quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

História dos Quadrinhos no Brasil - 3a edição - parte 1

Olá.
No momento em que escrevo, ainda é 30 de janeiro, Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos.
E este dia vem com um gosto especial: um dos membros do Núcleo de Quadrinhistas de Santa Maria - Quadrinhos S. A., Jorge Ubiratã da Silva Lopes, o Byrata, foi eleito Mestre do Quadrinho Nacional, junto com Lourenço Mutarelli e Paulo Paiva Lima, na premiação do 30o. Prêmio Ângelo Agostini!
Em homenagem ao fundador do Quadrinhos S. A., o blog da entidade publicou, hoje, um texto em homenagem ao Byrata, criador do Xirú Lautério. Sabem quem escreveu esse texto? Descubram em http://quadrinhossa.blogspot.com.br/.
E hoje, em homenagem ao Dia do Quadrinho Nacional, conforme prometido, inicio hoje a publicação da terceira edição, revista e ampliada, de meu trabalho mais ambicioso: a cronologia da História dos Quadrinhos Nacionais!
Esqueçam as cronologias mais simplistas: o trabalho foi completamente revisto, ampliado, com mais fatos acrescentados em relação às edições anteriores. Apesar de o quadrinho brasileiro não ter tanto reconhecimento dentro do Brasil, vocês verão: nossa indústria de HQ não foi pequena perto dos EUA, da Europa e do Japão.
Então vamos começar: História dos Quadrinhos no Brasil - 3a edição - pesquisa de Rafael Grasel.



A história das Histórias em Quadrinhos no Brasil pode ser considerada como uma das mais dramáticas do mundo, uma vez que esta arte passou por muitas dificuldades, e, de certa forma, as criações nacionais não são muito valorizadas pelos leitores conterrâneos, frente às criações estrangeiras. Diversos artistas importantes em outros tempos foram praticamente esquecidos da memória nacional. Aqui, em um apanhado de nomes e fatos relevantes, tenta-se resgatar a memória quadrinhística nacional, motivando assim futuras pesquisas na área.
Na citação dos autores, quando uma HQ tiver mais de um autor, o nome do roteirista precederá o do desenhista. Também é preciso advertir que algumas das datas aqui apresentadas são imprecisas.
As cores usadas seguem a seguinte convenção: azul, para revistas, álbuns, graphic novels ou suplementos de HQ de periódicos (jornais e revistas); verde, para personagens de tiras e cartuns (exclusivos ou que tenham surgido primeiro ali); vermelho, para personagens de gibis (exclusivos ou que tenham surgido primeiro ali); amarelo, para adaptações literárias em HQ; roxo, para fatos relacionados a HQ, como aparecimento de editoras ou atividades de incentivo à produção; cinza, para produções alternativas (fanzines e personagens surgidos em publicações independentes).

O INÍCIO – O SEGUNDO REINADO
A primeira charge publicada no Brasil, em 14 de dezembro de 1837 no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, é de autoria atribuída a Manuel de Araújo Porto-Alegre, chamada A Campainha e o Cujo. Entretanto, há especialistas que defendem que os primeiros desenhos de humor do Brasil foram as ilustrações do jornal O Carcundão, editado em Recife, Pernambuco, e que circulou entre 25 de abril a 16 de maio de 1831, durando apenas três números. Vários especialistas contestam essa tese, pois O Carcundão era um órgão de imprensa do Partido Restaurador Brasileiro (partido político que defendia o retorno do imperador D. Pedro I ao Brasil), que desapareceu em 1834, e, por isso, consideram que não tinha grande relevância.
De todo modo, durante o Segundo Reinado do Império Brasileiro (1840 – 1889), a caricatura e as charges foram muito cultivadas em revistas e periódicos (curiosamente, o período do Segundo Reinado é considerado onde a imprensa teve mais liberdade de expressão, inclusive para satirizar o Imperador Pedro II). São as primeiras manifestações das HQ no país (o desenho de humor, portanto, já é tradição no Brasil). Dentre alguns títulos de periódicos surgidos na época que ressaltavam as ilustrações, estão: Lanterna Mágica (surgida em 1844, circula até 1845), A Marmota na Corte (mais tarde, A Marmota Fluminense, 1849), A Semana Illustrada (1860, fundada pelo alemão Henrique Fleuiss e um dos títulos mais longevos da época), Bazar Volante (1863, que se transforma, em 1867, em O Arlequim; em 1868, O Arlequim vira Vida Fluminense, e esta, em 1876, se transforma em O Fígaro, que, por sua vez, é continuada em A Lanterna, de 1878), O Mosquito (1869) e O Mephistópheles (1874, mais tarde incorporado ao Mosquito, que por sua vez é absorvido pela Revista Ilustrada). E, dentre os artistas, destacam-se: o português radicado no Brasil desde 1875 Rafael Bordalo Pinheiro (autor da primeira narrativa sequencial de Portugal, a satírica Apontamentos de Raphael Bordallo Pinheiro Sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Rasilb Pela Europa, publicada em 1872), Aluízio de Azevedo (que, mais tarde, seria consagrado como escritor, fundador da estética literária do Naturalismo no Brasil), Cândido Aragonês de Faria e o italiano Luigi Borgomainerio.
Convenciona-se, atualmente, incluir entre os pioneiros das HQ, ao lado dos europeus, o desenhista italiano Ângelo Agostini, que veio ao Brasil em 1859. Ele, inicialmente, colaborou como ilustrador nos periódicos Diabo Coxo e O Cabrião, passando ainda por Vida Fluminense, O Mosquito e O Malho (a última, no início do século XX). Em 1867, Agostini publica em O Cabrião, As Cobranças, uma história seqüencial pioneira. Em 30 de janeiro de 1869, ele lança, em Vida Fluminense, As Aventuras de Nhô Quim, uma das primeiras “aventuras seriadas” do Brasil e do mundo.
Em 1876, Agostini lança a célebre Revista Ilustrada, uma das mais influentes publicações de humor do Segundo Reinado. Além de inúmeras charges que satirizam a política do governo de D. Pedro II e da apaixonada defesa do autor da causa abolicionista e do republicanismo, é na Revista Ilustrada que surge outro personagem conhecido de Agostini: As Aventuras de Zé Caipora.

NO INÍCIO DO SÉCULO XX (1905-1950)
Este período é caracterizado como período de formação da indústria brasileira de HQ, com a fundação das principais editoras que operaram no século XX. Os fatos, a saber:
·   1905 – O movimento das HQ modernas no Brasil inicia-se neste ano, com o lançamento da revista O Tico-Tico, a primeira voltada ao público infantil a publicar HQ. A revista foi idealizada por Renato de Castro (jornalista e caricaturista), Cardoso Júnior (poeta) e Manoel Bonfim (professor e jornalista), e encampada por Luís Bartolomeu de Souza e Silva, dono da Sociedade O Malho – o logotipo foi criado por Ângelo Agostini. Inicialmente como suplemento do periódico O Malho (editado no Rio de Janeiro), e inspirado no periódico francês La Semaine de Suzette, começou publicando material estrangeiro, como o Buster Brown de Richard F. Outcault, Mickey Mouse, Popeye, Krazy Kat e Gato Félix. Buster Brown, que por aqui foi batizado de Chiquinho, foi continuado por artistas brasileiros, depois que o personagem parou de ser publicado nos EUA – a saber: Luis Gomes Loureiro, Augusto Rocha, Alfredo Storni, Paulo Afonso, Oswaldo Storni e Miguel Hochmann. Mais tarde, a produção da revista seria predominantemente nacional, e muitos artistas seriam revelados, alguns desses mais tarde se destacam no desenho de humor dos periódicos: J. Carlos (José Carlos de Brito Cunha, conhecido por suas “melindrosas”, as mulheres retratadas em seus cartuns) (Lamparina), Max Yantok (Kaximbown), Alfredo Storni (Zé Macaco), Luís Sá (Reco-Reco, Bolão e Azeitona), Théo (Djalma Pires Ferreira) (Tinoco, o caçador de feras), Nino Borges (Bolinha e Bolonha), Fritz (Anísio Oscar Mota) (Pirolito), entre outros. Além das HQ, a revista publica textos literários de caráter educativo. O Tico-Tico dura até 1962.
·  1925 – Aparece, no jornal Folha da Noite (SP), o personagem Juca Pato, de Belmonte (Benedito Bastos Barreto, que também ficaria célebre como desenhista de humor no período do governo Getúlio Vargas [censurado pelo Estado Novo, Belmonte volta suas charges à política internacional] e ilustrador dos livros infantis de Monteiro Lobato). O personagem dá nome ao prêmio, instituído em 1962, pela União Brasileira dos Escritores, oferecido aos Intelectuais do Ano.
·   1929Na mesma linha editorial d’O Tico-Tico, surgem outras publicações de HQ – todas voltadas ao público infantil. Os grandes jornais começaram a incluir, em determinados dias da semana, os chamados suplementos infantis, com HQs importadas fornecidas pelos syndicates estadunidenses. Nesse ano, no jornal A Gazeta, de São Paulo, de propriedade de Cásper Líbero, é criado o suplemento A Gazeta Infantil, mais tarde A Gazetinha. Esse suplemento teve três grandes fases de publicação: a primeira, de 1929 a 1930, baseada no modelo europeu de publicação, publicou quadrinhos dos americanos James Swinnerton, F. B. Opper, Grace Drayton e Winsor McCay, e como colaboradores brasileiros Belmonte (Paulino e Balbina e Chiquinho, Chicote e Chicória, ambas criações do comediante radiofônico Nhô Totico), Gomes Dias e Nino Borges (Aventuras do Palhaço Piolim); Na segunda fase, de 1933 a 1940, já com o nome Gazetinha, esteve baseada no modelo norte-americano de publicação, foi o principal concorrente direto do Suplemento Juvenil, e teve sua fase áurea: além de ser nessa fase da Gazetinha que o Fantasma de Lee Falk e Ray Moore e o Superman de Jerry Siegel e Joe Shuster estrearam no Brasil (respectivamente em 1936 e 1939), publicados juntamente com outros personagens estrangeiros consagrados, teve como colaboradores importantes Messias de Mello (Pão-Duro e Audaz, o Demolidor) e Renato Silva (A Garra Cinzenta); e na terceira, de 1948 a 1950, quando finalmente foi encerrado, é rebatizado como Gazeta Juvenil e publicava quadrinhos de procedência italiana, além de trabalhos de Messias de Mello e Jayme Cortez.
·  1934 – Neste ano, surge o Suplemento Infantil (mais tarde, Suplemento Juvenil), lançado em 1934 dentro do jornal A Razão (RJ) e editado pelo Grande Consórcio Suplementos Nacionais (GCSN), de propriedade do baiano Adolfo Aizen; mais tarde publicado de forma independente, é o marco da publicação de HQ como indústria cultural no Brasil – a partir do Suplemento Juvenil, todos os outros suplementos seguiriam o mesmo modelo de publicação, do europeu para o estadunidense. Diversos sucessos dos comics americanos foram publicados aí, como Flash Gordon, Jim das Selvas, Agente X-9, Tarzan, Mandrake, Dick Tracy e Príncipe Valente. Dentro do Suplemento, surge o personagem Roberto Sorocaba, de Monteiro Filho (criado nesse mesmo ano), considerado o primeiro herói das HQ brasileiras. Outro artista brasileiro que destaca-se no Suplemento é Carlos Arthur Thiré, autor de O Gavião de Riff, Três Legionários de Sorte e Raffles.
·   1936Pela editora A Noite, é lançada a revista de variedades Vamos Ler, que dura até 1946. A revista publicava, além de contos, charges e curiosidades, histórias em quadrinhos nacionais e estrangeiras. Dentre os principais colaboradores brasileiros da Vamos Ler, estão: Carlos Arthur Thiré, Monteiro Filho, Renato Silva, Théo, Belmonte, Álvarus e Carlos da Cunha;
·  1937 – Roberto Marinho, dono da editora O Globo (RJ), lança a revista O Globo Juvenil, sua primeira investida de sucesso no campo editorial das HQ. Nessa revista, foram publicados personagens como Ferdinando e Brucutu; na Gazetinha, aparece A Garra Cinzenta, de Francisco Armond e Renato Silva. História policial que, devido ao alto grau de violência e suspense para a época, é considerada a precursora das HQ de terror no Brasil – com o sucesso que fez, foi inclusive exportada para o México, Bélgica e França. Recentemente, pesquisadores especularam que Francisco Armond, cuja identidade até então era um segredo, fosse, na realidade, o pseudônimo usado por Helena Ferraz, esposa de Maurício Ferraz, diretor da Livraria Civilização e do jornal Correio Universal, do Rio de Janeiro. Helena Ferraz, poetisa que também assinava sob o pseudônimo de Álvaro Armando, também teria assinado, como Armond, Nick Carter, também desenhado por Silva. A Garra Cinzenta seria publicada em dois álbuns, pela Gazeta, em um álbum do Almanaque Gibi Nostalgia, da RGE (que não publica a história completa), em 1988, no fanzine Seleções da Quadrix # 6, organizado por Worney Almeida de Souza, trazendo a série completa, e, depois disso, apenas em 2010, em álbum fac-similar da Editora Conrad; aparece a revista Mirim, editada no RJ pelo GCSN;
·  1938 – É editado, pelo jornal Correio Universal (RJ), o álbum João Tymbira ao Redor do Brasil, de Francisco Acquarone, escritor, historiador e um dos maiores pintores brasileiros do início do século XX;
·     1939 – Roberto Marinho lança a mais popular publicação de HQ do Brasil: O Gibi, cujo nome passa a designar qualquer publicação de HQ no Brasil (gibi, anteriormente, era uma denominação para os meninos negros). Nessa revista, foram publicados Capitão Marvel, Tocha Humana e Príncipe Submarino, entre outros; Aparece, também, a revista O Lobinho, do GCSN (foi nesta revista que o Batman foi publicado pela primeira vez no Brasil, em 1940).
·     1940 – A editora O Cruzeiro (RJ), de Assis Chateaubriand, também entra no negócio das HQ, com a revista O Guri (“Do Oiapoque ao Chuí todos lêem O Guri, dizia o slogan).
·   1943 – Aparece o personagem O Amigo da Onça, de Péricles de Andrade Maranhão, na revista O Cruzeiro, o mais importante cartum-personagem do Brasil;
·   1945 – Adolfo Aizen funda a EBAL (Editora Brasil-América LTDA.), a maior editora brasileira de HQ do século XX. Inicialmente, seu endereço era na Avenida Rio Branco, edifício São Borja, posteriormente se mudando para o amplo prédio no bairro de São Cristóvão, onde também ficava o parque gráfico – ambas na cidade do Rio de Janeiro. A primeira revista da editora foi Seleções Coloridas, lançada em 1946 e impressa na Argentina; a seguir, aparece a revista O Heroi (sem acento), o primeiro título da editora impresso no Brasil. Dentre os personagens cujas revistas eram publicadas por essa editora, estão Superman, Batman, Tarzan, Lone Ranger (por aqui batizado de Zorro), e os famosos álbuns em tamanho grande de Flash Gordon e Príncipe Valente. A EBAL, que também mantinha um Museu Permanente das HQ em seu prédio e também boas relações com seus leitores, fecha suas portas nos anos 90, devido às dificuldades econômicas.
·    1946Estreia, na Rádio Tamoio (RJ), o programa radiofônico do herói Capitão Atlas. O personagem ganha um gibi em 1951, pela editora Ayrosa, que durou 24 números. O herói inspirado no Jim das Selvas de Alex Raymond passaria, depois, a ser publicado pela editora Garimar, em 1959 – nesta fase, a revista dura 12 números. A Garimar relança o gibi em 1966, com republicações das histórias da segunda fase. Em ambas as editoras, os roteiros das histórias eram de Péricles do Amaral e a arte era de Vasquez, Luiz, Fernando Dias da Silva e André Le Blanc;
·    1947 – O português Jayme Cortez, que chega ao país nesse ano, adapta, em forma de tiras publicadas no jornal Diário da Noite (RJ), O Guarani, romance de José de Alencar (esta adaptação foi precedida pela realizada por Francisco Acquarone, para um álbum editado pelo jornal Correio Universal); A editora Vida Doméstica, fundada nos anos 20, também entra no negócio de HQs, com as revistas Vida Infantil e Vida Juvenil. Os títulos, que publicaram material estrangeiro e também algum material nacional, se desdobraram em diversas publicações adicionais. Ao todo, o gibi compreendeu: Vida Infantil, 210 números entre 1947 a 1961; Vida Infantil Almanaque, 11 números de 1949 a 1959; e Vida Infantil Rosa, 16 números de 1950 a 1951; Vida Juvenil, 197 números de 1949 a 1959; Vida Juvenil Almanaque, 9 números de 1950 a 1958; e Vida Juvenil Azul, 16 números de 1950 a 1951; No jornal Diário da Noite, aparece Dick Peter, personagem criado em 1937, em forma de seriado de rádio, por Ronnie Wells (pseudônimo usado por Jeronimo Monteiro, um dos primeiros escritores brasileiros de ficção científica, que ainda escreveu os livros do personagem) e desenhado por Abílio Corrêa (mais tarde, por artistas como Jayme Cortez, nos gibis da editora La Selva); aparece a revista Sesinho,de caráter educativo, editada no RJ pelo SESI (Serviço Social da Indústria) e dirigida por F. Guimarães. Entre os colaboradores desta revista, estão Ziraldo Alves Pinto, Joselito Matos e Fortuna (Reginaldo José Azevedo Fortuna, criador de personagens como Madame e seu bicho muito louco e importante colaborador de O Pasquim). A publicação foi encerrada em 1960; André Le Blanc, desenhista nascido no Haiti e que já trabalhara como assistente nos estúdios de Will Eisner nos EUA, publica no Brasil a tira Morena Flor, a primeira tentativa brasileira de syndication (distribuição) nos moldes norte-americanos (a tira foi distribuída para a Argentina, Chile e EUA). Le Blanc também ficaria conhecido como um dos maiores ilustradores da obra de Monteiro Lobato.
·   1948 – Na revista O Cruzeiro, Ignorabus, o Contador de Histórias, de Millôr Fernandes (Milton Fernandes) e Carlos Estevão; A EBAL lança a Edição Maravilhosa, que publica adaptações em HQ de romances célebres da literatura (com textos condensados, reduzidos apenas ao essencial das tramas, com intenção de não substituir os livros). Produção que marca época em nosso país, inicialmente publica romances estrangeiros; a partir de 1950, adapta romances brasileiros – o primeiro foi, justamente, O Guarani, por André Le Blanc. Além dele, outros artistas que ficaram célebres na Edição Maravilhosa foram Gutemberg Monteiro (um dos primeiros artistas brasileiros a desenhar para o exterior), Manoel Victor Filho, Nico Rosso, Eugênio Collonese (esses dois, nascidos na Itália – este último teve uma breve passagem pela Argentina antes de fazer carreira no Brasil), Aylton Thomas, José Geraldo e Ramón Llampayas, entre outros. Outras publicações da EBAL em linha similar são as séries Grandes Figuras, quadrinização de biografias de personagens célebres da história brasileira, e a Série Sagrada, de histórias religiosas. Todas essas coleções refletiam a preocupação de Adolfo Aizen em manter boas relações com os educadores e a Igreja Católica e amenizar as críticas às HQ;
·   1950 – Com a publicação da revista O Pato Donald, Victor Civita inicia a Editora Abril (na verdade, o primeiro gibi da editora foi o do herói italiano Raio Vermelho, mas este foi apagado da memória da editora pelo fracasso de vendas). É o início, também, da publicação das HQ Disney no Brasil – inicialmente, com material predominantemente estrangeiro, a seguir com histórias produzidas no Brasil (ver adiante); a editora La Selva, fundada nesse mesmo ano por Vito Antônio La Selva, lança a revista Terror Negro, uma das primeiras publicações do gênero terror do país. Inicialmente publicando um personagem criado nos EUA por Jerry Robinson, no ano seguinte passa a publicar histórias de terror – detalhe: embora o título fosse Terror Negro, o conteúdo era o de outra revista americana, Beyond. É o início das revistas de HQ de terror no Brasil. Além disso, a La Selva foi uma das editoras que mais publicaram material de artistas brasileiros, tendo na equipe Messias de Mello, José Lanzelotti, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira, Zaé Júnior e Jerônimo Monteiro, entre outros (ver mais gibis dessa editora adiante).

Na área do desenho de humor, além dos citados J. Carlos, Théo, Fritz e Belmonte, faziam certo sucesso com suas charges, publicadas em diversos periódicos do período, os cartunistas Voltolino (o italiano Lemmo Lemmi, lembrado também como primeiro ilustrador dos livros infantis de Monteiro Lobato) Antônio Gabriel Nássara (que também foi importante compositor popular), Pagu (Patrícia Rehder Galvão, a “musa do modernismo”) e Nair de Theffé (esposa do presidente Hermes da Fonseca).

Na próxima postagem: os anos 50 e 60.
Para encerrar, ilustração especial!
Neste ano de 2014, a Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo - AQC-SP, promotora do Prêmio Ângelo Agostini, também completa 30 anos! E um dos eventos para comemorar o evento é uma exposição de trabalhos homenageando Ângelo Agostini e todos os Mestres do Quadrinho Nacional já homenageados.
Bem, eis minha contribuição para essa exposição: o Teixeirão e a Letícia prestando sua homenagem a Ângelo Agostini. Sabiam que a primeira narrativa sequencial brasileira hoje faz 145 anos?
Saibam mais em http://aqcsp.blogspot.com.br/.
Até mais!

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