sábado, 10 de abril de 2010

Livro: O VAMPIRO QUE DESCOBRIU O BRASIL

Olá.
Ultimamente, tenho lido diversos livros sobre vampiros. A série Crepúsculo, já resenhada aqui, por exemplo. Bem, hoje o livro do qual falarei é sobre vampiros, mas este é diferente: é a combinação de vampiros com a História do Brasil.
Não é segredo: o meu escritor infanto-juvenil favorito é Ivan Jaf, brasileiro, roteirista de histórias em quadrinhos e escritor. Sua obra infanto-juvenil comporta os mais variados temas: recriações de obras literárias, histórias de amor adolescentes (na qual ele exprime suas opiniões sobre a sexualidade), ficção científica, livros infantis, romances históricos... bem, é nessa última categoria que se encaixa o livro do qual vou falar agora.
Já li, até agora, quatro livros deste autor: Primeira Vez, meu livro favorito, da categoria Histórias de amor adolescentes; Três Contra o T, ficção científica; e os históricos A Insônia do Vampiro e este, O VAMPIRO QUE DESCOBRIU O BRASIL.
Trata-se da primeira história de vampiros que Jaf escreveu, originalmente publicada em 1999. Reeditada recentemente, faz parte da série da Ática Memórias de Sangue, onde vampiros presenciam a história do Brasil e de Portugal.
Mas esta edição, cuja capa vocês estão vendo, faz parte da coleção Literatura em Minha Casa, editada em 2003, para distribuição em escolas da rede pública - ilustrações de Líbero. E, convenhamos, já que o livro trata da História do Brasil, vem a calhar.

Para escrever este livro, Jaf precisou ler livros de História como se fossem romances. E, segundo ele, ainda, precisou "pedir ajuda a um imortal". O que faz sentido. A combinação de História, humor e leves toques de terror foi certeira: o texto é bem agradável, e traz uma versão da História do Brasil bem diferente da mostrada nos livros "oficiais".
A história é a seguinte: Antônio Brás era um taberneiro que vivia em Portugal, no ano de 1500, tranquilamente, comendo suas lascas de bacalhau frito com vinho rascante. Até que, um dia, ao fechar sua taverna, ele foi atacado por um estranho que estava entre os fregueses, e foi mordido. Aos poucos, ele vai despertando estranhos poderes, como a velocidade e a sede de sangue.
Só após uma conversa com um estranho homem chamado Domingos, é que Antônio compreende o que aconteceu: se tornou um vampiro. Algo que ele não aceita, afinal implica ficar sem comer o seu bacalhau. Domingos, a contragosto, aponta uma solução para Antônio deixar de ser vampiro: cravar uma estaca de carvalho no vampiro que o mordeu - conhecido como O Velho - e aspirar as cinzas em que este irá se transformar.
O Velho, nesse momento, ia embarcar - segundo informação de Domingos - em uma esquadra de caravelas, que ia zarpar em direção às Índias. Essa esquadra estava sendo comandada por um certo Pedro Álvares Cabral. Antônio, armado de uma estaca, embarca também, escondido.
E foi assim que Antônio vai parar numa certa terra, que viria, anos depois, a ser conhecida como Brasil. O Velho fica na nova terra, e Antônio também.
Antônio, nesse ínterim, acompanha o desenvolvimento do novo país pelos próximos 500 anos, sempre perseguindo o Velho. O que não é fácil: o tal Velho pode ocupar corpos humanos, assim é difícil saber onde ele se esconde naquele momento. Mas, vaidoso, o vampiro sempre está nos acontecimentos mais importantes da História.
Mais ainda: Antônio se torna o primeiro vampiro tropical, ou seja, é capaz de resistir aos efeitos da luz do sol - tido como fatal aos vampiros - assim como os vampiros portugueses não temem as cruzes - já que os portugueses, povo católico muito fervoroso, tinham a mania de estampar cruzes em tudo, das moedas às velas dos navios.
Antônio vai, enquanto persegue o Velho, vendo o Brasil se desenvolver, do descobrimento ao governo de Fernando Henrique Cardoso: vê o nascimento de Salvador, a primeira capital do Brasil; vê o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar como nossa segunda grande atividade econômica (após a extração do pau-brasil, a árvore que deu nome ao nosso país); vê o domínio holandês no Nordeste do Brasil; vê a Inconfidência Mineira... nessa primeira parte, ele viaja pelo país atuando como mascate, ganhando dinheiro como jogador - e usando seus poderes de vampiro, que ele vai descobrindo aos poucos, para vencer quase sempre.
Ah, sim, eu ia esquecendo: como se recusa a ser vampiro, Antônio recusa-se a sugar sangue humano. Ele é obrigado a se alimentar de sangue de animais. E um desses é uma mula, a qual transforma em vampira sem querer.
Prosseguindo: mais tarde, ele vai parar no Rio de Janeiro, onde presencia a chegada da Corte Portuguesa (e reencontra Domingos); presencia a Independência do Brasil; presencia as mudanças pelas quais o Brasil passa durante o período imperial, até a Proclamação da República; presencia, enfim todas as mudanças pelas quais o Brasil passou, sempre perseguindo o Velho. E é através do jogo que Antônio faz sua fortuna, com a qual elabora um ousado plano para pegar o Velho...
Enquanto vai sendo narrada a saga de Antônio para recuperar sua mortalidade, é apresentado um quadro bastante crítico e irônico da História do Brasil - uma história muito diferente da ensinada nas escolas. Para rir e refletir. Mais: durante o texto, o leitor fica sabendo mais sobre os vampiros, suas lendas e especulações.
O VAMPIRO QUE DESCOBRIU O BRASIL, assim, é uma leitura que vale a pena. Tanto para quem quiser conhecer a História do Brasil de um modo bem diferente, como para quem quiser apenas uma aventura de vampiros diferente - em outras palavras, para quem cansou da cascata romântica de Crepúsculo. Os vampiros daqui são os tradicionais, consagrados pela lenda - como eles são e deveriam continuar sendo há séculos.

DESENHO DE HOJE
O desenho de hoje é baseado numa piada que contei em sala de aula. às vezes, uma piada ajuda na aula, principalmente se envolve a matéria a ser estudada - no caso, a situação da União Soviética sob o comunismo. Se vocês tiverem o mínimo de conhecimento da história da Rússia, vocês com certeza entenderão.Até mais!

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