revista Dragão Brasil; Na internet, Arnaldo Branco lança o blog Mau Humor, onde publica as tiras de suas principais séries: Mundinho Animal, Capitão Presença, Joe Pimp e Agente Zerotreze (este último, com desenhos de Cláudio Mor); A ABRADEMI promove, na Associação Shizuoka, no bairro da Liberdade, em São Paulo, o evento Mangacon II (o primeiro, promovido no ano anterior, era restrito aos membros da associação), que se constitui em um dos mais importantes eventos de anime e mangá – as reuniões de fãs e artistas da cultura pop japonesa – no Brasil. De certa forma, seguindo os passos do primeiro evento, criado pelo grupo ORCADE em 1988. A ele seguem-se eventos como o Animencontro, em Curitiba, no mesmo ano, o AnimeCon, em São Paulo (1998, e considerado o maior da América Latina), o Anime Friends, também em São Paulo (2003) e muitos outros pelo Brasil, que trazem para o país grandes personalidades do cenário pop japonês, como o cantor Hironobu Kageyama, e promovem, entre outras atividades, os concursos de cosplay (pessoas fantasiadas como personagens de HQ e desenhos animados – esse tipo de concurso ganhou muita importância a partir do início do século XXI, e teve como ponto culminante o ano de 2006, quando os irmãos Mônica e Maurício Somenzari Leite Olivas ganharam o mais importante torneio mundial de cosplay, o WCS [World Cosplay Summit]).
·   1998 – Pela editora Nova Cultural, aparece o gibi de Aninha, personagem baseada na apresentadora de TV Ana Maria Braga, produzido pelo Estúdio Ponkan, que durou 25 números (e gerou um spin-off, o gibi do personagem Louro José); primeira aparição da heroína Mulher Estupenda, criação de JJ Marreiro, nos círculos alternativos (essa HQ objetiva resgatar a ingenuidade das histórias de super-heróis da Era de Ouro); Franco de Rosa e Carlos Mann fundam a editora Opera Graphica, vinculada à loja Comix Book Shop, de São Paulo (a maior loja de HQ do país). A Opera Graphica foi uma das mais importantes editoras de HQ do início do século XXI, pois além de muito material estrangeiro, como os álbuns de Príncipe Valente, Fantasma, 100 Balas e Sandman, e quadrinhos clássicos sob selos como a Opera King, também lançou álbuns de autores nacionais, como as coletâneas Volúpia, Sombras e Musashi, de Júlio Shimamoto, Paralelas II e A Última Missão, de Watson Portela (este último homenageando os super-heróis de Eugênio Colonnese), O Espírito da Guerra e Mirza, de Eugênio Colonnese, Velta, de Emir Ribeiro, Lobisomem, de Gedeone Malagola, Nosferatus, de Arthur Garcia, e muitos outros – o porém era o fato da distribuição dessas publicações ter sido limitada às lojas da rede Comix (as tiragens foram limitadas a 1000 exemplares autografados pelos autores), e poucas delas terem chegado às bancas. Além disso, a editora publicou livros teóricos sobre HQ, como Anos 50 – 50 Anos, de Álvaro de Moya (sobre a Exposição Internacional de HQ de 1951), Quando os Macacos Dominavam a Terra (sobre a franquia Planeta dos Macacos) e Sexo, Glamour e Balas (sobre o agente secreto James Bond), ambas de Eduardo Torelli. A Opera Graphica fecha em 2008, mas anuncia sua reabertura no início de 2013; Sottovoce – A Morte Fala Baixo, de Edgar Vasques; pela editora Escala, aparece a revista HQ – Revista do Quadrinho Brasileiro, coletânea de histórias adultas de autores nacionais, que durou 9 números; Xaxado, do baiano Antônio Cedraz (criador também dos personagens Joinha, Zé Bola e Pipoca. Além de várias coletâneas de tiras, em 2010 Xaxado ganha um gibi, pela editora HQM); na internet, aparecem pela primeira vez os Combo Rangers, criados por Fábio Yabu (em 2000, os personagens ganham os gibis, pela editora JBC, com duração de 12 números, e em 2002, uma segunda série, Combo Rangers Revolution, sai pela Panini, com duração de 10 números). Yabu também é conhecido como o criador das personagens Princesas do Mar, que estrearam numa série de livros iniciada em 2004, e que ganharam uma adaptação para desenho animado. Em 2013, os personagem retornam em álbum editado pela editora JBC, Combo Rangers – Somos Heróis, financiado através de crowdfunding (financiamento coletivo via internet); Numa série de livros de livros de língua portuguesa de Ensino Fundamental da autora Norma Goldstein, aparecem pela primeira vez os personagens Os Pleistocênicos, de Dadi. Em 2000, eles ganham uma tira de jornal no Caderno Criança do Correio Popular de Campinas, SP, e um gibi, dentro da série Graphic Talents de Editora Escala (ver adiante); pela editora Hedra, Lampião... Era o Cavalo do Tempo Atrás da Besta da Vida, de Klévisson (Antônio Klévisson Viana Lima), sobre os últimos dias de vida do cangaceiro Virgulino Ferreira de Souza – e vencedor do HQ Mix; na revista Dragão Brasil, são publicadas as primeiras histórias da série Holy Avenger, nascida como uma campanha de RPGno ano seguinte, chega às bancas o gibi homônimo, pela editora Trama/Talismã, escrito por Marcelo Cassaro e desenhado por Érica Awano. Holy Avenger é a mais bem-sucedida HQ brasileira no estilo mangá e o único gibi não-infantil brasileiro a alcançar mais de 40 números (no total, 47: 42 da série regular e 5 especiais, com a origem dos personagens principais, e sem contar o artbook [livro de ilustrações] A arte de Holy Avenger e um audiodrama [CD com uma história das HQ interpretada por dubladores] dirigido pelo ator-dublador de séries de TV Guilherme Briggs). Recentemente, a série é republicada em dois formatos: a VR (Versão Remasterizada), pela Talismã, interrompida no número 7, e a Reloaded, pela editora Mythos, interrompida no número 10. Tratam-se da série original, com retoques na arte (como aplicação de novas retículas). Além de Cassaro e Awano, também já trabalharam na série Petra Leão, Fran Elles Briggs (ambas roteiristas dos especiais da série; esta última é esposa de Guilherme Briggs) Lydia Megumi, Eduardo Francisco e Denise Akemi (desenhistas dos especiais) e Ricardo Riamonde (colorista da série regular). Em 2008, Holy Avenger foi a primeira HQ brasileira reconhecida como um verdadeiro mangá pelo governo japonês – Cassaro e Awano foram certificados por Taro Aso, Ministro das Relações Exteriores do Japão, como finalistas do 1º Concurso Internacional de Mangá, sendo os primeiros brasileiros a receber tal certificação; No mesmo ano, e na mesma editora Trama, também são lançadas: Lua dos Dragões, de Cassaro e André Vazzios (a mais premiada minissérie nacional); e duas quadrinizações de personagens dos videogames produzidas por brasileiros: Street Fighter Zero 3, de Cassaro e Awano, e Mortal Kombat 4, de Cassaro e Eduardo Francisco; Por volta desse ano, o mineiro Lacarmélio Alfeo de Araújo começa a produzir a revista do personagem Celton. Lacarmélio, conhecido também pelo nome de seu personagem, também é célebre pela forma extravagante como vende as revistas nas ruas de Belo Horizonte, e também como exemplo de perseverança dentro do quadrinho nacional (ele produz e vende a revista por conta própria até hoje).
·   1999Pela editora Via Lettera, Crônicas da Província, de Wander Antunes e Mozart Couto (o mato-grossense Wander Antunes é conhecido pelas HQ que escreveu tanto para o Brasil quanto para o exterior – mais trabalhos dele serão citados adiante); André Diniz começa a lançar, de forma independente, a série Subversivos, com histórias ambientadas na época da Ditadura Militar Brasileira. Subversivos rende dois álbuns pela editora Nona Arte: Companheiro Germano (2000), com desenhos de Laudo e Omar Viñole, e A Farsa (2001), com desenhos de Marco;  Vida Boa, série de tiras de Fábio Zimbres, no jornal Folha de São Paulo; Adeus, Chamigo Brasileiro, de André Toral, graphic novel nascida da tese de doutorado do autor sobre a Guerra do Paraguai; Jayne Mastodonte, do baiano Flávio Luiz Nogueira, vencedor do HQ MIX desse ano de melhor publicação independente (o segundo número só sai em 2006); Pela editora Brainstore, aparece o único número do gibi A Estranha Turma de Zé do Caixão, de Kaled, Alê Araújo e Cleber Salles, tentativa de se produzir uma versão infantil do personagem de José Mojica Marins – mesmo assim, o gibi ganha o HQ MIX de Melhor graphic novel; No jornal Notícia Agora, do Espírito Santo, aparece Tristão, de Estevão Ribeiro e Amauri Ploteixa; aparece a revista de humor Bundas (numa sátira à revista de amenidades Caras – “Quem mostrou a bunda em Caras não mostra a cara em Bundas”), editada por Ziraldo e recheada de crítica social, o primeiro ensaio para o lançamento d’O Pasquim21; é realizado, na cidade de Belo Horizonte, MG, o 1º Festival Internacional de Quadrinhos, que substitui a Bienal de Quadrinhos (cuja última edição aconteceu também em Belo Horizonte) como o principal evento de HQ do Brasil.
·   2000Pela editora Nona Arte, Fawcett, de André Diniz e Flávio Colin (o álbum ganha, posteriormente, nova edição pela Devir), Foi nesse mesmo ano que Diniz funda a Nona Arte, destinada a publicar boa parte de seu trabalho. A Nona Arte também ganha um website, onde são disponibilizados scans de quadrinhos clássicos e recentes; Na revista erótica Total, da editora Rickdan, aparece Tianinha, de Laudo Ferreira Júnior, uma das mais conhecidas personagens das HQ eróticas do Brasil; A Fealdade de Fabiano Gorila, graphic novel de Marcelo Gaú, pela editora Conrad (o autor, posteriormente, publicou trabalhos no Brasil e na Europa com seu verdadeiro nome, Marcello Quintanilha); Vida de Estagiário, de Allan Sieber, no jornal Folha de S. Paulo; pela editora Escala, aparece a revista Mangá – Desenhe e Publique, que objetivava promover novos artistas do mangá brasileiro, através do sistema de concurso de talentos, similar ao das editoras japonesas (no total, foram promovidos dois concursos, e a revista durou 11 números e dois especiais); Pela editora Brainstore, é publicada a revista Canalha!, de quadrinhos de anti-heróis e histórias politicamente incorretas, editada por Wander Antunes. Durou três números mais um especial editado pela Opera Graphica em 2003, e nela foram publicados trabalhos de Antunes (que lança aí o personagem Zózimo Barbosa), Laerte e os espanhóis Antônio Segura e José Ortiz;  por volta desse ano, aparece o gibi da personagem Luana, criada por Aroldo Macedo, a primeira heroína afro-descendente das HQ; pela editora Kingdom Comix, aparecem as coletâneas Mangá Brasil (2 números) e Aniparô (3 números), ambas produzidas pela Deadline Studio, de Daniel HDR; aparece, no fanzine Kanetsu, a série Ethora, de Beth Kodama e Érica Horita. Essa série, mais tarde, teria histórias ambientadas nesse universo publicadas na revista Tsunami, da editora Talismã, um especial, em 2004, pela mesma editora, e uma minissérie em 5 partes, Ethora – A Donzela de Ferro, pela editora Kanetsu Press; é publicada, pela editora Trama, a primeira série de Victory, de Marcelo Cassaro e Eduardo Francisco. A série ganha uma continuação (Victory II), com roteiro de Petra Leão, e um remake da primeira série, pelos mesmos Cassaro e Francisco, que foi publicada nos EUA pela editora Image, tendo sido uma das únicas HQ brasileiras a alcançar tal feito; Samir Naliato cria o website Universo HQ, o primeiro e mais conhecido site brasileiro dedicado a HQ. Atualmente editado por Sidney Gusman, o Universo HQ ganhou oito vezes consecutivas o prêmio HQ MIX; na onda dos animes e mangás, a editora Conrad lança a versão brasileira dos mangás japoneses Dragon Ball, de Akira Toriyama, e Cavaleiros do Zodíaco, de Masami Kurumada, os primeiros publicados no Brasil no modo de leitura japonês (invertido), formato que torna-se referência para a publicação dos mangás japoneses em nosso país. Atualmente, as editoras que mais investem nos mangás japoneses são a Panini e a Japan-Brazil Connection (JBC).

INÍCIO DOS ANOS 2000
Embora seja expressivo o número de artistas brasileiros que aparecem, ainda é difícil, nos dias de hoje, de se encontrar HQ brasileiras nas bancas – ao contrário das HQ estrangeiras, sobretudo os mangás japoneses, que além de serem os mais vendidos da atualidade, são os que mais influenciam a nova geração de artistas gráficos. Apesar do expressivo aumento de publicações no início da década, na segunda metade do período 2001-2009, muitos títulos são cancelados, às vezes até mesmo antes da conclusão de muitas séries – muitas editoras cancelam os investimentos em artistas brasileiros. As graphic novels, as adaptações de obras da literatura e os meios alternativos representam as iniciativas mais expressivas, internamente, de sobrevivência das HQ brasileiras e de divulgação de artistas nacionais. Aliás, o grande crescimento na quantidade de fanzines demonstra uma nova tendência: em vez de simplesmente ler, os jovens querem produzir HQ. Hoje, os fanzines podem contar com maiores e melhores recursos, como a impressão em gráficas, ao invés de limitar-se ao tradicional fotocopiado (“xerocado”). Por outro lado, desenhistas brasileiros ganharam grande notoriedade no exterior, e até mesmo alcançaram as premiações mais importantes da indústria mundial. Fatos do período:
· 2001 – É lançada a nova versão da revista do Sesinho, produzida pela Exaworld Multimedia para o SESI (de cunho educativo, a revista é distribuída, até hoje, gratuitamente pelas caravanas do SESI pelo Brasil); José Aguiar começa a publicar, no jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, Paraná, a série Folheteen (a série ganha posteriormente um álbum, pela editora Devir); A Editora Escala lança duas séries de HQ: a infantil Daniel, o Anjo da Guarda, de Rodrigo de Góes e Arthur Garcia, e Frauzio, de Marcatti, a primeira HQ underground a chegar às bancas (esse personagem, criado em 1999 para uma série de jogos de computador, mais tarde tem outras revistas publicadas pela editora Pro-C, do próprio Marcatti, e ganha quatro álbuns de histórias mais longas – Frauzio: Questão de Paternidade, em 2002, pela editora Opera Graphica, e relançado em 2012 pela Pro-C; Frauzio – Carnegão, em 2003, pela Pro-C, com uma nova edição em 2013; Frauzio: Ares da Primavera, em 2009, pela editora Devir; e Frauzio – Perpétua Serenata, em 2013, pela Pro-C), bem como a revista Mangá X, coletânea de autores diversos, que dura três números; por volta desse ano, a editora Via Lettera começa a publicar a revista Front, uma das maiores coletâneas temáticas de artistas brasileiros (entre os colaboradores que já publicaram nessa revista, estão: Lourenço Mutarelli, Gilberto Maringoni, Fábio Moon e Gabriel Bá, Samuel Casal e Fábio Zimbres); sai, pela editora Nona Arte, o álbum 31 de Fevereiro, de André Diniz; pela Opera Graphica, sai Brakan, de Júlio Emílio Brás e Mozart Couto, HQ no estilo de Conan, o Bárbaro (que dura 2 números); por volta desse ano, aparece o primeiro álbum de Alcatéia, de Eddie Van Feu e Axia Stowe (Van Feu, conhecida também como a autora da série esotérica Wicca, mais tarde, expande o universo de Alcatéia em um segundo álbum, com arte de Carolina Mylius, e em uma série de romances); na internet, aparece a série Dado Selvagem, de Marcelo Cassaro e Lúcia Nóbrega (a HQ seria publicada, a seguir, na revista Dragão Brasil, desenhada por Lydia Megumi, e posteriormente roteirizada por Fran Elles Briggs e Petra Leão); pela editora Mythos, saem dois mangás produzidos por Daniel HDR: Brasimon e Dragon War; na cidade de Rio Grande (RS), aparece o fanzine Areia Hostil, editado por Lorde Lobo e Law Tissot, que divulga diversos artistas brasileiros em diversos estilos, do humorístico ao adulto. Dentre os personagens que foram publicados nessa revista, estão os heróis Topman, de Lorde Lobo, e Rui, de Anderson Cossa; Saíno a Percurá, álbum independente de Lelis (Marcelo Eduardo Lelis de Oliveira). Este álbum, série de histórias humorísticas ambientadas em Minas Gerais com texto em versos, ganha uma versão revista e ampliada (Saíno a Percurá – Outra Vez) pela editora Zarabatana em 2011;
·  2002 – É produzida a coletânea Dez na área, Um na Banheira e Ninguém no Gol, organizada por Orlando Pedroso, com onze histórias sobre futebol produzidas por Samuel Casal, Spacca, Lelis, Allan Sieber, Custódio, Maringoni, Caco Galhardo, Leonardo, Fábio Zimbres, Osvaldo Pavanelli, Emílio Damiani, Fábio Moon e Gabriel Bá (em 2009, essa HQ entra no centro de uma polêmica, quando é incluída no PNBE das escolas do Estado de São Paulo, sendo a seguir apreendida pelo governo do Estado, alegando este a obra conter termos impróprios às crianças); No jornal Diário de Santa Maria, de Santa Maria (RS), aparecem as tiras do personagem Trava, de Milton Soares, publicadas até 2007; Pela editora Nona Arte, A Classe Média Agradece, álbum de André Diniz e Marco. No mesmo ano, Diniz lança o fanzine Informal, com seis números editados entre 2002 e 2004; o Studio Seasons (grupo formado por quatro mulheres: Montserrat [Irene Castilha Rios], Sylvia Feer [Sílvia Ferreira], Simone Beatriz e Maruchan [Márcia Okuno Hajime]), pela Hant Editora, lança duas revistas em estilo mangá: Oiran e Sete Dias em Alesh (todas com 1 número lançado cada); A Escala lança o selo Graphic Talents, com o objetivo de promover artistas nacionais. Uma revista de um personagem é publicada sob um “contrato de risco”: se fosse bem sucedida, ela teria continuidade nas bancas. Ao todo, foram 16 números, a saber: Mico Legal, de Sérgio Morettini; Betty Grupy, de Maxx; Tristão, de Amaury Ploteixa e Estevão Ribeiro; Talebang, da Rodnério Rosa Estúdio (coletânea de cartuns sobre a Guerra do Iraque); Grump, de Orlandelli; Gamemon, de Arthur Garcia, Sílvio Spotti e Alexandre Silva; Dálgor, de Dario Chaves e José Carlos Chicuta; Turma do Barnabé, de Franco e Vanderfel; Zé Louquinho e Urubunaldo, de Wilson Gandolpho; Zuzna, de Alexandra Teixeira e Henrique Magalhães; Leleco, de Antônio Lima; Velta, de Emir Ribeiro; Galo Costa, de Rai; Carcereiros, de Nestablo Ramos Neto e Eduardo Miranda; Os Pleistocênicos, de Dadi; e Lobo Guará, de Carlos Henry e Elton Brunetti. Além desses, foi lançada uma edição especial, com histórias de Mozart Couto, Marcatti, Rai, Flávio Colin, Watson Portela e Roberto Guedes. De todos esses, só Mico Legal foi bem-sucedido, ganhando mais três números; Pela editora Camargo & Moraes, são lançados os mangás Fighter Dolls, Valiant Hook e Sad Heaven (todos com 2 números lançados cada); Na cidade de Santa Maria, RS, aparece o Núcleo de Quadrinhistas de Santa Maria – Quadrinhos S. A. Sua principal publicação é o fanzine-revista Quadrante X, que conta, anualmente, com os trabalhos de seus principais membros: Byrata, Al Mario (Mário Luis Trevisan), Marcel Jacques, Bício (Fabrício Réquia Parzianello), Rafael Grasel, Kiko Paim, Frank (Franklin Carvalho Neto), Milton Soares, Marcel Ibaldo, entre outros.
· 2003 – Pela editora Escala, aparece o gibi As Aventuras do Didizinho, produzida pela Twister Studio, baseada no comediante Renato Aragão, o Didi, o mais popular membro da trupe Os Trapalhões. Dos personagens que compõem a chamada Trupe do Didi (alguns deles baseados em personagens e nos bordões que Didi proferia no programa televisivo), dois deles, Livinha e Mãozinha, ganham seus próprios gibis; Pela editora pera Graphica, são lançados os álbuns Na Trilha de Masamune, de Luís Saidenberg, e a primeira parte de BioCyberDrama, de Edgar Franco e Mozart Couto, programado para uma série de três álbuns. A continuação da obra de Saidenberg, No Rastro de Masamune, seria publicada em 2009 pela Marca de Fantasia; já BioCyberDrama só seria publicado, integralmente, em álbum da editora da UFG (Universidade Federal de Goiânia), em 2013; Pela editora Conrad, aparece a revista Crocodilo, que, na mesma base ideológica da finada Chiclete com Banana, não respeitava a moral e os bons costumes; Aparece também o gibi independente Mosh!, de HQ tematizando o mundo da música, principalmente o rock. A revista, editada por S. Lobo e Renato Lima, publicou histórias de, entre outros colaboradores, Fábio Lyra (e sua série Menina Infinito, que ganhou um álbum solo, em 2008, pela editora Desiderata), Vinícios Mitchell e Fábio Monstro; Dungeon Crawlers, de Marcelo Cassaro e Daniel HDR, minissérie em 4 números, pela editora Mythos, expande os conceitos do mundo de Tormenta; pela editora Via Lettera, é lançada a coletânea Mangá Tropical, organizada por Alexandre Nagado, de histórias de temática brasileira em estilo mangá produzidas por artistas brasileiros (Marcelo Cassaro, Erica Awano, Fábio Yabu, Daniel HDR, Nagado, Arthur Garcia, Sílvio Spotti, Elza Keiko, Eduardo Müller, Rodrigo de Góes e Denise Akemi); pela Ópera Graphica, sai Fantagor, de Pierre Viegas (paródia do herói Fantasma em estilo mangá).
· 2004Aparece o personagem Cometa, de Samicler Gonçalves, nos círculos independentes; Amana ao Deus-Dará, de Edna Lopes (esposa do cantor Ed Motta), a primeira graphic novel escrita por uma mulher; Pela editora Manticora, aparece a revista Kaos, de histórias de teor adulto, idealizada por Sam Hart, Jean Canesqui, Sandro Castelli e Anderson Cabral, que durou três números; A Editora Escala Educacional lança a série Literatura Brasileira em Quadrinhos, de adaptações de obras literárias para HQ. A coleção inicia com uma série de contos de Lima Barreto e Machado de Assis produzida por Jô Fevereiro e Francisco Vilachã, partindo depois para adaptações de romances como O Cortiço, de Aluísio Azevedo (por Ronaldo Antonelli e Vilachã), Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida (por Indigo e Bira Dantas), Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (por Sebastião Seabra) e Brás, Bexiga e Barra Funda, de Alcântara Machado (por Jô Fevereiro), entre outros. Pela mesma editora, é lançado também adaptações de obras da literatura mundial, como contos do russo Anton Tchekhov (por Ronaldo Antonelli e Francisco Vilachã) e Dom Quixote (por Bira Dantas); Pela editora Linhas Tortas, fundada no ano anterior, são publicadas as seguintes séries, todas produzidas pela equipe Olha a Frente, com roteiro de Eddie Van Feu, e com dois números lançados cada: Contos de Leemyar (arte de Van Feu e Axia Stowe e roteiro escrito em parceria com Marco Aurélio Rocca), Clube dos 5 (arte de Débora Usagi) e Heróis S. A (arte de Adriana Usagi); Mercenários, de Petra Leão, Fran Elles Briggs e Denise Akemi, pela editora Talismã (esta HQ, ambientada no mundo de Tormenta, não passou do primeiro número); a editora ZN, no evento Anime Friends, lança dois mangás: Sugoi, coletânea de histórias organizada por Diogo Saito, e Crônicas de Faherya, de Anderson Abraços, Clayton Ferreira, Fernando Mucioli e Elisa Kwon; O Paulistano da Glória, álbum de Xalberto, Bira Câmara e Sian, pela editora Via Lettera; no fanzine Subterrâneo, aparece a versão impressa do herói Sideralman, concebido em 2001 por Will (Wilson André Filho), que mais tarde ganha uma revista própria; Pela Companhia Editora Nacional, Pindorama – A Outra História do Brasil, álbum de Laílson de Holanda Cavalcanti; Por volta desse ano, aparece nos meios alternativos o herói Corcel Negro, criação do potiguar Alcivan Gameleira. O herói Mutante, além de ter histórias (desenhadas por artistas como Joe Nunes, Paulo Ricardo e Orlando Maro) publicadas em diversos fanzines como Corcel Negro e Heróis Brazucas, ganhou um gibi próprio pela SM Editora / Júpiter II; Por volta desse ano, Lucas Lima começa a publicar as tiras de Nicolau e seus Queridos Vizinhos; O Estúdio Casa Velha, grupo de artistas de Belém, Pará, lançam o álbum Belém Imaginária (texto e arte de Wolney Nazareno, Fernando Augusto, Carlos Paul e Otoniel Oliveira), elogiado trabalho cuja história gira em torno de lendas regionais da Amazônia; É lançado o fanzine Subterrâneo, conhecido por ser publicado no tamanho de uma folha A4 dobrada quatro vezes. Vencedor do HQ Mix de Melhor Fanzine em 2006, e durando 50 números até 2012, o Subterrâneo publicou trabalhos de Luigi Colafigli, Will, Márcio Garcia, Marcos Wenceslau, Paulo Mansur, Samuel Bono e outros. O Subterrâneo também ganhou diversos especiais publicados em formato revista;
· 2005 Guerreiros da Tempestade, de Anísio Serrazul, pela ND Editora, de Goiânia, Goiás; pela editora Companhia das Letras, Santô e os Pais da Aviação, de Spacca (biografia em HQ de Alberto Santos-Dumont); pela editora Peirópolis, sai a primeira parte de Dom Quixote, adaptação do romance de Miguel de Cervantes, por Caco Galhardo (a segunda parte é publicada pela mesma editora em 2013); pela editora Conrad, Mariposa, de Marcatti, e Chalaça – O Amigo do Imperador, de André Diniz e Antônio Eder (biografia em HQ de Francisco Gomes da Silva, confidente de D. Pedro I); Wellington Santos lança, em Belo Horizonte, MG, o gibi Vulto, o Vigilante, a primeira aventura publicada do personagem Vulto, criado por Santos em 1990 (em 2007, Vulto ganha um gibi, pela SM Editora / Júpiter II, com cinco números lançados até o momento); José Salles funda a SM Editora (posteriormente, Editora Júpiter II, em homenagem à extinta editora Júpiter de Gedeone Malagola). Essa editora torna-se uma das mais importantes do círculo independente, pois Salles publica nela HQ de autores brasileiros. Além de reeditar clássicos como o Raio Negro de Malagola e o Gaúcho de Júlio Shimamoto, a SM/Júpiter II lança: Máscara Noturna, de Salles e Edu Manzano; Tormenta e Alameda da Saudade, ambas de Manzano; Corcel Negro, de Alcivan Gameleira; Krahomin, de Elmano Silva; Vulto, de Wellington Santos; Artlectos e Pós-Humanos, de Edgar Franco; Boca do Inferno.com, coletânea de histórias de terror; as coletâneas O Bom e Velho Faroeste, Romance em Quadrinhos e HistóriaS Sagradas, respectivamente de histórias de faroeste, românticas e religiosas, quase todas com roteiros de Salles e artes de Adauto Silva, José Menezes, Elmano Silva e Emanuel Thomaz; três crossovers entre Raio Negro e Velta de Emir Ribeiro (em um deles apareceu o Garra Cinzenta de Francisco Armond e Renato Silva); uma edição especial com aventuras inéditas da Patrulha do Espaço de Gedeone Malagola com desenhos de Emir Ribeiro; entre outras; Ronin Soul, de Fabrício Velasco e Rod Pereira, pela editora Nomad (série que só teve dois números publicados); O Estúdio Casa Velha lança seu segundo álbum, Encantarias – A Lenda da Noite (texto de Wolney Nazareno e arte de Otoniel Oliveira), também centrado em lendas regionais da Amazônia; estréia o longa-metragem de animação Wood & Stock – Sexo, Orégano e Rock’n Roll, dirigido por Otto Guerra, que adapta para o cinema os célebres personagens do cartunista Angeli.
·  2006 – A editora JB World Entretenimentos lança a revista As Aventuras de Betinho Carrero, a segunda HQ inspirada no empresário e artista circense Beto Carrero, com produção da Belli Studio Ilustração e Animação; Pela editora Companhia das Letras, Debret em Viagem Histórica e Quadrinhesca ao Brasil, de Spacca (biografia em HQ do artista francês Jean-Baptiste Debret); um grupo de quadrinistas independentes cria o Quarto Mundo, coletivo de quadrinistas independentes, que objetiva distribuir, vender, divulgar e promover a troca de experiências de HQ independentes, a fim de contornar os problemas relativos à produção destas. O grupo, após lançar dezenas de publicações independentes, anuncia o encerramento de suas atividades em 2012; pela editora Opera Graphica, O Messias, de Gonçalo Júnior e Flávio Luiz Nogueira, álbum que tematiza a guerra entre o Estado e o tráfico; pela editora Peirópolis, sai Os Lusíadas, livre adaptação do poema épico de Luís Vaz de Camões, por Fido Nesti; também aparece Lusíadas 2500, pela Companhia Editora Nacional, livre adaptação (em forma de ficção científica) do poema de Camões, por Laílson de Holanda Cavalcanti (primeiro de uma série em três volumes, ainda não concluída); André Diniz lança dois álbuns, ambas pela Franco Editora: Chico Rei, com texto e desenhos dele, e Ponha-se na Rua, com arte de Tibúrcio; estréia, dentro do bloco de animação adulta Adult Swim do canal de televisão por assinatura Cartoon Network, pequenos episódios de animação de personagens de cartunistas brasileiros (Pequeno Pônei, de Caco Galhardo, Geraldão, de Glauco Villas-Boas, Overman, de Laerte, Luke e Tantra, de Angeli, e Aline, de Adão Iturrusgarai), todos produzidos pelo estúdio de Daniel Messias, com financiamento da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional); pela editora Devir, O Circo de Lucca, de Jozz (Jorge Otávio Zugliani), álbum que faz uma reflexão sobre a elaboração de uma HQ; por iniciativa do Governo Federal, o PNBE (Plano Nacional de Biblioteca na Escola) passou a incluir Histórias em Quadrinhos entre os livros a serem distribuídos nas escolas – com isso, aumenta a quantidade de adaptações literárias para HQ.
· 2007Chibata! João Cândido e a Revolta que abalou o Brasil, de Olinto Gadelha e Hemetério, pela editora Conrad (quadrinização do polêmico episódio histórico da Revolta da Chibata de 1910). Em 2008 e 2012, o álbum acaba sendo apreendido das livrarias, por conta de um processo judicial aberto pelo dramaturgo César Vieira contra a Conrad, que alega que Chibata plagiou sua peça, João Cândido do Brasil – A Revolta da Chibata; aparecem as seguintes adaptações de obras da literatura em HQ: A Relíquia, de Eça de Queirós, por Marcatti, pela editora Conrad; Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, por Arnaldo Branco e Gabriel Góes, pela editora Nova Fronteira; e O Alienista, de Machado de Assis, por Fábio Moon e Gabriel Bá, pela editora Agir (O Alienista ganha outras adaptações para HQ quase na mesma época: pela editora Escala Educacional, por Francisco Vilachã, pela editora Ática, por Luís Antônio Aguiar e César Lobo, e pela Companhia Editora Nacional, por Laílson de Holanda Cavalcanti); Pela editora Companhia das Letras, D. João Carioca – A Corte Portuguesa Chega ao Brasil (1808 – 1821), de Lilia Moritz Schwarcz e Spacca (quadrinização da história da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil); aparece, nos círculos independentes, o personagem Necronauta, criação de Danilo Beyruth (em 2009, o personagem ganha um álbum, pela editora HQM); Wander Antunes lança, nesse ano, dois álbuns escritos por ele: O Corno que Sabia Demais e Outras Aventuras de Zózimo Barbosa, pela editora Pixel Media (arte de Gustavo Machado e Paulo Lopes); e A Boa Sorte de Solano Dominguez, pela editora Desiderata (arte de Mozart Couto); Irmãos Grimm em Quadrinhos, pela editora Desiderata, adaptação para HQ dos célebres contos infantis dos alemães Wilhelm e Jacob Grimm por artistas brasileiros (Allan Alex, Fido Nesti, Claudio Mor, Vinicius Mitchell, Daniel Og, Carlos Ferreira, Walter Pax, Rafael Sica, Rafael Coutinho, Eduardo Filipe, Arthuro Uranga, Roberta Lewis, Odyr, Fábio Lyra, Allan Rabelo, S. Lobo e Sr. Blond); A Incrível História do Homem Mais Velho do Mundo, álbum de André Diniz, pela editora Galera Record;
·  2008Aú, o Capoeirista, álbum independente de Flávio Luiz Nogueira; Maurício de Souza lança a polêmica série Turma da Mônica Jovem, em que seus personagens, em um traço similar ao dos mangás japoneses, são metamorfoseados em adolescentes. Esse gibi acaba se tornando o mais vendido da América Latina, superando as cifras dos gibis de super-heróis – só as quatro primeiras edições alcançam 1,5 milhão de exemplares vendidos. E, dentro da série, foi produzido um crossover entre os personagens de Maurício de Souza e os do japonês Osamu Tezuka; pela editora JBC, é lançado O Catador de Batatas e o Filho da Costureira, de Ricardo Giassetti e Bruno D’Angelo, em comemoração ao centenário da imigração japonesa ao Brasil; pela editora Desiderata, O Cabeleira, adaptação do romance de Franklin Távora, por Leandro Assis, Hiroshi Maeda e Allan Alex, considerada a melhor adaptação de uma obra literária brasileira para HQ; Pela editora HQM, Quadrinhofilia, coletânea de histórias curtas de José Aguiar, Abs Moraes e Gian Danton, e A Casa ao Lado, de Diogo Cesar Correa e Pablo Mayer; Na Internet, Vítor Cafaggi lança as tiras de Puny Parker, paródia infantil do alter-ego do Homem-Aranha; Pela editora Conrad, Prontuário 666 – Os Anos de Cárcere de Zé do Caixão, de Adriana Brunstein e Samuel Casal, que funcionou como um prequel do mais recente filme de José Mojica Marins, Encarnação do Demônio, lançado no mesmo ano; Pela editora Escala Educacional, são lançadas as séries História do Brasil em Quadrinhos, História Geral em Quadrinhos e Filosofia em Quadrinhos, HQs educacionais produzidas pela equipe da Nona Arte. Cada coleção teve quatro álbuns. Da série História do Brasil: Guerra dos Farrapos (André Diniz e Antônio Eder), Inconfidência Mineira (Diniz e Laudo Ferreira Jr.), Independência do Brasil (Diniz e Eder) e Revolta de Canudos (Diniz e José Aguiar; Da série História Geral: Revolução Russa (Diniz, Laudo e Omar Viñole), Primeira Guerra Mundial (Diniz, Eder e Anderson), Revolução Francesa (Diniz e Daniel Brandão) e Fundação de Israel (Diniz e Eder); e, da série Filosofia em Quadrinhos, adaptações de clássicos da filosofia, Utopia de Thomas Morus (Diniz e Eder), O Príncipe de Maquiavel (Daniel Brandão), Elogio da Loucura de Erasmo de Rotterdam (Laudo e Viñole) e Cândido ou O Otimismo de Voltaire (Diniz e Eder); O coletivo Mondo Urbano (formado pelos artistas Rafael Albuquerque, Mateus Santolouco e Eduardo Medeiros) lançam Powertrio, publicação independente e primeiro volume da trilogia Sexo, Drogas e Rock’n Roll (os outros volumes, Overdose e Cabaret, são lançados em 2009). Em 2010, essa trilogia, e mais a história Encore, foram reunidas em um álbum, publicado nos EUA pela editora Oni Press e no Brasil pela editora Devir; Pela editora Desiderata, Mesmo Delivery, graphic novel de Rafael Grampá; Fábio Moon, Gabriel Bá e Rafael Grampá são os primeiros artistas brasileiros a receberem o prêmio Eisner Awards, a mais importante premiação mundial das HQ. Todos, no entanto, ganharam por HQ publicadas no exterior: Moon ganhou pela arte de Sugarshock (escrita por Joss Whedon); Bá, pela arte de The Umbrella Academy (escrita por Gerard Way); e Grampá, pela coletânea 5 (em conjunto com Moon, Bá, Becky Cloonan e Vasilis Lolos). É o ponto culminante da experiência quadrinhística brasileira no exterior (Moon e Bá já haviam sido indicados para o mesmo prêmio no ano anterior. Ainda em 2008, Bá recebe, pela mesma série Umbrella, o prêmio Harvey, outra importante premiação internacional das HQ).
· 2009 – Pela editora Conrad, Os Brasileiros, de André Toral; pela editora Ática, aparecem as seguintes adaptações de obras literárias, ambas com roteiro de Ivan Jaf: O Guarani, com arte de Luís Gê (nova adaptação para HQ do romance de José de Alencar), e O Cortiço, com arte de Rodrigo Rosa (nova adaptação do romance de Aluísio Azevedo). E mais, pela mesma editora, O Quinze, de Rachel de Queiroz, por Shiko (cujas páginas ganharam uma exposição exclusiva no Festival de Quadrinhos de Lyon, na França, em 2013); No mesmo ano, sai ainda outra adaptação para HQ de O Guarani, pela editora Cortez, por Walter e Eduardo Vetillo; Pela editora HQM, Zoo, graphic novel de Nestablo Ramos Neto; pela editora Companhia das Letras, Jubiabá, adaptação do romance de Jorge Amado, por Spacca; pela editora Pixel Media, aparece a polêmica série Luluzinha Teen e sua turma, com texto de Renato Fagundes e arte do estúdio Labareda Design, que, em estilo mangá, similar à Turma da Mônica Jovem, converte os clássicos personagens criados pela cartunista americana Marjorie Henderson Buell em 1935 em adolescentes; Pela editora Agir, O Pagador de Promessas, adaptação de peça de Dias Gomes por Eloar Guazzelli; Pela editora Ideias a Granel, Loucas de Amor – Mulheres que Amam Serial Killers e Criminosos Sexuais, de Gilmar Rodrigues e Fido Nesti; aparece também, publicado de forma independente, Balaiada – A Guerra do Maranhão, de Iramir Araújo, Ronilson Freire e Beto Nicácio (quadrinização da revolta popular ocorrida entre 1838 e 1841); pela editora Devir, Yeshuah – Assim em Cima, Assim Embaixo, de Laudo Ferreira Júnior, primeiro álbum de uma trilogia sobre a vida de Jesus Cristo em HQ (o segundo álbum, Yeshuah – O Círculo Interno, o Círculo Externo, aparece em 2010); André Diniz lança mais dois álbuns escritos por ele: 7 Vidas, com arte de Antônio Eder (Conrad), e Ato 5, com arte de José Aguiar (nova HQ ambientada na época da Ditadura Militar Brasileira – co-edição entre as editoras Quarto Mundo, Nona Arte e Quadrinhofilia); Có!, HQ independente de Gustavo Duarte; Pela editora Panini, aparece o álbum MSP 50, em que vários artistas brasileiros homenageiam a obra de Maurício de Souza (o álbum integrou as comemorações dos 50 anos de carreira de Maurício, ocorridos naquele ano. E ganhou mais dois volumes, em 2010 [MSP+50] e 2011 [MSP Novos 50]); Nos EUA, Fábio Moon e Gabriel Bá lançam, pelo selo Vertigo da DC Comics, a série Daytripper, lançada no Brasil em 2011, pela Panini. Com esse trabalho, inteiramente autoral, os gêmeos ganham seu segundo prêmio Eisner, e mais os prêmios Harvey, Eagle, o prêmio do festival de Angoulême, na França e outras premiações internacionais de HQ.
· 2010 – Pela editora Desiderata, aparecem as seguintes adaptações de obras literárias em HQ: Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, por Edgar Vasques e Flávio Braga (esta adaptação junta-se à de Ronaldo Antonelli e Francisco Vilachã, pela editora Escala Educacional, e à de Laílson de Holanda Cavalcanti, da Companhia Editora Nacional), e Os Sertões – A Luta, parte da obra de Euclides da Cunha, por Carlos Ferreira e Rodrigo Rosa. Também aparecem, pela editora Ática, duas novas adaptações escritas por Ivan Jaf: a nova adaptação de Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, (arte de Rodrigo Rosa) e A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães (arte de Eloar Guazzelli); A editora Leya lança o selo Barbanegra, que, entre outras publicações, lançou as seguintes coletâneas de quadrinhos: Mundinho Animal, de Arnaldo Branco, Vó, de Jean Galvão, O relatório Ota do Sexo, de Ota, (todos esses em 2010) e Uma Patada com Carinho – Histórias Pesadas da Elefoa Cor-de-Rosa, de Chiquinha (Fabiane Bento) (2012); A Editora Abril lança o Prêmio Abril de Personagens, com o intuito de promover novos talentos – os vencedores ganham seus próprios gibis. Os vencedores do concurso são: U.F.F.O. – Uma Família Fora de Órbita, de Lucas Lima, e Garoto Vivo da Villa Cemitério, de Fabrício Pretti. É também lançado o gibi da menção honrosa do concurso, Gemini 8, de Célia Catunda e Kiko Mistorigo (criadores do desenho animado Peixonauta). Os gibis, lançados em 2012, duram quatro números cada (com exceção de Garoto Vivo, que durou cinco); O Quilombo Orum Aiê, álbum de André Diniz, pela editora Galera Record; aparece Didi e Lili Geração Mangá, pela editora Escala, quinto gibi protagonizado pelo comediante Renato Aragão, desta vez em versão mangá, ao lado da filha, Lílian Aragão. A produção é do estúdio Franco de Rosa, com roteiros de Debrah Demaris e Franco de Rosa e arte de Arthur Garcia, Ivan Rodrigues, Alexandra Mattos e outros; pela editora Companhia das Letras, Cachalote, de Daniel Galera e Rafael Coutinho; Estreia, no jornal Correio Popular, de Campinas, SP, o anti-herói Tatu-Man, de Bira Dantas; Pela editora Conrad, aparece (SIC), coletânea de Orlandelli, e Ninguém me Convidou, de Joulralbo Sieber e Allan Sieber; Pela editora As Américas, aparece o gibi de Apache, de Tony Fernandes; Aparece também os álbuns independentes Taxi, de Gustavo Duarte, e O Cabra, de Flávio Luiz Nogueira; Pela editora Devir, Xampu – Lovely Losers, primeiro álbum de uma trilogia sobre os anos 80, por Roger Cruz, e Pequenos Heróis, álbum organizado por Estevão Ribeiro e desenhado por diversos artistas, que faz uma homenagem aos super-heróis das HQ; No jornal O Globo, Vítor Cafaggi lança, em forma de tira dominical, o personagem Valente. Foram lançadas três coletâneas das tiras do personagem: Valente para Sempre (2011), Valente para Todas (2012), ambas lançadas de forma independente, e Valente por Opção (2013), pela editora Panini; pela editora Zarabatana, Bando de Dois, de Danilo Beyruth (considerado pela crítica o melhor álbum nacional do ano); pela editora HQM, Anarriê, de Michel Borges; pela editora Sarandi, Lula – Luís Inácio Brasileiro da Silva, de Toni Rodrigues e Rodolfo Zalla (biografia em HQ do presidente Luís Inácio Lula da Silva); Acontece, no Rio de Janeiro, o evento Rio Comicon, um novo evento internacional de HQ, que reuniu artistas nacionais e internacionais.

PRIMEIROS ANOS DA DÉCADA DE 2010
O mercado das adaptações literárias para HQ começa a diminuir, mas os artistas independentes conhecem e popularizam outra forma de publicar suas HQ: o financiamento coletivo (crowdfunding), que, através de doações feitas via internet, permitem a autores de HQ arrecadar fundos para publicarem seus projetos, em troca de prêmios ou brindes sorteados para os doadores. Desde 2011, diversos projetos de HQ são lançados no site Catarse, e boa parte deles consegue ultrapassar o valor necessário para publicação. No exterior, os brasileiros começam a ter cada vez mais reconhecimento, agora com trabalhos autorais, e não apenas com trabalhos escritos por estrangeiros. Destaques da década:
· 2011Pela editora Devir, sai o álbum Histórias do Clube da Esquina, de Laudo Ferreira Jr. e Omar Viñole, sobre o movimento musical popular de Minas Gerais dos anos 60 e 70; Pela editora Peirópolis, Laudo e Viñole lançam também a adaptação para HQ de Auto da Barca do Inferno, do português Gil Vicente; É publicado o álbum Achados e Perdidos, de Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho, o primeiro álbum de HQ financiado por crowdfunding; André Diniz lança mais dois álbuns, escritos e ilustrados por ele: A Cachoeira de Paulo Afonso, adaptação do poema de Castro Alves (editora Pallas), e Morro da Favela, pela editora Leya, sobre o trabalho do fotógrafo Maurício Hora nas favelas cariocas; Os irmãos Vítor e Lu Cafaggi lançam dois álbuns independentes: Vítor, Duotone, com o qual fatura o HQ Mix; e Lu, a coletânea de quatro minigibis Mixtape; Pela editora Lancaster, é lançado o gibi Ação Magazine, editado por Alexandre Lancaster, uma tentativa de se implantar o sistema de publicação japonesa de almanaque, com quadrinhos e matérias sobre cultura pop. Tendo durado até o momento três números, a revista, vencedora do prêmio Ângelo Agostini de 2012, publicou as seguintes séries (os capítulos iniciais com 45 páginas, e os capítulos seguintes com 18): Madenka, de Will Walbr; Jairo, de Michele Lys, Renato Csar e Altair Messias; Tunado, de Maurilio DNA e Victor Strang; Rapsódia, de Fábio Sakuda e Carlos Sneak; Expresso!, de Alexandre Lancaster; e Assombrado, de Petra Leão e Roberta Pares;  Além dos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, com a série Daytripper, outro brasileiro fatura o Prêmio Eisner, o Oscar das HQ: Rafael Albuquerque, com a arte da série American Vampire, de Stephen King e Scott Snyder.
·  2012Pela editora Companhia das Letras, A Máquina de Goldberg, de Vanessa Bárbara e Fido Nesti, e V.I.S.H.N.U., ficção científica do americano Eric Acher e dos brasileiros Ronaldo Bressane e Fábio Cobiaco; Pela editora Ática, são lançados: Noite na Taverna, adaptação do livro de Álvares de Azevedo, por Reinaldo Seriacopi e artes de Arthur Garcia, Franco de Rosa, Rodolfo Zalla, Rubens Cordeiro, Sebastião Seabra e Walmir Amaral; e a série Opera em Quadrinhos, adaptações para HQ de célebres peças de ópera. Com roteiros de Rosana Rios, são lançados os seguintes títulos: Aída, de Giuseppe Verdi (arte de Klayton Luz e Julia Bax); A Flauta Mágica, de Wolfgang Amadeus Mozart (arte de Sam Hart e Juliano Oliveira) e O Guarani de Carlos Gomes (arte de Juliano Oliveira e am Hart). Este último pode ser considerado também uma nova adaptação d’O Guarani de José de Alencar para HQ (já que a ópera foi baseada originalmente no romance); Os Estúdios Maurício de Sousa começam a lançar a série Graphic MSP, em que autores consagrados (todos participantes do projeto MSP 50) fazem graphic novels com personagens de Maurício de Souza com teor mais adulto. A primeira leva de álbuns do bem-sucedido projeto é composta por: Astronauta – Magnetar, de Danilo Beyruth; Turma da Mônica – Laços, de Vítor e Lu Cafaggi; Chico Bento – Pavor Espaciar, de Gustavo Duarte, e Piteco – Ingá, de Shiko. O mesmo estúdio também lança nesse ano o álbum Ouro da Casa, em que diversos artistas que colaboraram com os Estúdios Maurício de Sousa fazem histórias com os personagens em seu próprio estilo.


Fontes Bibliográficas:
ALMANAQUE ABRIL 95. Ed. Abril, 1995, p. 725 – 729.
ANSELMO, Zilda Augusta. Histórias em Quadrinhos. Petrópolis: Vozes, 1975.
ASSOCIAÇÂO DOS QUADRINHISTAS E CARICATURISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – AQC-SP (org.). AQC 100 Vezes. São Paulo: Laços, 2013.
CIRNE, Moacy; MOYA, Álvaro de; D’ASSUNÇÃO, Otacílio; AIZEN, Naumin. Literatura em Quadrinhos no Brasil – Acervo da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: Fundação Biblioteca Nacional, 2002.
GOIDA (GOIDANICH, Hiron Cardoso); KLEINERT, André. Enciclopédia dos Quadrinhos. Porto Alegre: L&PM, 2011.
MOYA, Álvaro de (org.). Shazam! 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1977.
PACHECO, Eloyr (org.) Almanaque Shoujo Mangá – O Poder da Sedução Feminina. São Paulo: Escala, 2009.
PEIXOTO, Sérgio. 400 Imagens – Mangá do Começo ao Fim. São Paulo: Discovery Publicações, 2013.
SOUZA, Worney Almeida de. A Cidade e Seus Monstros. In: ARMOND, Francisco; SILVA, Renato. A Garra Cinzenta – 1937 – 1939. São Paulo: Conrad, 2010.
REVISTA KABOOM! no. 1. São Paulo: Eclipse, s. d.
TÁVORA, Arakén. Pedro II Através da Caricatura. Rio de Janeiro: Bloch, 1975.

Fontes da internet:



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