quarta-feira, 15 de outubro de 2008

História das Histórias em Quadrinhos - 4a. Parte

Olá.
Na continuação da História das HQ, os anos 40, uma das primeiras "provas de fogo" das HQ. Vejam porquê.
Ah: também citarei fatos posteriores, ligados ao fato da época em questão. Assim, a lista, daqui para a frente, fica menos extensa. Compreendem a idéia? E, a partir de agora, fatos do extremo-oriente serão citados.



DÉCADA DE 40 (1940 – 1948)Com a II Guerra Mundial, a produção de HQ, tanto na Europa quanto nos EUA, entra em crise. Entre os motivos, estão a proibição dos comics americanos em diversos países da Europa (com o intuito de incentivar a produção nacional, apesar de os países europeus estarem enfrentando racionamento de papel e tinta e das críticas de entidades políticas e religiosas) e o fato de muitos desenhistas terem se alistado para lutar na Europa. Muitos personagens, como os super-heróis, colaboram na propaganda de guerra, tanto para incentivar os soldados no front quanto na arrecadação de fundos. No final da Guerra, há uma crise no mercado, por causa das baixas vendas. As editoras norte-americanas passam a investir em HQ de terror e crime, cuja popularidade acaba desencadeando uma histeria anti-quadrinhos nos anos 50. O renascimento da indústria, na Europa, ocorre a partir de 1946. Representantes do período:
· 1941 – Nos EUA, dentre inúmeros super-heróis, estréiam: Capitão América, de Jack Kirby e Joe Simon, na revista homônima, da editora Timely; Aquaman e Arqueiro Verde, ambos com texto de Mort Weisinger e arte, respectivamente, de Paul Norris e George Papp, ambos na revista More Fun Comics 73, da National; Mulher Maravilha, de William Moulton Marston, na revista All Star Comics no. 8, da All-American; Plastic Man (Homem-Borracha), de Jack Cole, na revista Police Comics, da editora Quality; e a Sociedade de Justiça da América, na revista All-Star Comics no. 3, é a primeira equipe de super-heróis, precursora de equipes como a Liga da Justiça (DC Comics, que aparece em 1960) e os Vingadores (Marvel, que aparece em 1963); Archie, de John L. Goldwater, na revista PEP Comics no. 22 (a primeira história do personagem foi escrita por Vic Bloom e desenhada por Bob Montana, embora o personagem tenha sido concebido por Goldwater. O sucesso do personagem fez com que a editora MLJ mudasse seu nome, em 1946, para Archie Comics, que permanece até hoje. Dentro das histórias de Archie, surgem outros personagens célebres, que também ganhariam seus próprios títulos, como Sabrina, a Bruxa Adolescente e Josie e as Gatinhas); É fundada oficialmente a editora Harvey Comics, pelos irmãos Alfred, Robert e Leon Harvey. Nessa editora, publicaram-se personagens que ficaram célebres também nos desenhos animados, como Casper (Gasparzinho, o Fantasminha Camarada), Richie Rich (Riquinho), Hot Stuff (Brasinha) e muitos outros;· 1942 – Nos EUA, Private Breger, de D. Breger, série que gera o termo G. I. Joe (Pracinha) para designar os soldados americanos; Male Call, de Milton Caniff, cuja personagem principal, a sensual Miss Lace, era popular entre os soldados; a partir desse ano, Carl Barks assume as HQ do Pato Donald. Ele revoluciona as histórias do personagem, incluindo aí tramas de aventura, e seu universo, criando os personagens Tio Patinhas, Gastão, Maga Patalógika, Prof. Pardal e Metralhas, dá destaque a outros já anteriormente criados, como Margarida e Sobrinhos, bem como cria e desenvolve a cidade onde Donald vive, Patópolis; Maxwell C. Gaines cria a editora Educational Comics (ou E. C. Comics), que posteriormente, sob o comando de seu filho William M. Gaines, muda seu nome para Entertaining Comics. Essa editora, em títulos como The Vault of Horror, The Crypt of Horror e Crime SuspenStories, publica séries de terror e policiais (ela seria o responsável pela popularização desses gêneros, criando o famoso "estilo EC") até a década de 50, quando se desencadeia a “cruzada antiquadrinhos”. A EC revela artistas como Harvey Kurtzmann, Frank Frazetta, Jack Davis, Bill Elder, Wally Wood e Al Feldstein. Também essa editora seria responsável por publicar a revista Mad;· 1945 – Nos EUA, Drago, obra autoral de Burne Hogarth, de pouco sucesso, fazendo seu criador retornar às HQ de Tarzan, mas agora também na condição de roteirista; A editora National Allied compra os heróis da All-American Publications (Flash, Lanterna Verde, Mulher-Maravilha, etc.). É a primeira das compras de editoras que publicam super-heróis que a futura DC Comics fará ao longo da vida: em 1956, a Quality (Homem-Borracha) é comprada; em 1973, a Fawcett (Capitão Marvel); em 1984, a Charlton (Besouro Azul, Capitão Átomo); e, em 1998, a Wildstorm (Wildcats, The Authority e Planetary);· 1946 – Na Bélgica, Lucky Luke, de Morris (Maurice de Bèvere) [a partir de 1955, com roteiros de René Goscinny], na revista Spirou, marca o renascimento; Surge a revista Tintin, um dos principais veículos dos artistas da Escola de Bruxelas; Nos EUA, Rip Kirby (Nick Holmes), de Alex Raymond; é também lançado, pela National Cartoonists Society (NCS), o Reuben, a primeira premiação específica para as HQ, cujo primeiro premiado é Milton Caniff; No Japão, Sazae-san, de Machiko Asegawa, a mais famosa family strip daquele país;· 1947 – Nos EUA, Steve Canyon, de Milton Caniff; no Japão, com Shin Takarajima, seu primeiro grande sucesso, Osamu Tezuka inicia sua carreira. Ele é considerado o “pai” das modernas HQ japonesas (mangá), pois foi ele quem cunhou os personagens “de olhos grandes”, característicos dessas HQ. Tezuka também fundou o estúdio de animação Mushi, tornando-se assim um dos pioneiros da indústria japonesa dos desenhos animados (por lá conhecidos como animes). A obra de Tezuka é tão relevante, tanto nas HQ quanto na animação japonesa, que ele seria elevado à categoria de Deus do Mangá (Mangá no Kami-Sama). Outras obras relevantes de Tezuka são: Metoroporisu (Metrópolis, 1949), Jungle Tatei Leo (Kimba, o Leão Branco, 1950), Tetsuwamu Atomu (Astro Boy, 1952, que geraria o primeiro anime produzido no Japão), Ribon no Kishi (A Princesa e o Cavaleiro, 1953), Hinotori (Fênix, 1954), Black Jack (1973), Adolf no Tsugu (Adolf, 1983), entre outras;· 1948 – Nos EUA, Pogo, de Walt Kelly, estréia nas tiras de jornais (a primeira aparição do personagem, na verdade, data de 1943, na revista Animal Comics, da editora Dell Comics). É a primeira reação americana à crise, com animais questionando os seres humanos; Pela editora Timely aparecem os faroestes Two-Gun Kid e Kid Colt, esta a mais longeva do gênero nos EUA (Kid Colt foi publicado até 1979); Na Itália, Tex, de Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Galleppini (é o início da Casa Bonelli [anteriormente, Edizioni Audace, atualmente Sergio Bonelli Editore], a maior editora das HQ italianas [fumetti], que posteriormente, sob o comando de Sergio Bonelli, filho de Giovanni, lança títulos célebres: Zagor [1961, de Guido Nollita – pseudônimo de Sérgio Bonelli – e Gallieno Ferri], Mister No [1975, de Nollita e Ferri], Ken Parker [1977, de Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo, considerada a melhor HQ de faroeste da editora], Martin Mystère [1982, de Alfredo Castelli], Dylan Dog [1986, de Tiziano Sclavi], entre outros).No final da Segunda Guerra, aparece também, na Itália, o importante Grupo de Veneza, do qual fizeram parte, entre outros: Hugo Pratt, Alberto Ongaro, Fernando Carcupino, Bellavitis, Ivo Pavone. Muitos dos artistas do Grupo, em 1949, migraram para a Argentina – entre eles, Pratt.
Foi nessa época, também, que floresceu, nos Países Baixos (Bélgica e Holanda) a chamada Escola de Bruxelas, cujo precursor foi Hergé, o criador de Tintin. A característica mais marcante dos artistas integrantes dessa escola é a arte, que utiliza muito a técnica da linha-clara (traço limpo, sem hachuras, quase sem sombras e com o mínimo uso possível do preto). Dentre os maiores expoentes dessa escola, além de Hergé, estão Edgar-Pierre Jacobs (Blake e Mortimer), Paul Cuvelier (Corentin) e Jacques Laudy (Hassan e Kadour).

Em breve: os anos 50 e 60, período de crise e de renovação.
Fiquem agora com Letícia.

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