quinta-feira, 24 de setembro de 2009

As Histórias em Quadrinhos no Brasil - 5a. Parte

Olá.
Dando continuidade à minha pesquisa sobre a história das HQ no Brasil, os anos 90, época de dificuldades em seu início e de retomada no seu fim.



DÉCADA DE 90
Essa década começa mal para as HQ brasileiras: os malfadados planos econômicos, sobretudo o Plano Collor (que faz as vendas caírem, em 1992, para a metade dos 72 milhões de exemplares vendidos no ano anterior), minam a indústria cultural brasileira, inclusive a de HQ, que paralisa. Para completar, o governo Collor extingue a Funarte (Fundação Nacional de Artes), que distribuía muitos autores nacionais. Muitos títulos, ao longo da década, são cancelados, e até a segunda metade dos anos 90, pouca coisa de relevante se produziu. Por volta de 1997, a indústria das HQ brasileiras ensaia uma retomada com as iniciativas de muitas editoras – muitos artistas da década são influenciados pelo estilo mangá, que aporta no país através da televisão e dos mangás japoneses, que nesse período são publicados no modo japonês de leitura, invertido. Outra influência para as HQ nacionais está nos jogos de RPG (Role-Playing Game), que se popularizam no país; tudo isso é o germe dos chamados “mangás brasileiros”. Além disso, nessa época, os desenhistas brasileiros começam a desenhar no exterior, especialmente super-heróis para as maiores editoras de HQ dos EUA (Marvel e DC), chamando a atenção dos outros países. Principais fatos do período:
· 1991 – Andréa, a Repórter, de Aluir Amâncio, pela editora Abril, gibi voltado ao público juvenil (a série dura três números); ocorre a I Bienal Internacional de HQ, no Rio de Janeiro. Nesse evento, é premiado Transubstanciação, de Lourenço Mutarelli, lançado neste mesmo ano, a primeira graphic novel de um dos mais premiados quadrinhistas do Brasil (Transubstanciação fatura ainda o Ângelo Agostini e o HQ MIX). Ao longo da década, Mutarelli fatura outros prêmios nacionais com álbuns como: Desgraçados (1993), Eu te amo, Lucimar (1994), A Confluência da Forquilha (1997), Sequelas (1998), e a trilogia O Enigma do Enigmo, com o detetive Diomedes, seu primeiro personagem fixo: O Dobro de Cinco (1999), O Rei do Ponto (2000) e A Soma de Tudo (dividida em duas partes: a 1 sai em 2001, e a 2, em 2002). Mutarelli ainda produz romances, como O Cheiro do Ralo e Jesus Kid, e tem passagens, diretas e indiretas, pelo cinema: seus desenhos foram inseridos no filme Nina (2004), de Heitor Dhália (passagem indireta); em 2007, o mesmo Dhália adapta O Cheiro do Ralo para o cinema (passagem direta), filme que se torna cult apesar do baixo orçamento; é publicado o livro Mangá – O Poder dos Quadrinhos Japoneses, de Sônia Bibe Luyten, pela editora Estação Liberdade, versão de sua tese de doutorado (Luyten foi a primeira estudiosa do mundo a tematizar os mangás numa tese de doutorado) que chama a atenção dos brasileiros para os mangás japoneses.· 1992 – Rocky e Hudson, do gaúcho Adão Iturrusgarai (esses personagens ganham, em 1994, um curta-metragem de animação dirigido por Otto Guerra); primeira aparição do personagem Zé Gatão, de Eduardo Schlosser (o autor publica, de forma independente, um álbum do personagem em 1997; mais tarde, em 2001, Zé Gatão ganha um novo álbum pela editora Via Lettera).· 1993 – Pela editora Vidente, sai a série Cyber – Máquinas + Heróis, de João Pacheco, que cria o conceito dos meta-humanos brasileiros. A revista dura três números; o gaúcho Allan Sieber, pela editora ADM (Agentes do Mal), lança a revista Glória, Glória, Aleluia, vencedora de três HQ MIX (os números seguintes foram publicados pela Edições Tonto); por volta desse ano, os artistas Henrique Kipper, Marcelo Campos e Watson Portela, agenciados por uma empresa brasileira, desenham no exterior para as editoras dos EUA. São eles que abrem caminho para outros brasileiros desenharem no exterior – a partir de 1995, a segunda leva provoca um verdadeiro boom brasileiro: Mike Deodato (Deodato Borges Filho), Roger Cruz, Joe Benett (Bené Nascimento), Aluir Amâncio e Emir Ribeiro são alguns deles. E a lista continua a crescer até hoje: Octávio Cariello, Ed Benes (José Edilbenes Bezerra), Ivan Reis, Luke Ross (Luciano Queirós), Daniel HDR, Fábio Moon e Gabriel Bá, Rafael Grampá... alguns dos nomes citados tiveram de ser “americanizados” para facilitar a entrada no mercado americano. O ponto alto da experiência se dá a partir do século XXI, quando alguns desses brasileiros – entre eles Benett, Benes e Reis – conseguem contratos de exclusividade com as editoras americanas (no caso dos três citados, pela DC Comics); uma das primeiras experiências editoriais brasileiras no exterior foi A Rainha dos Condenados, adaptação do romance de Anne Rice escrita por Faye Perozich e ilustrada pelo recifense Octávio Cariello, pela editora americana Innovation, célebre pelo desenhista haver se inspirado nas feições de políticos brasileiros como Fernando Collor e Delfim Netto para compor os personagens;· 1994 – Laerte Coutinho lança a revista Piratas do Tietê, pela editora Circo Sampa, estrelada por seus personagens mais célebres, que, além da série de tiras publicadas desde 1991, ganharam uma adaptação para o teatro em 2003 - Piratas do Tietê, o Filme - pelo Teatro Popular do SESI (pela mesma editora, ele lança a revista Striptiras, estreladas pelos personagens mais conhecidos de sua tira: Gato e Gata, Condôminos, Hugo, Deus e muitos outros); Gatão de Meia-Idade, de Miguel Paiva (em 2005, essa HQ ganha adaptação cinematográfica, por Antônio Carlos da Fontoura); pela editora Escala, aparece Força Ômega, de João Pacheco e Arthur Garcia, que dura três números (nessa revista, também nasce Pulsar, de Garcia, que mais tarde teria histórias publicadas na revista Master Comics [ver adiante]); Esquadrilha da Fumaça, quadrinização das aventuras do Esquadrão de Demonstração Aérea da Aeronáutica, por Pacheco e Garcia, publicado pela editora Infoprint-Price, com duração de 4 números; Senninha, personagem baseado no piloto Ayrton Senna criado por Rogério Martins e Ridaut Dias Jr., ganha gibi próprio, pela editora Abril, com relativo sucesso (no embalo da comoção gerada pela morte do piloto), uma vez que a revista era financiada pelo Instituto Ayrton Senna. A série foi reeditada em 2008, pela editora HQM; Aline, de Adão Iturrusgarai, personagem mais célebre do autor (que ganha uma adaptação para a TV em 2009); pela editora Trama (mais tarde, Talismã), aparece a revista Dragão Brasil, editada por Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J. M. Trevisan, uma das mais famosas revistas de RPG do país, e da qual deriva o título Tormenta (nome da aventura oficial da revista, ambientada no mítico mundo de Arton, tema de muitas HQ e romances) e a HQ Holy Avenger. Cassaro, Saladino e Trevisan são os criadores do sistema de RPG Defensores de Tóquio, inicialmente satirizando as séries japonesas, que logo depois evoluiria para Advanced Defensores de Tóquio (AD&T), Defensores de Tóquio 3ª. Edição (3D&T), e a quarta edição, 4D&T.· 1995 – Pela editora Escala, aparece a revista Master Comics, que publicava, junto com matérias sobre entretenimento, televisão e quadrinhos, HQs de heróis de artistas brasileiros: Aton – O Cavaleiro da Estrela, de Rodrigo de Góes e Martinez; Blue Fighter, de Alexandre Nagado, e Pulsar, de Arthur Garcia. A revista dura três números; aparece Katita, uma das mais importantes personagens homossexuais das HQ brasileiras, criação de Anita Costa Prado e cujo principal desenhista é Ronaldo Mendes (em 2006, a personagem ganha um álbum – Katita: Tiras Sem Preconceito – pela editora Marca de Fantasia); aparece a versão brasileira da revista Heavy Metal, um dos mais mundialmente conhecidos títulos de fantasia, pela editora de mesmo nome (que posteriormente, mudaria seu nome para Metal Pesado, e a seguir, para Tudo em Quadrinhos (TEQ). A editora é incorporada à Fractal, e por último pela Atitude, que cancela a linha de HQ da editora; tudo isso antes de 1999, tornando a Metal Pesado/TEQ uma das editoras mais polêmicas da década, pois ela publicava no Brasil muitos títulos do selo Vertigo da DC Comics, como Preacher e Hellblazer, cancelados antes de seu término, escandalizando muitos fãs).· 1996 – Aparecem, na revista de música Rock Brigade, os personagens Roko-Loko e Adrina-Lina, de Márcio Baraldi (definidos como “os personagens mais rock’n roll dos quadrinhos); Allan Sieber publica a tira Bifaland pelo jornal Folha de São Paulo; Pela editora Magnum, aparecem duas revistas em estilo mangá: Hypercomix (que dura 11 números), de sátira a séries de TV, e Megaman (16 números), baseada no célebre personagem dos videogames, com histórias desenhadas pelos leitores (esta revista revelou os artistas Eduardo Francisco e Érica Awano);· 1997 – Dentro das Striptiras de Laerte, aparece o anti-herói Overman; Os Pescoçudos, de Caco Galhardo (Antônio Carlos Galhardo), tira onde surgem alguns dos personagens mais célebres do artista paulista, como Pequeno Pônei, Miriam Poodle e Chico Bacon; Luís Gê lança a série interativa Netxcalibur, uma das primeiras manifestações das HQ brasileiras na internet; na revista Metal Pesado, um grupo de artistas paranaenses (Alessandro Dutra, Gian Danton, José Aguiar, Antônio Éder, Luciano Lagares, Tako X, Edson Kohatsu, Augusto Freitas e Nilson Miller), numa homenagem à Gibiteca de Curitiba, lançam O Gralha, a versão atualizada de um antigo e obscuro super-herói, o Capitão Gralha, criado pelo obscuro artista paranaense Francisco Iwerten no início dos anos 40. No ano seguinte, o herói ganha uma página semanal no jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, e estrela dois curtas-metragens de cinema, ambos dirigidos por Tako X: O Gralha – O Ovo ou a Galinha? (2002), e O Gralha e o Oil-Man – Um Encontro Explosivo (2004); aparece, pela editora Escala, a revista Bichos do Mato, de quadrinhos ecológicos, com arte de Dadí (Inês Castro); por volta desse ano, a editora Trama investe nos mangás desenhados por artistas brasileiros. Alguns dos títulos que apareceram, todos no formato minissérie: Godless, de William Shibuya e Márcio Alex Sunder (4 números), Blue Fighter, de Alexandre Nagado e Arthur Garcia (remake da série publicada na revista Master Comics, 3 números), U.F.O. Team, de Marcelo Cassaro e Joe Prado (4 números) e Capitão Ninja, de Cassaro e Marcelo Caribé (3 números); aparece o fanzine 10 Pãezinhos, editado pelos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá (algumas histórias desse fanzine são republicadas pela editora Via Lettera em uma série de álbuns); é criada, em Porto Alegre, a Edições Tonto, editora que publica material de artistas alternativos. Uma das atrações da editora é a coleção Mini Tonto, de livrinhos de HQ, vencedora do prêmio HQ MIX de melhor projeto gráfico desse ano, que teve 16 títulos lançados, a saber: Mulher Preta Mágica, de L. F. Schiavon; Roma, de Eduardo Oliveira; Chumalocatera, de Eloar Guazzelli; Urrú, de MZK; O Apocalipse Segundo Dr. Zeug, de Fábio Zimbres; As Piadas Vagabundas do Steven, de Allan Sieber; As Primeiras Tragadas do Dia, de Sylvio Ayala; Réquiem, de Lourenço Mutarelli; As Últimas Palavras, de Sieber; Pinóquio Vai à Guerra, de Elenio Pico; Dimensão Z, de Fido Nesti; Mellitus, de Jaca; JC – Duas Histórias Hereges, de Angel Mosquito; Comércio, de Guilherme Caldas; Nunca Pasa Nada, de Gabriel Frugone; e Hermes e as Charlenes, de Mariana Massarani; Marcelo Campos, Roger Cruz, Octavio Cariello, Rogério Vilella e JP Martins fundam a Fábrica de Quadrinhos, estúdio e escola de artes (que daria origem à Quanta Academia de Artes, uma das maiores escolas de arte do Brasil – mesmo depois de vários de seus sócios terem abandonado a sociedade original); aparece o fanzine Tsunami, em estilo mangá, editado por Denise Akemi. Mais tarde, o fanzine gera uma revista: em 2000, pela editora Brainstore, (2 números), e em 2002, pela editora Talismã (5 números). Dentre os colaboradores dessa revista, estão: Gilson Kitsune, Roberta Pares, Érica Horita e outros; A ABRADEMI promove, na Associação Shizuoka, no bairro da Liberdade, em São Paulo, o evento Mangacon II (o primeiro, promovido no ano anterior, era restrito aos membros da associação), que seria o germe dos eventos de anime e mangá – as reuniões de fãs e artistas da cultura pop japonesa – no Brasil. A ele seguem-se eventos como o Animencontro, em Curitiba, no mesmo ano, o AnimeCon, em São Paulo (1998, e considerado o maior da América Latina), o Anime Friends, também em São Paulo (2003) e muitos outros pelo Brasil, que trazem para o país grandes personalidades do cenário pop japonês, como o cantor Hironobu Kageyama, e promovem, entre outras atividades, os concursos de cosplay (pessoas fantasiadas como personagens de HQ e desenhos animados – esse tipo de concurso ganhou muita importância a partir do início do século XXI, e teve como ponto culminante o ano de 2006, quando os irmãos Mônica e Maurício Somenzari Leite Olivas ganharam o mais importante torneio mundial de cosplay, o WCS [World Cosplay Summit]).· 1998 – Pela editora Nova Cultural, aparece o gibi de Aninha, personagem baseada na apresentadora de TV Ana Maria Braga, produzido pelo Estúdio Ponkan, que durou 25 números (e gerou um spin-off, o gibi do personagem Louro José); primeira aparição da heroína Mulher Estupenda, criação de JJ Marreiro, nos círculos alternativos (essa HQ objetiva resgatar a ingenuidade das histórias de super-heróis da Era de Ouro); Franco de Rosa e Carlos Mann fundam a editora Opera Graphica, vinculada à loja Comix Book Shop, de São Paulo (a maior loja de HQ do país). A Opera Graphica foi uma das mais importantes editoras de HQ do início do século XXI, pois além de muito material estrangeiro, como os álbuns de Príncipe Valente, Fantasma, 100 Balas e Sandman, e quadrinhos clássicos sob selos como a Opera King, também lançou álbuns de autores nacionais, como as coletâneas Volúpia, Sombras e Musashi, de Júlio Shimamoto, Paralelas II e A Última Missão, de Watson Portela (este último homenageando os super-heróis de Eugênio Collonese), O Espírito da Guerra e Mirza, de Eugênio Collonese, Velta, de Emir Ribeiro, Lobisomem, de Gedeone Malagola, Nosferatus, de Arthur Garcia, e muitos outros – o porém era o fato da distribuição dessas publicações ter sido limitada às lojas da rede Comix (as tiragens foram limitadas a 1000 exemplares autografados pelos autores), e poucas delas terem chegado às bancas. Além disso, a editora publicou livros teóricos sobre HQ, como Anos 50 – 50 Anos, de Álvaro de Moya (sobre a Exposição Internacional de HQ de 1951), Quando os Macacos Dominavam a Terra (sobre a franquia Planeta dos Macacos) e Sexo, Glamour e Balas (sobre o agente secreto James Bond), ambas de Eduardo Torelli. A Opera Graphica fecha em 2008; Sottovoce – A Morte Fala Baixo, de Edgar Vasques; Xaxado, do baiano Antônio Cedraz (criador também dos personagens Joinha, Zé Bola e Pipoca); Os Pleistocênicos, de Dadi; pela editora Escala, aparece a revista HQ – Revista do Quadrinho Brasileiro, coletânea de histórias adultas de autores nacionais, que durou 9 números; na internet, aparecem pela primeira vez os Combo Rangers, criados por Fábio Yabu (em 2000, os personagens ganham os gibis, pela editora JBC, com duração de 12 números, e em 2002, uma segunda série, Combo Rangers Revolution, sai pela Panini, com duração de 10 números); na revista Dragão Brasil, são publicadas as primeiras histórias da série Holy Avenger, nascida como uma campanha de RPG – no ano seguinte, chega às bancas o gibi homônimo, pela editora Trama/Talismã, escrito por Marcelo Cassaro e desenhado por Érica Awano. Holy Avenger é a mais bem-sucedida HQ brasileira no estilo mangá e o único gibi não-infantil brasileiro a alcançar mais de 40 números (no total, 47: 42 da série regular e 5 especiais, com a origem dos personagens principais, e sem contar o artbook [livro de ilustrações] A arte de Holy Avenger e um audiodrama [CD com uma história das HQ interpretada por dubladores] dirigido pelo ator-dublador de séries de TV Guilherme Briggs). Recentemente, a série é republicada em dois formatos: a VR (Versão Remasterizada), pela Talismã, interrompida no número 7, e a Reloaded, pela editora Mythos, interrompida no número 10. Tratam-se da série original, com retoques na arte (como aplicação de novas retículas). Além de Cassaro e Awano, também já trabalharam na série Petra Leão, Fran Elles Briggs (ambas roteiristas dos especiais da série; esta última é esposa de Guilherme Briggs) Lydia Megumi, Eduardo Francisco e Denise Akemi (desenhistas dos especiais) e Ricardo Riamonde (colorista da série regular); No mesmo ano, e na mesma editora Trama, também são lançadas: Lua dos Dragões, de Cassaro e André Vazzios; e duas quadrinizações de personagens dos videogames produzidas por brasileiros: Street Fighter Zero 3, de Cassaro e Awano, e Mortal Kombat 4, de Cassaro e Eduardo Francisco.· 1999 – Vida Boa, série de tiras de Fábio Zimbres, no jornal Folha de São Paulo; Adeus, Chamigo Brasileiro, de André Toral, graphic novel nascida da tese de doutorado do autor sobre a Guerra do Paraguai; aparece a revista de humor Bundas (numa sátira à revista de amenidades Caras“Quem mostrou a bunda em Caras não mostra a cara em Bundas), editada por Ziraldo e recheada de crítica social, o primeiro ensaio para o lançamento d’O Pasquim21; Jayne Mastodonte, do baiano Flávio Luiz Nogueira, vencedor do HQ MIX desse ano de melhor publicação independente (o segundo número só sai em 2006).· 2000 – Na revista erótica Total, da editora Rickdan, aparece Tianinha, de Laudo Ferreira Júnior, uma das mais conhecidas personagens das HQ eróticas do Brasil; A Fealdade de Fabiano Gorila, graphic novel de Marcelo Gaú, pela editora Conrad; Vida de Estagiário, de Allan Sieber, no jornal Folha de S. Paulo; por volta desse ano, aparece o gibi da personagem Luana, criada por Aroldo Macedo, a primeira heroína afro-descendente das HQ; pela editora Escala, aparece a revista Mangá – Desenhe e Publique, que objetivava promover novos artistas do mangá brasileiro, através do sistema de concurso de talentos, similar ao japonês (no total, foram promovidos dois concursos, e a revista durou 11 números e dois especiais); pela editora Kingdom Comix, aparecem as coletâneas Mangá Brasil (2 números) e Aniparô (3 números), ambas produzidas pela Deadline Studio, de Daniel HDR; aparece, no fanzine Kanetsu, a série Ethora, de Beth Kodama e Érica Horita. Essa série, mais tarde, teria histórias ambientadas nesse universo publicadas na revista Tsunami, da editora Talismã, um especial, em 2004, pela mesma editora, e uma minissérie em 5 partes, Ethora – A Donzela de Ferro, pela editora Kanetsu Press; é publicada, pela editora Trama, a primeira série de Victory, de Marcelo Cassaro e Eduardo Francisco. A série ganha uma continuação (Victory II), com roteiro de Petra Leão, e um remake da primeira série, pelos mesmos Cassaro e Francisco, que foi publicada nos EUA pela editora Image, tendo sido uma das únicas HQ brasileiras a alcançar tal feito; Samir Naliato cria o website Universo HQ, o primeiro e mais conhecido site brasileiro dedicado a HQ. Atualmente editado por Sidney Gusman, o Universo HQ ganhou oito vezes consecutivas o prêmio HQ MIX; na onda dos animes e mangás, a editora Conrad lança a versão brasileira dos mangás japoneses Dragon Ball, de Akira Toriyama, e Cavaleiros do Zodíaco, de Masami Kurumada, os primeiros publicados no Brasil no modo de leitura japonês (invertido), formato que torna-se referência para a publicação dos mangás japoneses em nosso país. Atualmente, as editoras que mais investem nos mangás japoneses são a Panini e a Japan-Brazil Connection (JBC).

Em breve, a última parte: os anos 2000.
A personagem que ilustra o post de hoje é a Niele, de Holy Avenger. Minha HQ brasileira favorita!
Até mais!

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